Chevrolet Corvette C4 eliminou anacronismos do esportivo e marcou os anos 80
Quarta geração do esportivo americano resgatou antigos valores e reacendeu a chama da performance sem abrir mão da eficiência
Os anos 70 foram muito bons para o Corvette de terceira geração. Muito popular, o esportivo da Chevrolet celebrou o jubileu de prata em 1978 e, um ano depois, estabeleceu o recorde de 53.807 unidades produzidas.
Foi um bom resultado até a chegada da quarta geração, cujas primeiras unidades deixaram a fábrica de Bowling Green em 1983.
Denominado C4, o novo Corvette veio com a tarefa de enfrentar a nova geração de esportivos europeus e japoneses como Ferrari 308 GTB/GTS, Porsche 911 SC e Nissan 300 ZX Turbo.
Seu desenvolvimento foi encarregado ao então engenheiro-chefe, Dave McLellan, sucessor do lendário Zora Arkus-Duntov.
Suas linhas suaves causaram bem menos impacto que as duas gerações anteriores, mas não havia margem para dúvidas: o C4 era um autêntico Corvette.
As proporções da carroceria foram cuidadosamente estudadas em túnel de vento para reduzir o arrasto aerodinâmico em 24%.
A agressividade era resumida às rodas de 16 polegadas com enormes pneus 255/50.
O painel de cristal líquido e instrumentos com mostradores digitais indicavam que não havia lugar para anacronismos numa década marcada por ônibus espaciais e computadores domésticos.
O C4 foi o primeiro Corvette a abandonar o esquema de carroceria sobre chassi.
Em seu lugar, surgiu uma estrutura desenvolvida ao redor de uma espaçosa célula de sobrevivência, eliminando a barra central que ligava o para-brisa ao santantônio na geração anterior.
A elevada altura das soleiras das portas indicava que elas atuavam como elemento estrutural. A rigidez foi reforçada pela carcaça do diferencial, com extensões para apoio da suspensão traseira e elementos de fixação ao câmbio.
As suspensões com molas transversais em material composto foram desenvolvidas em computador: a dianteira trazia refinados braços duplos de alumínio forjado e a traseira multilink eliminou o afundamento da parte de trás nas acelerações.
Os avanços contrastavam com a simplicidade do motor L83, um V8 5.7 que rendia 205 cv de potência com a mesma arquitetura de 1955: comando de válvulas no bloco e duas válvulas por cilindro.
A injeção eletrônica Cross-Fire com dois bicos injetores era uma das únicas concessões à modernidade, como neste modelo 1984, que se encontra aos cuidados da De Gennaro Motors.
Mas era o que bastava para ser o automóvel mais rápido dos Estados Unidos. O Corvette ia de 0 a 96 km/h em 7 segundos com o câmbio automático de quatro marchas.
Ficou ligeiramente mais rápido com o câmbio manual “4 + 3” desenvolvido pelo preparador Doug Nash, com quatro velocidades e sobremarcha nas três últimas. Ambas as transmissões o levavam a mais de 220 km/h.
Dotado de injeção multiponto, o motor L98 foi ganhando potência ao longo da década: 230 cv em 1985, 240 cv em 1987 e 245 cv em 1998.
Ausente desde 1975, a versão conversível retornou em 1986 acompanhada dos freios ABS e tornou-se o carro-madrinha da Indy 500. Em 1987, surgiu a versão Callaway Twin Turbo, com 345 cv e garantia integral da GM.
A célebre versão ZR-1 veio em 1990 com o V8 LT5 (também de 5,7 litros) desenvolvido em parceria com a Lotus. Bloco de alumínio, cabeçotes com duplo comando e quatro válvulas por cilindro rendiam 375 cv.
Testado por QUATRO RODAS no ano seguinte, o ZR-1 acelerou de 0 a 100 km/h em 5,95 segundos e só não foi além dos 217,8 km/h pela limitação da pista de testes em Limeira (SP). Em pistas apropriadas, superava facilmente os 270 km/h.
A única opção de câmbio era o manual de seis marchas e os pneus eram dignos de um superesportivo: 275/40 à frente e 315/35 atrás, montados em rodas aro 17. Custava quase o dobro de um Corvette equipado com o motor L98.
Produzido até 1995, o ZR-1 resgatou o espírito selvagem do Corvette L88 de 1967 e redimiu a drástica queda de performance que o modelo sofreu a partir de 1975.
Os últimos C4 produzidos em 1996 também fizeram bonito: traziam o V8 LT1 de 300 cv ou o LT4 de 330 cv, sempre acelerando de 0 a 96 km/h em menos de 6 segundos e superando os 260 km/h.
Ficha técnica –Chevrolet Corvette C4 1984
- Motor: V8 de 5,7 litros; 205 cv a 4.300 rpm; 40,1 mkgf a 2.800 rpm
- Câmbio: manual de 4 marchas
- Carroceria: targa, 2 portas, 2 lugares
- Dimensões: comprimento, 448 cm; largura, 180 cm; altura, 118 cm; entre-eixos, 244 cm; peso, 1.435 kg
- Desempenho: 0 a 96 km/h em 6,6 segundos; velocidade máxima de 228 km/h