Smart muda de ideia e voltará a ter carros com motores a combustão
Joint venture com a Geely leva Smart de volta aos motores a combustão, seis anos após anunciar eletrificação total

Depois de anos como símbolo da eletrificação urbana, a Smart surpreendeu ao anunciar a reintrodução de motores a combustão em seus veículos. A guinada acontece em parceria com a chinesa Geely, sua atual proprietária, e começa pelo SUV Smart #5, que terá uma versão híbrida com nome oficial já definido: Smart #5 EHD.
O novo conjunto mecânico combinará um motor 1.5 turbo a gasolina, fornecido pela Aurobay (subsidiária da Geely), com motores elétricos. A transmissão será uma 3DHT de três marchas. A marca promete até 1600 km de autonomia, segundo o ciclo chinês CLTC — mais otimista do que os padrões brasileiros. Já a velocidade máxima ficará em 185 km/h.

Venda fraca na China e mudança de rota
A decisão de retomar motores a combustão não veio à toa. Em 2024, a Smart não conseguiu atingir 50.000 unidades vendidas na China, principal mercado da marca. A baixa procura por modelos 100% elétricos levou a joint venture a buscar uma solução intermediária: os híbridos de autonomia estendida.
O Smart #5 EHD será o primeiro dessa nova fase. Apesar do nome, o modelo terá funcionamento semelhante ao de um carro elétrico: o motor a combustão deve funcionar principalmente como gerador para recarregar as baterias, sem tração direta nas rodas. A estratégia lembra o conceito usado no extinto BMW i3 REx e no Nissan e-Power.

Marca abandona plano de eletrificação total
A reintrodução dos motores a combustão contradiz uma das principais bandeiras recentes da Smart. Em 2019, a empresa havia anunciado o fim dos motores a gasolina e a diesel, com a promessa de se tornar uma marca exclusivamente elétrica até 2022. Até conseguiu isso, mas agora está voltando atrás.
A transição foi terminada com o fim da produção do Fortwo e do Forfour movidos a combustão, substituídos por uma nova geração desenvolvida em parceria com a Geely. Os modelos Smart #1, #3 e #5 foram lançados como EVs, com produção concentrada na China.

Com os resultados abaixo da expectativa, e a nova demanda que busca por flexibilidade, a marca revê seu plano original. O retorno dos motores a combustão pode não agradar os defensores da eletrificação, mas irá atender uma realidade mais prática, principalmente porque a infraestrutura de recarga ainda está longe de ser ideal na maior parte do mundo.
Outros modelos também devem ganhar motor a combustão
Com a confirmação do Smart #5 EHD, é bem provável que outros modelos da linha também ganhem versões híbridas. Ainda não há anúncios oficiais sobre o Smart #1 ou #3, mas a criação de uma nova linha com a sigla EHD sugere que a marca está disposta a manter essa alternativa no portfólio.

Essa mudança também abre espaço para a expansão da marca nos mercados em que os carros elétricos ainda enfrentam resistência, seja por preço, autonomia ou falta de carregadores. A estratégia, embora conservadora, pode garantir sobrevida à marca em um cenário de transição mais lenta do que o previsto.