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Bianco Tarpan tinha visual exótico e mecânica sofisticada para seu tempo

Destaque entre os fora de série nacionais, ele compensou o desenho controverso com o conjunto mecânico mais avançado de seu tempo

Por Felipe Bitu
Atualizado em 17 abr 2023, 18h43 - Publicado em 16 abr 2023, 14h45
Inspirado em protótipos como Jaguar XJ13 e Ferrari 330 P4
Inspirado em protótipos como Jaguar XJ13 e Ferrari 330 P4  (Alexandre Battibugli/Quatro Rodas)
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Realizado em novembro de 1978, o 11o Salão do Automóvel mensurou com exatidão o crescimento da indústria de veículos fora de série, fomentada pela proibição das importações. Entre os destaques do evento estavam Puma GTB S2, L’Automobile Ventura, Corona Dardo, Adamo GTL e Bianco Tarpan.

Foi a segunda participação da Bianco Indústria e Comércio de Veículos Ltda., fundada pelo construtor Toni Bianco em 1973. Sua estreia, em 1976, foi marcada pela apresentação do Bianco S, esportivo com carroceria de fibra de vidro baseada no Fúria, protótipo que conquistou um respeitável histórico no automobilismo nacional.

Bianco Tarpan
O ressalto na tampa traseira quebrou a harmonia original do Bianco S. Motor VW refrigerado a ar estava muito aquém do seu equilíbrio dinâmico (Alexandre Battibugli/Quatro Rodas)

A saída de Toni Bianco, em 1977, não atrapalhou o desenvolvimento do Tarpan, ligeiramente mais largo e mais alto que o Bianco S. Os dois pares de faróis na linha do para-choque do antecessor foram substituídos por faróis simples de 180 mm, inseridos nos para-lamas.

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O para-choque dianteiro imitava o visual dos para-choques retráteis exigidos pelo mercado norte-americano, mas por ser fixo não tinha a mesma capacidade de absorver pequenos impactos. Também faltava harmonia ao para-choque traseiro, deixando o estilo do Tarpan um tanto quanto carregado.

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Bianco Tarpan
(Alexandre Battibugli/Quatro Rodas)

O vidro traseiro agora também era envolvente e o ressalto na tampa traseira acomodava o motor do VW Passat TS. Refrigerado a água, o propulsor de 1,6 litro e saudáveis 96 cv a 6.100 rpm causou uma enorme repercussão durante os nove dias do 11o Salão do Automóvel. Apesar do estilo controverso, o novo motor incentivou o público a formalizar incontáveis pedidos, situação que complicou o fabricante, sediado em Diadema (SP).

Seria um dos primeiros fora de série com motor do Passat, mas o Tarpan ainda era um protótipo em fase de testes, com inúmeras deficiências a serem sanadas antes da evolução final como produto. Para honrar as encomendas recebidas que não foram canceladas, a empresa comunicou seus clientes que as primeiras unidades produzidas teriam o tradicional motor VW refrigerado a ar do Bianco S.

Bianco Tarpan
Largas rodas ajudavam a baixar o centro de gravidade e melhorar a estabilidade (Alexandre Battibugli/Quatro Rodas)
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Para contornar a apatia original desse motor, os engenheiros da Bianco desenvolveram duas opções de motorização. A primeira mantinha a cilindrada original de 1,6 litro e adotava um par de carburadores Solex 40, enquanto a segunda tinha a cilindrada elevada para 1,8 litro e recebia cabeçotes especialmente preparados para alta performance.

Mesmo com as arcaicas suspensões, o Tarpan oferecia um comportamento dinâmico adequado em razão da boa distribuição de massas entre os eixos e das largas rodas de 13 polegadas com enormes pneus 205/70. Esse equilíbrio, porém, evidenciava ainda mais a falta de um motor mais forte e potente para impulsioná-lo.

Montado sobre o chassi do Volkswagem Brasilia, o Tarpan exibia um melhor aproveitamento do espaço interno, quando comparado ao Bianco S, que era montado na plataforma do VW Fuscão 1500. A ergonomia dos comandos também representava grande evolução, mas a qualidade dos materiais empregados no acabamento era nitidamente inferior: os bancos trocavam o couro por tecido e o aro do volante deixou de ser feito de madeira.

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Bianco Tarpan
Painel e volante revestidos de couro. (Alexandre Battibugli/Quatro Rodas)

Em 1980, a empresa muda seu nome para Tarpan Indústria e Comércio de Fiberglass Ltda. e no ano seguinte apresenta o Tarpan TS. “Foi o momento certo para utilizarmos o motor e o câmbio do Passat TS, agora na posição central-traseira”, conta Carlos Alberto Junqueira Franco, sócio-proprietário e diretor de projetos da Tarpan. “Desenvolvemos um chassi próprio com chapas de aço formando um duplo ‘Y’.”

O equilíbrio dinâmico ficou ainda melhor com suspensões McPherson e freios a disco nas quatro rodas. Consideravelmente mais requintado, o Tarpan TS surpreendeu pela evolução no padrão de acabamento, com reposicionamento e redimensionamento dos pedais, bancos mais baixos, novos pontos de fixação para os cintos de segurança e a volta do volante com aro de madeira.

Mesmo oferecendo opcionais exclusivos como ar-condicionado e turbocompressor, o Tarpan sucumbiu à recessão que abalou a economia brasileira e que dizimou outros fora de série ainda na primeira metade dos anos 1980. Poucas unidades foram produzidas antes de a fábrica encerrar suas atividades, em 1983, cada vez mais disputadas pelos entusiastas.

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Ficha Técnica – Bianco Tarpan 1978

Motor: longitudinal, 4 cilindros opostos, 1.584 cm3, 2 válvulas por cilindro, comando de válvulas simples no bloco, alimentação por dois carburadores de corpo simples
Potência: 70 cv a 4.700 rpm
Torque: 12,3 kgfm  a 3.000 rpm
Câmbio: manual de 4 marchas, tração traseira
Dimensões: comprimento, 435 cm; largura, 172 cm; altura, 128 cm; entre-eixos, 240 cm; peso, 825 kg
Pneus: 205/70 SR 13
Preço: Cr$ 1.580.000 (junho de 1981)

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