“Envelopamento de rico.” É assim que muita gente chama a técnica de proteção da pintura que tem se disseminado entre proprietários deå carros de luxo, esportivos e clássicos. Trata-se do PPF, sigla para Paint Protection Film (algo como película de proteção de pintura), espécie de segunda pele de alta tecnologia que conserva a pintura original da carroceria e os faróis.
O procedimento se tornou muito atraente, especialmente para veículos de alto valor. A película transparente, feita de poliuretano termoplástico e com uso de nanotecnologia, forma uma espécie de escudo da carroceria contra pequenos impactos (como aquelas pedrinhas da estrada) e raspões (na garagem).
O revestimento é mais ou menos a utopia de qualquer motorista zeloso. Pois ainda promete manter o brilho, além de preservar manchas provocadas por fezes de passarinhos ou seiva de árvores. Além de ter poder regenerativo para riscos – conforme a profundidade do arranhado e também do tipo de PPF usado.
“O material atrai um público premium porque é uma película de alta resistência, tem tecnologia de nanocerâmica e é muito mais vantajoso para o proprietário de um automóvel caro, pois, quando ele for vendê-lo, o carro estará intacto”, diz o especialista Tonho, da Tonho Detailer.
“Repintar um carro premium, por mais que se faça em uma oficina especializada, acaba tirando sua originalidade e desvalorizando o veículo”, acredita o instalador, que trabalha com PPF há mais de seis anos.
O profissional, que prefere se identificar como se fosse um personagem – inclusive no instagram @tonhodetailer –, já teve uma loja de estética automotiva. Hoje dedica-se exclusivamente à aplicação de PPF para uma empresa que prefere não revelar.
Ele conta que no início só instalava a película em carros de alto luxo ou superesportivos, como Ferrari e Lamborghini, mas que novas marcas de PPF entraram no mercado e o segmento ganhou outra dimensão. “Mesmo sendo um material de alto custo, a procura é grande”, afirma.
Prepare o bolso
Põe caro nisso. A aplicação integral em um automóvel custa, em média, R$ 20.000. Mas já há produtos de outras marcas, muitas chinesas, e lojas que oferecem a aplicação por R$ 15.000.
O preço não varia com a categoria do carro. Ou seja, é o mesmo tanto para um Porsche 911 GT3 como para um Chevrolet Onix. Isso porque o material é caro e cobrado por metro. Geralmente, gasta-se uma bobina de 15 metros para fazer o revestimento veicular total.
Mesmo assim, donos de veículos comuns buscam cada vez mais a camada protetora para seus modelos. Não é tão raro ver carros como Honda HR-V, Toyota Corolla e Jeep Compass em lojas de PPF. E até veículos compactos e de entrada estão aderindo a esta película automotiva.
“Pessoas mais cuidadosas com seus veículos também estão procurando o serviço”, afirma Murilo Santos (@mestredoenvelopamento), que tem um estúdio no ABC paulista e há três anos faz envelopamento de PPF. “Já fizemos instalações em modelos como Onix e Up!. Sem contar carros antigos, pelo fato de o verniz ou a tinta já estarem frágeis”, explica.
Como funciona a proteção?
A aplicação segue basicamente o mesmo processo de envelopamento veicular. A diferença é que o PPF é transparente e tem função mais protetiva do que meramente de estética – além de bem mais tecnologia embarcada. A aplicação leva de três a quatro dias e exige profissionais treinados.
Antes de mais nada, o carro tem de passar por um processo completo e detalhado de limpeza e descontaminação da carroceria, além de polimento. Depois, a película é aplicada com a ajuda de uma espátula especial.
Hoje existem no mercado dois tipos de revestimento PPF. O “mais em conta” é o chamado self healing, que cria “microrriscos” que se regeneram sob efeito de forte calor – água quente, sopradores ou mesmo sol forte acima de 60 graus Celsius.
O material mais tecnológico (e caro) é o chamado instant healing. Como o próprio nome sugere, ele tem poder de regeneração automático. “A partir do momento em que você passa a espátula e surge aquele risco normal do material, a película regenera na hora”, explica Tonho Detailer.
Após a aplicação, começa o que os especialistas chamam de refilar. Com um estilete, o excesso do PPF é cortado em um trabalho bastante detalhado e que exige cuidado e experiência. “Tem que ter uma mão leve. Se colocar força a mais, corre-se o risco de arranhar a carroceria”, alerta Tonho.
Pode lavar no posto
Depois da aplicação do material, vida normal. O carro pode ser lavado com xampu automotivo neutro. Há até produtos específicos para proteger o PPF, mas os profissionais asseguram que a própria nanocerâmica garante o “escudo”.
Esse, aliás, é mais um outro motivo de “tranquilidade” para o dono do carro. “Quando fazia proteção de pintura com cerâmica, recordo que os donos dos veículos ficavam preocupados em lavar o carro, com medo de danos. Com o PPF a maioria dos clientes lava no posto mesmo”, diz Tonho.
Ao mesmo tempo, os materiais usados têm garantia de fábrica, que variam conforme a marca – há fabricantes que oferecem cobertura vitalícia. Porém, na hora de contratar o serviço é preciso verificar se a loja tem boa reputação, se a infraestrutura do estúdio é adequada e se os profissionais são qualificados.
Outra dica é ficar atento a serviços que cobram muito abaixo do mercado. Isso pode implicar em materiais de baixa qualidade, que ficam amarelados com o tempo. E vale lembrar que não dá para achar que o PPF está à prova de barbeiragens.
“A garantia depende do fabricante do PPF e pode ser de cinco ou dez anos. Mas também há o zelo do cliente, pois não é porque está com PPF que o motorista não deve ter cuidado, mantendo, assim, sempre um bom produto”, diz Murilo Santos.