Descobrimos quais são os carros mais baratos de manter no Brasil em 2023
Prêmio Menor Custo de Uso 2023 destaca Renault Kwid, Toyota Yaris, VW T-Cross, Toyota Corolla Cross e Fiat Toro como os carros que pesam menos no bolso
A gramática do mercado não permite mais colocar as expressões “carro novo” e “barato” na mesma frase. A alta dos preços não poupou nenhum segmento nos últimos dois anos, e os aumentos ocorreram sempre com índices acima da inflação. Depois da compra, vieram os custos inflacionados de combustível, seguro e manutenção. Calma. Se você está pensando em comprar um carro novo, nós vamos te ajudar fazendo essas contas.
Nesta edição do Menor Custo de Uso calculamos os custos recorrentes dos modelos mais vendidos do Brasil em cinco categorias: hatches, sedãs, SUVs compactos, SUVs médios e picapes diesel (levando em conta as versões mais vendidas de cada um, para fazer os cálculos). Consideramos as seguintes despesas, para o primeiro ano de vida dos carros: abastecimento, manutenção e seguro anual. No caso do consumo, a média urbana tem maior peso, por ser a situação mais comum de uso do automóvel.
Taxas de licenciamento e IPVA não entram nessas contas, pois as variações dos valores por estado da federação, tornaria impreciso o ranqueamento dos modelos dentro de cada categoria. A média de gastos mensais foi a base para definir as posições no ranking. Confira a seguir.
Tabela de cálculo
Combustível Média ponderada (70% urbano, 30% rodoviário), a partir de números do Inmetro. Os preços (R$ 5,51/l de gasolina e R$ 5,83/l de diesel S10) são valores médios praticados no Brasil, segundo a ANP, no mês de abril. Calculamos o custo para rodar 15.000km, distância média percorrida em um ano.
Manutenção Despesas com as revisões previstas pelas fábricas para o primeiro ano ou 15.000 km.
Seguro O valor publicado refere-se à menor cotação dentre todas as obtidas pela TEx, fornecedora do Teleport, software de gestão e multicálculo para corretoras. Perfil QUATRO RODAS: homem, casado, 35 anos, sem filhos.
Custo mensal Obtido pela soma das despesas durante um ano dividido por 12 meses.
Preço de tabela Os valores considerados para o cálculo do seguro são os sugeridos pelas fábricas, coletados em maio.
Consumo baixo dá vantagem ao carro novo mais em conta do país
O bolso fala alto na hora de escolher um hatch compacto – principalmente nos dias de hoje, quando o carro mais em conta do mercado custa perto de R$ 70.000. E foi justamente esse modelo, o Renault Kwid, que obteve os melhores resultados na categoria.
A disputa foi apertada. O Hyundai HB20, o mais vendido do segmento em 2022 (com o Onix no seu encalço), cobra menos pela primeira revisão: R$ 317. O modelo produzido em Piracicaba (SP), entretanto, ficou em terceiro no gasto com gasolina.
Embora seu tanque tenha apenas 38 litros de capacidade, o Kwid vai longe. Sua média na estrada ficou em 17,9 km/l, a melhor entre todos os concorrentes. A boa autonomia se repetiu na cidade, com 14,8 km/l – e, novamente, nenhum outro foi tão eficiente. Na ponta do lápis, o gasto com abastecimentos ao longo de um ano ficou em R$ 5.294.
O Chevrolet Onix, que ficou em primeiro neste levantamento ano passado, alcançou agora a terceira colocação, logo atrás do HB20. O modelo foi até melhor que o rival da Hyundai na prova de consumo, mas o custo da primeira revisão pesou: a GM pede R$ 488 pelo serviço.
As primeiras colocações também foram definidas pelo valor do seguro. Mais caro que os concorrentes, o custo da apólice da Honda chegou a R$ 4.199 e o distanciou das primeiras posições. A melhor cotação foi a do Kwid (R$ 2.233). Em seguida veio o Fiat Mobi (R$ 2.372), que não teve melhor sorte nesse ranking por causa do consumo: 12,2 km/l na cidade e 15 km/l na estrada. O Fiat Argo terminou com a mesma média do irmão.
Disputa é marcada por diferença mínima entre os primeiros colocados
Nos custos médios mensais, apenas R$ 5 separam o Toyota Yaris Sedan (R$ 807), primeiro colocado, do Chevrolet Onix Plus (R$ 812). A diferença do segundo para o terceiro lugar – ocupado pelo Fiat Cronos – é ainda menor: R$ 3. Além do equilíbrio, há uma curiosidade: os dois primeiros não obtiveram os melhores resultados em nenhum dos quesitos analisados. Os bons resultados vieram da regularidade, enquanto os concorrentes oscilaram.
Seguro mais barato? Vá até o quinto degrau deste pódio para descobrir que a apólice do Nissan Versa custa R$ 3.061. O Yaris chegou perto pagando R$ 3.126, e logo depois vem o Onix Plus, R$ 3.222.
O VW Virtus aparece em quarto lugar devido à estratégia de revisões: o primeiro serviço é gratuito. Entretanto, os R$ 3.817 cobrados pelo seguro, praticamente, anularam a vantagem, além de o Virtus ter ficado no meio do pelotão nas medições de consumo.
O Honda City se destacou ao poupar gasolina – foi o mais econômico na estrada, com média de 17,4 km/l. Na cidade, chegou aos 13 km/l e só ficou atrás do Fiat Cronos (13,6 km/l). Mas aí veio a cotação da apólice (R$ 4.392), que fez o modelo da marca japonesa perder posições.
Alheios ao sobe e desce dos rivais, Yaris Sedan e Onix Plus registraram médias de consumo próximas, com ligeira vantagem para o modelo da GM tanto na cidade como na estrada. A maior diferença entre eles apareceu no valor da primeira revisão: enquanto a Toyota cobra R$ 407 pelo serviço, o valor chega a R$ 488 na rede Chevrolet.
Revisão gratuita e seguro mais baixo abrem caminho para o topo do pódio
A Volkswagen fez uma dobradinha entre os SUVs compactos. O T-Cross ficou em primeiro, seguido pelo Nivus. A primeira revisão gratuita ajudou, mas não foi só isso. Ambos se destacaram nas medições de consumo, principalmente nos trechos rodoviários.
O T-Cross – que foi o único modelo da categoria a ter custos de utilização abaixo da faixa dos R$ 800 – atingiu a média de 16,9 km/l na estrada, melhor resultado da categoria. O Nivus veio logo depois, com 15,2 km/l. Na cidade, o modelo mais econômico foi o Honda HR-V (12,7 km/l), que ficou na quarta colocação geral de sua categoria.
O terceiro lugar foi ocupado pelo Hyundai Creta, que se destacou pelo baixo custo da primeira revisão, cotada a R$ 367. O valor do seguro ficou em R$ 3.196 – que não é ruim diante dos concorrentes –, mas o consumo um pouco mais alto, com médias de 11,5 km/l no ambiente urbano e de 14,4 km/l no rodoviário, impediu o modelo de ir além.
O Nissan Kicks atingiu a quinta colocação. Seu melhor resultado foi registrado no cálculo da apólice (R$ 3.049), que só foi maior que o preço da cobertura do T-Cross (R$ 2.963).
Em comum, os três primeiros colocados trazem motor 1.0 turbo flex e câmbio automático de seis marchas sob o capô. Os modelos da VW oferecem até 128 cv, enquanto a potência do Hyundai Creta é de 120 cv.
Já os japoneses que completam o pódio trazem motor aspirado e caixa do tipo CVT. O Honda HR-V, com o 1.5 que rende 126 cv de potência, e o Nissan Kicks, com seu antigo 1.6, que entrega 113 cv.
Primeiro lugar é do carro que foi mais longe com gasolina
Além de entrar em um segmento com mais espaço e itens de conforto, trocar um SUV compacto por um médio significa ultrapassar a faixa dos R$ 1.000 na média dos gastos mensais. A exceção é o Toyota Corolla Cross.
As despesas do Corolla Cross ficaram em R$ 959/mês, valor que se refere às opções equipadas com motor 2.0 flex (177 cv). Entre os fatores determinantes para esse resultado está o preço cobrado pela primeira revisão (R$ 507), que só não é o mais baixo por causa da gratuidade oferecida pela VW. Contudo, o concorrente VW Taos tem o seguro mais caro, cotado a R$ 5.405. Como a cobertura do Toyota ficou em R$ 4.570, a manutenção “custo zero” não foi suficiente para reverter o jogo. O Taos terminou na terceira posição, e o segundo lugar ficou com o Caoa Chery Tiggo 8. E aí chegamos ao consumo, ponto que teve maior influência no ranking.
O Corolla Cross foi o mais econômico tanto na cidade como na estrada, com médias de 12 km/l e 15,4 km/l, respectivamente. Já o Tiggo 8 equipado com motor 1.6 turbo a gasolina (187 cv) chegou perto no uso urbano (11,8 km/l), mas ficou bem atrás no rodoviário (12,8 km/l).
A quarta posição foi ocupada pelo Jeep Compass 1.3 turbo flex (180 cv). O modelo, que foi o mais vendido do segmento em 2022, se destacou por ter o seguro mais em conta. A cotação ficou em R$ 4.019, menor que a de muitos modelos de menor porte avaliados neste ranking. Mas o consumo com gasolina na cidade – 9,6 km/l), média mais baixa entre os carros avaliados no segmento – impediu a ascensão desse SUV.
Modelo mais leve se sai melhor em segmento de carros pesados
Tamanho é documento entre as picapes diesel – mas, na hora de calcular os gastos com abastecimentos, quanto menor e mais leve, melhor. Com 1.930 kg e motor 2.0 turbo (170 cv), a Fiat Toro Ranch obteve as melhores marcas na cidade (11,3 km/l) e na estrada (14,3 km/l).
Esses números bastaram para garantir a primeira colocação geral, seguida por Chevrolet S10 LTZ e Nissan Frontier Attack. Além de serem equipadas com motores maiores, essas duas picapes pesam, respectivamente, 2.042 kg e 2.180 kg.
O modelo da GM teve o seguro mais baixo (R$ 6.634) e ficou em segundo no gasto da primeira revisão (R$ 796). A gratuidade oferecida pela VW fez diferença a favor da Amarok V6 nesse quesito, mas o valor da apólice foi o maior da categoria: R$ 14.644, o que afastou o modelo VW do top 5.
Já a Frontier atingiu a terceira colocação pela regularidade. O gasto na oficina (R$ 969) e os bons números de consumo (8,9 km/l na cidade e 12,5 km/l na estrada) consolidaram o posto, com um gasto mensal calculado em R$ 1.476. A diferença para a Mitsubishi L200, que aparece na quarta posição, foi de R$ 86.
A Ford Ranger chegou ao quinto lugar no fim de ciclo de sua geração – a linha 2024 que estreia no segundo semestre entrou em produção na Argentina. Foi uma disputa direta com a Toyota Hilux – que se saiu melhor no consumo, mas cobrou pior no seguro (R$ 10.074, o segundo valor mais alto dessa categoria) e revisão (R$ 1.740, serviço mais caro no segmento). No fim, a Ranger teve custo mensal calculado em R$ 1.618, exatos R$ 50 a menos que a Hilux.
Prêmio Menor Custo de Uso 2023
Quatro Rodas promoveu uma cerimônia de premiação reunindo representante das oito marcas vencedoras do Menor Custo de Uso 2023
O prêmio surgiu a partir de uma reportagem baseada na pesquisa sobre quais carros pesam menos na renda do brasileiro, publicada pela primeira vez em 2017 e que vem sendo repetida anualmente desde então.