De grade que se conserta ao poder de vidência: 10 peculiaridades do BMW iX
Maior elétrico da BMW mostra que muitas tecnologias avançadas já fazem parte do presente e já está preparado para o futuro
Os BMW Série 7 e X7 já foram referência em luxuoso e tecnologia dentro da fabricante alemã. Mas o BMW iX mostra como até mesmo o que é considerado luxuoso e tecnológico mudou – e muito.
Assine a Quatro Rodas a partir de R$ 9,90
As primeiras unidades do BMW iX começarão a ser entregues aos primeiros compradores brasileiros em abril. São carros do primeiro lote, com 30 unidades, que esgotaram em menos de 12h. Mas já pudemos ter um primeiro contato, ainda que estático, com este que é o maior carro elétrico da BMW no momento. Aqui vão suas principais particularidades.
Maior autonomia do Brasil
A demanda pelo BMW iX é um problema no mundo inteiro. A BMW do Brasil tenta conseguir aumentar sua cota de importação neste ano para até 400 unidades de três versões. Hoje, estão disponíveis duas delas: iX xDrive40 tem 326 cv e 64,2 kgfm e parte dos R$ 654.950 e o iX xDrive50 tem 523cv e 78 kgfm, mas cobra R$ 799.950 para chegar aos 100 km/h em 4,6 s (contra 6,1 s so xDrive40).
Por sinal, o BMW iX 50 detém, pelo menos por enquanto, a maior autonomia de um carro elétrico vendido no Brasil: 630 km.
Mas a BMW já confirmou a chegada do iX M60, com 619 cv e pico de 112 kgfm, capaz de chegar aos 100 km/h em 3 segundos. Não surpreenderá ninguém se seu preço chegar a R$ 1 milhão.
A própria estrutura do BMW iX facilita essa escalabilidade, pois foi concebido em uma arquitetura (física e eletrônica) própria para veículos elétricos e com o que a BMW tem de mais moderno. Isso diz respeito tanto aos motores assíncronos, cada um ocupando um eixo e com o traseiro sempre mais potente que o dianteiro, quanto às baterias modulares.
A bateria do BMW iX fica alojada sob o carro em um compartimento praticamente hermético e estruturado em alumínio. É o número de módulos e o número de células dentro deles o que dita a capacidade da bateria. A bateria da foto é do iX 40, com 10 módulos de 18 células prismáticas, chegando a 76,6 kWh de capacidade. O iX 50 tem cinco módulos de 50 células, chegando a 111,5 kWh.
Estrutura reciclada
Nada da opulência de apliques cromados, rodas com desenhos complexos, longo entre-eixos ou o uso de madeira de lei na cabine. O novo elétrico topo de linha da BMW dá um sentido a tudo que usa em sua carroceria e seu acabamento, e promete evoluir sua eletrônica com o passar do tempo em vez de tender à obsolescência, como os carros com telefone a bordo vendidos décadas atrás.
A propósito, a carroceria usa painéis de plástico (pelo menos 60 kg por carro), além de alumínio (50% reciclado), aço e partes semi estruturais de fibra de carbono. No acabamento, painel, portas e bancos (que mais parecem poltronas) são revestidos de couro natural, mas com tratamento natural, com extrato de oliveira, em vez de usar químicos. A madeira usada no console central, por sua vez, é de reflorestamento.
A tal grade que “se conserta”
A grade enorme tem justificativa: ela esconde (e protege) radares e sensores (ao todo, são cinco sensores de radar e 12 sensores ultrassônicos no carro) usados pelos sistemas autônomos e também antenas, como a de internet (o iX usa 4G hoje, mas já está preparado para o 5G). Além de ter filamentos para eliminar gotículas ou neve, essa grade consegue se regenerar.
O princípio é simples: há uma resina na superfície capaz de se recompor com vento e um calor acima de 30°C. Na demonstração feita pela BMW, arranhões provocados por uma ferramenta desapareceram rapidamente com o vento quente de um soprador térmico. Mas a ideia é se livrar do efeito de pedriscos nas estradas.
Capô pra quê?
O capô do BMW iX só pode ser aberto por técnicos da BMW. Não há um compartimento extra ali, apenas sistemas elétricos do veículo. No máximo, o que dá para fazer é completar a água do lavador do para-brisas: fica por trás do logotipo da BMW, é só apertar para levantar a portinhola.
Teto opaco
Nada de cortina retrátil para impedir a entrada de luz pelo teto panorâmico. Além de tratamento para barrar raios UV, o vidro do teto do iX é do chamado Smart Glass, que torna o teto opaco rapidamente com ao toque de um botão. Isso acontece, pois há uma fina camada de cristal líquido no vidro, que reage quando uma corrente elétrica passa por ele. Essa tecnologia ainda permite, porém, que alguma luz passe pelo vidro.
Sala de estar ou de cinema?
Destacamos em nossas primeiras impressões ao dirigir o iX na Europa o quanto que seus bancos parecem poltronas. Não é só pelo fato de o acabamento de couro o envolver todo, mas por serem altos, largos e sem grandes apoios laterais.
O console com botões táteis encravados na madeira é praticamente uma mesa de centro e o painel, um rack com duas telas curvas montadas quase que sob pedestais e integradas na mesma moldura. A tela de 14,9 polegadas da seção central é pequena demais para uma sala de estar, mas o sistema de som é melhor que o de muitas salas de cinema de última geração.
Assinado pela Bowers & Wilkins, o sistema de som tem três dezenas de alto-falantes escondidos do chão ao teto da cabine, como é praxe em carros de luxo. No BMW iX, porém, os bancos também fazem parte da festa: os assentos dianteiros e os laterais traseiros têm sub-woofers dentro da estrutura do assento e um par de falantes dentro do encosto de cabeça, enquanto os dianteiros têm outro par na altura da lombar.
A intenção é fazer com que todo mundo, literalmente, vibre com a música e tenha uma sensação imersiva. A experiência é, realmente, bem diferente.
Inteligência artificial
Não há tantos botões no BMW iX e isso é proposital. Quase tudo é feito pelas telas, mas a BMW já pensa em um futuro também sem telas. O caminho para isso é a inteligência artificial, que começa a tomar novas formas agora.
O SUV elétrico é capaz de se adaptar ao uso cotidiano do proprietário e aprender, por exemplo, a abrir o vidro automaticamente ao se aproximar de uma cancela de estacionamento ou pedágio, ou de interpretar pelo uso e pelo mapa do navegador GPS onde pode aplicar o sistema de regeneração de energia com mais intensidade.
Mas enquanto os botões sumiram do painel, transformaram as maçanetas em botões. Por fora, ficam alojados na parte superior de nichos nas portas. Por dentro, estão nos próprios puxadores das portas.
Atualizações contínuas
A propósito, o navegador GPS hoje combina os indicadores de rota com a imagem da câmera frontal do iX. Mas a BMW já trabalha para exibir essa mesma realidade aumentada no para-brisas, por meio do head-up display, tal como nos Volkswagen ID. Esse é apenas um exemplo de como essa plataforma pode evoluir com o tempo por meio de atualizações via internet.
A internet também ajuda a interface da BMW a processar os comandos de voz do carro e melhorar a interação com os usuários com o passar do tempo. Também permite coletar dados para futuras atualizações que deixarão o veículo ainda mais autônomo no trânsito.
Hoje, além de piloto automático adaptativo e assistente de permanência em faixa, ele tem sistema de estacionamento totalmente automático. O motorista não precisa comandar acelerador e freio.
Ele sabe onde você está
Apesar de toda a tecnologia, o BMW iX não tem aquela chave chamativa, grande e com tela colorida de outros BMW. Isso porque a tendência é que o proprietário abandone a chave e use apenas seu celular. Isso já é possível em outros BMW por meio do NFC, aproximando o celular da maçaneta. Mas o iX dispensa esse movimento.
Por meio da tecnologia UWB (de Ultra Wide Band), o smartphone ou smartwatch transmite um sinal criptografado e baseado, também, na distância em que o proprietário está do carro. Então o carro começa a acender os faróis e abrir os retrovisores conforme a pessoa vai se aproximando e só destranca o carro quando está realmente perto do carro.
Esse tipo de sinal permite que o carro triangule o sinal e saiba a localização e distância exata que o proprietário está, pelo menos em um raio de 3 m de distância.