Higienizar o interior do carro evita problemas de saúde; como fazer?
Limpeza dos revestimentos da cabine vai além dos bancos e pode evitar doenças respiratórias
Provavelmente você já viu um ácaro. Não a olho nu, mas a imagem dele reproduzida em comerciais de travesseiros. Aquele bichinho que mais parece um Fiat Palio 1996 é só um dentre milhares de seres microscópicos, bactérias e fungos responsáveis pelas crises respiratórias dos humanos. E que não estão apenas no travesseiro, mas até na cabine do carro.
Os revestimentos dos bancos e de outras partes do acabamento do veículo são um prato cheio para a proliferação desses micro-organismos. Potencialmente, os de tecido ou aveludados acumulam ainda mais esses terríveis agentes que causam problemas à saúde e atiçam alergias, rinite e asma.
Por isso, a higienização dos assentos, encostos, forrações e painéis do habitáculo do veículo é fundamental e deve ser feita periodicamente. Nessas ocasiões, é importante realizar uma limpeza completa da cabine, seja com produtos específicos, seja em lojas especializadas nesse tipo de serviço.
“O material que preenche os estofados automotivos, bem como o seu revestimento, pode promover o crescimento de diferentes micro-organismos, como bactérias, fungos e ácaros, que podem piorar os sintomas em indivíduos que têm alergias”, alerta o médico Clóvis Santos Galvão, coordenador da Comissão de Alérgenos da Associação Brasileira de Alergia e Imunologia (Asbai).
Não há um consenso sobre os intervalos para a limpeza dos revestimentos. Mas os especialistas consultados recomendam verificar se há alguma indicação no manual do fabricante ou fazer essa manutenção da cabine a cada seis meses ou, no máximo, a cada um ano.
“Devido aos fungos e às bactérias, a determinação correta seria para fazer a limpeza de três em três meses, mas não é uma prática do mercado. Nos estofados de tecidos mais comuns, há um acúmulo muito grande de bactérias e fungos na espuma abaixo do tecido, no próprio tecido e na tela entre os dois materiais”, explica Rodrigo Ressurreição, fundador e CEO da Total Clean, empresa especializada em higienização veicular.
Quais produtos são usados?
A recomendação é ainda maior para quem tem crianças, não só por elas ficarem expostas, mas porque elas costumam dar aquela sujada especial no interior do carro, com biscoitos e doces. Carros que ficam muito tempo em garagens na sombra e não expostos ao sol também requerem uma atenção especial.
Os produtos usados para limpeza dos bancos e outros acabamentos de tecido têm agentes bactericidas. Porém, é preciso usar substâncias indicadas para tal aplicação.
“O produto que se usa é antibactericida, mas com PH neutro. Tem carros com couro, Alcantara, corino, tecido, tecido mais delicado… Então, o produto tem de ser neutro para não danificar ou manchar os revestimentos”, reforça Claudia Leal, gerente de estética da Widmen Spa, especializada em estética automotiva.
Para os revestimentos de tecido, a orientação de médicos e especialistas é realizar a aspiração e depois a limpeza com uma escova de cerdas macias e uma mistura de (pouca) água e sabão neutro. Após o processo, deixar as portas abertas em um ambiente arejado para ventilar, de modo a evitar que o estofado fique úmido ou com mau cheiro.
No caso dos bancos de couro, o ideal é usar apenas um pano umedecido com sabão neutro. E hidratar o couro uma vez ao mês para evitar rachaduras e ressecamentos – só que com produtos específicos para aplicação automotiva, nada de hidratante corporal. Evite encharcar as superfícies e passe um pano para remover o excesso depois.
Só que não se deve ficar restrito à higienização dos assentos e encostos. Teto, apoios de cabeça, assoalhos, tapetes, painéis (mesmo os de plástico) devem passar por uma manutenção regular. O mesmo vale para o sistema de ar-condicionado, com a troca do filtro e a limpeza de dutos e palhetas.
Diferentes empresas também realizam esse serviço periódico de limpeza das partes da cabine. Pode durar de 40 minutos a 1h30, conforme o tamanho do veículo e o nível de sujeira. Os preços variam entre R$ 180 e R$ 300, dependendo da localidade, da loja e do modelo de automóvel também.
Evite os micro-organismos
Além dessa manutenção regular da cabine, o próprio motorista pode tomar alguns cuidados para minimizar a proliferação de bactérias, fungos e ácaros nas variadas superfícies do habitáculo.
“Mantenha sempre a aspiração em dia, uma vez por semana, pelo menos, porque, toda vez que a gente acessa o veículo, entra com poeira e essa poeira penetra no tecido. Outro ponto é: deixou derramar alguma bebida? Passe um pano úmido com sabão neutro, depois aplique pano apenas úmido e, em seguida, um pano seco”, orienta Claudia, da Widmen.
Para quem tem garagem própria ou espaço, deixar o carro no sol sempre que possível é uma dica. Nessas horas, manter o automóvel arejado e com as portas abertas é o ideal.
“Mas cuidado com exposições exageradas ao sol ou uso de produtos químicos que podem manchar e danificar seu veículo, e não são tão eficazes para a remoção de ácaros e fungos. O uso de produtos com cheiro muito forte também pode ser prejudicial para quem tem alergia respiratória”, adverte o médico Clóvis Galvão.