Picape do Chevette, Chevrolet Chevy 500 teve até câmbio automático
A Chevy 500 levava menos carga que o nome sugeria, mas tinha tração traseira e até ofereceu câmbio automático
Com dez anos de estrada, o Chevette apresentou sua última variação de carroceria no Brasil. Após o sedã de duas portas, hatch, sedã de quatro portas e da perua Marajó, a Chevrolet desenvolveu uma versão picape do nosso primeiro derivado do Opel Kadett alemão – o segundo já foi batizado por aqui com o nome original.
A Chevy 500 veio competir com a Fiat City, a Ford Pampa e a VW Saveiro no segmento de picapes derivadas de carro de passeio. A plataforma usada era a da Marajó. A tração traseira, que rendia melhor desempenho em terrenos lamacentos, trazia a desvantagem do assoalho elevado, que limitava a capacidade da caçamba.
Dos 500 kg de capacidade total, era necessário descontar o peso do motorista e do eventual passageiro para calcular o peso que a caçamba poderia carregar. Por outro lado, a Chevy não negou força em seu teste de estréia em QUATRO RODAS, em novembro de 1983.
“Na estrada não é preciso mudar muito de marchas, mesmo com carga total”, dizia Emílio Camanzi. “Pode-se viajar em quinta quase o tempo todo; só em subidas muito fortes e prolongadas, ou quando um veículo lento atrapalha o fluxo, é que se deve reduzir a marcha.”
Camanzi elogiava o torque (12,3 kgfm) do motor 1.6 a álcool, que tinha 75 cv. Outros elogios iam para o consumo – 8,11 km/l na cidade e 11,54 km/l na estrada só com o motorista a bordo –, para a eficiência da válvula equalizadora das rodas traseiras nas frenagens e até o estilo foi incensado.
Mas o teste demonstrou também o comportamento irregular da suspensão, descrita como “bem neutra quando se guia normalmente, com uma leve tendência a sair de frente para, em seguida, sair de traseira no limite de aderência, mas suavemente”. O estepe atrás do motorista também limitava o espaço.
Na versão SL testada, ripas de madeira na caçamba vinham de série, assim como as lâminas do para-choque da cor do carro. Câmbio de cinco marchas, rádio, ar quente, vidros verdes, temporizador e lavador elétrico do para-brisa e ignição eletrônica eram opcionais.
O primeiro comparativo na revista com as quatro picapes derivadas de carros de passeio foi publicado na edição de agosto de 1984. Com o melhor preço, deu City em aceleração e consumo, levando-se em conta que era a única 1.3 em um time de 1.6. Mas a Chevy vinha logo atrás no consumo. É que, afinal, ela levou menos carga que as outras, todas capazes de encarar 500 kg – de carga – e, no caso, da Pampa, até levar 30 kg extras.
Para compensar os 18,48 segundos para ir a 100 km/h (só pior que a Pampa), a melhor máxima foi a da picape Chevrolet, 143,142 km/h.
A evolução da Chevy foi discreta para seu tempo de mercado. Em outro comparativo, de outubro de 1986, a Saveiro se destacou pelo novo motor 1.6 a água, mas a Chevy chamou atenção por itens de conforto opcionais como câmbio automático e ar-condicionado.
Novo desenho da dianteira e dos retrovisores e adesivos nas laterais marcaram em 1988 a chegada do motor de 82 cv e 13 kgfm e ajudaram a pontuar a liderança em vendas da Chevy no segmento.
A Chevy 500 DL 1992 das fotos está há dez anos na família de Marcio Ferreira Silva. Seu pai, Francisco, é quem cuida dela. “É a menina dos olhos do meu pai”, conta Silva, que tem uma oficina de funilaria e pintura em São Paulo.
“Ele põe um copo d’água no capô com o motor em ponto-morto para ver se ela trepida demais por causa de combustível ruim.” Segundo o filho, Francisco já chegou a esgotar o tanque (o copo trepidou…) e sempre confere se a picape está coberta e cuidada.
Em 1995, a Chevy foi sucedida pela picape Corsa, mais próxima do gosto do público jovem que a Chevy foi perdendo ao longo do tempo. Mesmo não sendo a mais resistente das picapes em termos de carga e tendo um nome que camuflava sua real capacidade, a Chevy 500 durou mais de uma década no mercado. Foi o último modelo da linha Chevette a sair de produção, dois anos depois do sedã.
Motor: | dianteiro, longitudinal, 4 cilindros em linha, 1 599 cm³, a álcool, carburador de corpo simples, comando de válvulas no cabeçote; Diâmetro x curso: 82 x 75,7 mm; Taxa de compressão: 12:1; Potência: 75 cv a 5 600 rpm; Torque: 12,3 mkgf a 3 200 rpm |
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Câmbio: | manual de 5 marchas, tração traseira |
Dimensões: | comprimento, 418 cm; largura, 157 cm; altura, 133 cm; entreeixos, 239 cm; peso: 958 kg |
Suspensão: | Dianteira: independente, braço triangular superior, braço simples inferior, barra estabilizadora, molas helicoidais, amortecedores. Traseira: eixo rígido, molas helicoidais, amortecedores |
Freios: | disco na dianteira e tambor na traseira |
Rodas e pneus: | aço, 13 x 5,5; 175/70 SR13 |
Aceleração de 0 a 100 km/h: | 15,98 segundos |
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Velocidade máxima: | 149,37 km/h |
Frenagem de 80 km/h a 0: | 34,8 metros |
Consumo: | 8,11 km/l |
Preço (novembro de 1983): | Cr$ 4.247.890 |
Preço (atualizado): | R$ 51.091,78 (IPC-A IBGE) |