Tiggo 8 Pro híbrido fica sem bateria após um tempo parado, relatam donos
Caoa Chery Tiggo 8 Pro Plug-in Hybrid teria pane relacionada à bateria 12V, que descarrega de forma repentina e não deixa nem as portas abrirem
O Caoa Chery Tiggo 8 Pro Plug-in Hybrid é um dos poucos SUVs híbridos de sete lugares. Custa R$ 239.990 e tem bateria suficiente para rodar 54 km em modo elétrico, sem ligar o motor a combustão, e pode ser recarregado como um carro elétrico. Mas o problema que vem incomodando os proprietários do modelo está ligado a outra bateria.
Proprietários de Tiggo 8 Pro Plug-in Hybrid têm usado fóruns na internet e sites como o Reclame Aqui para reclamar de um possível problema crônico na bateria 12V, que descarrega de forma repentina e sem motivo aparente. QUATRO RODAS entrevistou três proprietários com a mesma reclamação.
Ainda que tenham bateria com maiores tensões e capacidade, carros elétricos e híbridos ainda dependem de baterias de 12V para garantir o funcionamento do sistema elétrico de baixa tensão. Ou seja, é ela quem alimenta sistemas como luzes, travas, espelhos, vidros, travas do carro ou mesmo central multimídia e freio de estacionamento eletrônico. A diferença é que a bateria de 12V pode ser de lítio, mais leve e durável que as de chumbo ácido usuais. E cabe à eletrônica do carro garantir que a bateria de alta tensão mantenha a de baixa tensão carregada.
O caso mais grave aconteceu com o empresário Willian Junior da Silva, 41 anos. A bateria descarregou enquanto os seus filhos pequenos de três anos e de 1 ano e meio estavam dentro do carro. “Foi uma situação desesperadora pois as portas travaram quando a bateria descarregou, mas após 15 minutos o meu filho de três anos conseguiu abrir a porta”, conta, aliviado, Willian.
“Eu comprei o carro logo no lançamento, em 2022, e após oito meses um aviso no painel apontava que a bateria estava com baixa energia, mas não era nada com o sistema híbrido. Na revisão de 10.000 km me disseram que a bateria estava ok e só pediram para que eu não deixasse a chave dentro do veículo com ele desligado”, conta.
O proprietário do Tiggo 8 híbrido, que mora em Arcos (MG), decidiu por conta própria trocar a bateria 12V com corrente de 45 Ah para uma com 50 Ah. “Tomei a decisão de trocar a bateria após ficar na mão na estrada, a bateria arriou e eu fiz uma ligação direta, mas apenas o motor elétrico funcionou e quando a autonomia elétrica acabou o carro não ligava mais”, conta Silva. Segundo ele, após a troca, o carro não teve mais nenhum problema.
Não pode deixar a chave dentro do carro?
A orientação de não deixar a chave dentro do carro é unânime no relato dos proprietários entrevistados. E o dono de um Tiggo 8 Pro 2022 e também engenheiro elétrico explica o motivo dessa orientação da rede Caoa Chery. “O fato de ser uma chave presencial faz com que impulsos elétricos sejam enviados de forma constante, o que acaba consumindo uma bateria extra. Não deveria ser suficiente para descarregar a bateria, mas infelizmente é”, afirma João Carlos Orguin da Silva, 55 anos, morador de Porto Alegre (RS).
Segundo ele, há um erro de projeto e a bateria deveria ter uma capacidade maior, capaz de suportar a quantidade de tecnologia embarcada no SUV. Só de telas, são três: uma para central multimídia, outra para o quadro de instrumentos e mais uma para o controle do ar-condicionado.
O Tiggo 8 de João Carlos não o chegou a deixar na mão, mas o aviso que a bateria estava baixa também apareceu no painel e mesmo assim a concessionária negou-se a trocar a bateria em garantia., pois a bateria de 12V só tem garantia de 12 meses. Só a bateria de alta tensão tem 8 anos de garantia.
“Chegaram a me informar na revisão de 10.000 km que a marca têm substituído por conta própria as baterias antes de entregar novas unidades, o conhecido recall branco, mas o meu chassi não estava contemplado”, conta Orguin, que pretende trocar a bateria em breve e para se prevenir de qualquer problema roda com cabo de ligação direta no porta-malas.
O empresário Vinicius Macedo, 38 anos, comprou o seu Tiggo 8 Pro Hybrid em Brasília (DF) em outubro de 2023 e já na primeira semana o carro apresentou a mesma pane. “Eu fui até a concessionária logo depois do ocorrido e o pós-venda negou–se a trocar a bateria em garantia”, afirma Macedo, que resolveu não trocar por conta própria, mas informa que não teve mais problemas até o momento.
O que diz a Caoa Chery?
Questionamos a Caoa Chery sobre o problema que foi citado nesta reportagem e informamos os nomes dos proprietários para que a mesma pudesse responder de forma particular.
A resposta da marca na íntegra:
Em atenção a sua consulta, a CAOA Chery informa e destaca os pontos a seguir:
– O dimensionamento da bateria de 45A está completamente em linha com as necessidades de carga do veículo que foi testado por mais de 100.000 km antes do seu lançamento no Brasil;
– O sistema híbrido foi totalmente calibrado e adaptado ao Brasil para o modo de condução do consumidor brasileiro, com testes de bateria de 12V e de alta tensão em diversas temperaturas e regiões do país;
– Há uma interrelação entre a carga de bateria de 12V e o carregamento da bateria de alta tensão, frente ao funcionamento do veículo, o que evidencia a importância de ambas estarem carregadas.
– Levantamos os três casos de clientes enviados e em um deles (Sr. Willian) não há registros com esse nome e nem entrada em nosso SAC, enquanto outro ( Sr. Vinicius), buscou nossa unidade onde houve a recarga e uma atualização do software de rotina, posteriormente, passou pela revisão dos 10.000 e 20.000 km , sem nenhuma citação de novas eventualidades. Também o terceiro caso (Sr. João Carlos), acionou nossa Central e recebeu atendimento devido. Na ocasião, foi diagnosticado que nesse caso específico, haveria necessidade de troca da bateria, mas o cliente não autorizou a realização do serviço uma vez que a bateria já estava fora da garantia.