Foi em 2015 que o Brasil ganhou o primeiro carregador para carros elétricos em estrada, instalado no Graal do km 67 da Via Anhanguera, em Jundiaí (SP). Fazia parte do consórcio Emotive, um “programa de mobilidade elétrica” da CPFL, que também reunia a rede Graal e a ABB, fabricante de carregadores que doou o equipamento.
Esse carregador rápido criava, também, o chamado Primeiro Corredor Intermunicipal para Veículos Elétricos do Brasil, facilitando o percurso entre a capital de São Paulo e Campinas (SP) quando a autonomia dos carros elétricos no Brasil ainda era pequena.
Mas continuou importante com o aumento da autonomia dos carros elétricos, assim como o carregador do Graal 56 (km 56 da Rodovia dos Bandeirantes, também em Jundiaí) instalado em 2017.
Acontece que os dois carregadores foram retirados pela CPFL sem qualquer aviso há poucos dias. A estação de recarga do Graal 67 estava desligada por falta de manutenção pelo menos desde outubro, mas o carregador do Graal 56 continuava operante, apesar de vandalizado.
QUATRO RODAS procurou as empresas envolvidas no projeto Emotive.
A ABB, fabricante dos carregadores, disse que “ambos carregadores são de propriedade e responsabilidade da CPFL, um dos principais clientes para diversas linhas de produtos da empresa e cuja decisão deve ser respeitada”, e que seguirá suportando outros projetos de eletromobilidade”.
A Rede Graal, que se responsabilizou pelo local e pelo custo da energia, não respondeu nosso contato, mas informou ao site Use Elétrico que “está trocando de fornecedor e terá novas instalações de carregadores em breve”, mas sem especificar uma data.
Já a CPFL, responsável pela instalação dos carregadores e, supostamente, pela manutenção dos mesmos, disse que o programa Emotive era um “projeto de Pesquisa e Desenvolvimento iniciado em 2013 e concluído em 2018″ que tinha por objetivo “estudar os impactos da utilização deste tipo de veículo no sistema elétrico e os hábitos de consumo de seus usuários” e que também disponibilizou 14 carros elétricos e outros 23 carregadores na região de Campinas, entre locais públicos e privados.
“Com o encerramento da pesquisa, a Rede Graal e a CPFL, em uma decisão conjunta, mantiveram os eletropostos, visando o bem-estar e o atendimento aos consumidores. Contudo, a retirada dos equipamentos já era prevista ao término de sua vida útil. Passados 5 anos do encerramento do projeto, os carregadores já não estavam operando em sua total capacidade e qualidade, contribuindo para a decisão de sua remoção, realizada em abril de 2023.
A CPFL agora busca estudar modelos de negócios relacionados à mobilidade elétrica no Brasil, o que inclui estudar tipos de tarifas, formas de cobrança e buscando aprimoramentos regulatórios e legais. O piloto vai acontecer em Campinas, ainda este ano”.
É importante salientar que um carregador do mesmo tipo e instalado na mesma época na frente da sede da CPFL, em Campinas, continua operante e sem cobrança.
Como fica para os motoristas de carros elétricos?
Agora, porém, o motorista que sai de São Paulo tem como única opção o posto Campeão 28, em Caieiras, a 28,5 km da capital. Depois, o carregador rápido mais próximo está dentro da cidade de Campinas, a 70 km dali. Em Campinas, paga-se R$ 2,10 por kilowatt. O posto de Caieiras ainda não começou a cobrar, mas fará isso em breve.
Para quem está na Anhanguera, porém, a única opção de carregador rápido está no Graal Topázio, em Limeira, a 140 km da capital. Este carregador, da EDP e do Grupo VW, ainda tem recarga gratuita.
É um inconveniente até mesmo para nossos testes. A carga rápida no Graal 56, não muito distante de São Paulo, poupava boas horas de recarga nas estações lentas dentro da cidade.