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Continental Mark III: um dos carros mais caros e exclusivos dos anos 50

Superlativo em porte e potência, ele é o maior representante de uma das fases mais curiosas e bizarras da escola automotiva de Detroit

Por Felipe Bitu Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO
25 set 2021, 00h36
CONTINENTAL MARK III Convertible
Conversível era uma das quatro opções de carroceria (Alessandro Cerri/Quatro Rodas)

Neto de Henry Ford e filho caçula de Edsel, William Clay Ford não demorou a assumir desafios no empreendimento da família. Ele foi um dos idealizadores da divisão Continental, criada em 1955 para produzir o Mark II, um cupê destinado a competir com Rolls-Royce Silver Cloud e Bentley S Continental. Deficitária, a Continental encerrou sua breve existência com o modelo Mark III, em 1958.

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O Mark III abandonou os caríssimos métodos de produção artesanal do seu antecessor e inaugurou a fábrica de Wixom, compartilhando a linha de montagem com os requintados Lincoln Premiere.

Ambos utilizavam a mesma estrutura monobloco desenvolvida em parceria com a Budd Company: tal medida se mostrou essencial para melhorar a competitividade frente a concorrentes como Cadillac (General Motors) e Imperial (Chrysler).

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CONTINENTAL MARK III convertible
Mark III media 5,81 m de comprimento e tinha 3,33 m de distância do entre-eixos (Alessandro Cerri/Quatro Rodas)

Quatro carrocerias eram oferecidas, todas assinadas pelo projetista John Najjar: sedã quatro portas, conversível duas portas, cupê duas portas sem coluna central e sedã quatro portas sem coluna central (denominado Landau). Todos tinham 5,81 m de comprimento, entre-eixos de 3,33 m e 2,03 m de largura: o Mark III era um dos maiores automóveis de todos os tempos, perdendo apenas para o Cadillac V16 de 1934.

Um dos seus diferenciais era o vidro traseiro basculante, mesmo na versão conversível: recurso muito útil em um automóvel equipado com cinco acendedores de cigarro (e cinco cinzeiros). Entre os opcionais havia estofamento de couro escocês, cintos de segurança, ar-condicionado, comutador automático dos faróis, rádio FM, lubrificação automática do chassi e comandos elétricos para o banco dianteiro, travas, vidros e porta-malas.

Os exageros do Mark III eram evidenciados pela balança: as versões mais completas chegavam a pesar mais de 2,5 toneladas. Para impulsioná-lo a Ford apresentou um novíssimo V8 de 430 polegadas cúbicas (7 litros), o maior oferecido naquela época. O carburador Holley 4150 de corpo quádruplo garantia 67,7 kgfm a 3.100 rpm e 375 cv a 4.800 rpm. Seu ponto fraco era o consumo médio de 4,4 km/l de gasolina, agravado pelo tanque de 83 litros.

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CONTINENTAL MARK III convertible
Ar-condicionado, rádio FM, bancos de couro e cintos de segurança eram opcionais (Alessandro Cerri/Quatro Rodas)

Apesar das constantes visitas aos postos, o V8 acelerava o Mark III de 0 a 100 km/h em 9 segundos, mérito do câmbio automático Turbo-Drive de três marchas e do diferencial com deslizamento limitado. A suspensão traseira também inovava com braços arrastados e molas helicoidais.

As pequenas rodas aro 14 faziam o Mark III parecer ainda maior e mais baixo, mas exigiram um redimensionamento completo do sistema de freios.

A recessão de 1958 forçou a Continental a ser formalmente absorvida pela Lincoln: o sucessor oficial do Mark III, em 1959, foi o reestilizado Lincoln Continental Mark IV. Duas novas carrocerias passaram a ser fornecidas pela Hess & Eisen-hardt: os sedãs executivos Town Car e Limousine, na cor preta, com teto revestido de vinil e vidro traseiro de menores dimensões para resguardar a privacidade no banco traseiro.

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CONTINENTAL MARK III Convertible
O vidro traseiro basculava e as rodas tinham 14 polegadas de diâmetro (Alessandro Cerri/Quatro Rodas)

Custando cerca de US$ 10.000, menos de 300 unidades das carrocerias Town Car e Limousine foram produzidas, sempre sob encomenda. Para reduzir o consumo, o V8 de 7 litros foi recalibrado para gerar apenas 350 cv com taxa de compressão mais baixa e adoção do carburador Carter AFB: o Mark IV já era capaz de percorrer 6 km com 1 litro e representou mais de 40% de toda a produção da Lincoln em 1959.

Uma nova reestilização originou o Lincoln Continental Mark V em 1960, marcada por novos frisos, para-choques e lanternas. Capô e tampa do porta-malas foram redesenhados, bem como o painel de instrumentos. O carburador Carter ABD de corpo duplo diminuiu o consumo do V8, mas reduziu sua potência para 315 cv. Os freios ficaram mais eficientes e a suspensão traseira foi simplificada com molas semielípticas.

CONTINENTAL MARK III convertible
Câmbio tinha alavanca na direção (Alessandro Cerri/Quatro Rodas)
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O modelo 1960 foi o último representante da linhagem Mark: no ano seguinte a linha Lincoln ficou com um único modelo, com linhas limpas e minimalistas que marcaram a década. Resgatado pelo executivo Lee Iacocca, o prestígio do Mark III foi reeditado em 1968: o automóvel mais caro e exclusivo do fabricante de Dearborn ressurgiu na forma de um cupê destinado a enfrentar o Cadillac Eldorado e o Chrysler New Yorker.

CONTINENTAL MARK III Convertible
O estilo é obra do designer John Najjar (Alessandro Cerri/Quatro Rodas)

Ficha técnica: Continental Mark III Convertible 1958

  • Motor: 8 cilindros em V de 7 litros, Torque: 67,7 kgfm a 3.100 rpm, Potência: 375 cv a 4.800 rpm
  • Câmbio: automático de 3 velocidades, tração traseira
  • Carroceria: aberta, 2 portas, 6 lugares
  • Dimensões: comprimento, 581 cm; largura, 203 cm; altura, 143 cm; entre-eixos, 333 cm peso, 2.340 kg
  • Desempenho: aceleração de 0 a 100 km/h: 9 segundos; velocidade máxima de 190 km/h
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CONTINENTAL MARK III convertible
V8 de 7 litros gerava 375 cv de potência (Alessandro Cerri/Quatro Rodas)

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