Volvo EX90 anda como SUV esportivo e pode dar até ‘bronca’ no motorista
Maior SUV da Volvo está confirmado para 2025: atrasou por ser mais avançado e por já nascer pronto para ser autônomo
A Volvo foi uma das primeiras marcas a afirmar que teria apenas carros elétricos. Recentemente, porém, mudou (um pouco) os planos. Até 2030, em vez de vender apenas carros elétricos, a intenção é ter 90% da frota eletrificada, portanto composta de modelos elétricos e híbridos. O restante ainda seria ocupado por carros a combustão. O anúncio da Volvo acompanha uma tendência da indústria automotiva, na qual diversas marcas estão revendo as suas metas de eletrificação.
Essa mudança não altera o cronograma de lançamentos importantes como o do Volvo EX90, um SUV elétrico de sete lugares que estreia tecnologias inéditas na linha Volvo, em especial, pela adoção do microchip da Nvidia que baseado na inteligência artificial (IA) torna o carro tão atualizável quanto o seu smartphone.
QUATRO RODAS foi até a Califórnia (EUA), para dirigir o carro mais avançado da Volvo na atualidade.
Mesmo com o design mais sóbrio que o do XC90 (que ganhou sobrevida), os Volvo EX90 estacionados em frente ao hotel chamavam a atenção com seus detalhes. A começar pelos faróis pixelados em formato de martelo e que são idênticos ao irmão menor, Volvo EX30. O conjunto óptico é completado pelos DRLs, também pixelados, e que acompanham o desenho da peça principal.
Em vez de grade dianteira, há um painel completamente fechado que ostenta o logo da Volvo bem ao centro. É um design simples, mas ao mesmo tempo, sofisticado. Um bom emprego para a expressão: “menos é mais”.
O porte também impressiona e o fato da área envidraçada ser reduzida confere robustez ao SUV. O entre-eixos, de 2,98 metros, é o mesmo do XC90, com o qual deve conviver no mundo todo, incluindo o mercado brasileiro.
Com essa dimensão, o espaço interno é generoso para quem viaja na segunda fileira – são 96 cm de vão para as pernas, segundo a marca. Já na terceira fileira o espaço é mais limitado, como já esperado em SUVs sete lugares, com 81 cm.
Porém a segunda fila corre sob trilhos e é possível negociar o espaço, com o máximo do trilho para frente. Comprovamos que um adulto de estatura média pode viajar com algum conforto nos dois bancos extras.
Mesmo com os sete assentos montados ainda sobra 310 litros de capacidade no porta-malas. Mas isso mais que dobra quando com cinco lugares, pois chega aos 655 litros. Contar com ainda um porta-malas de carro compacto com sete passageiros é a grande vantagem de SUVs de grande porte e o EX90 ganha do rival BYD Tan, que comporta 235 litros, mas perde (por pouco) do Kia EV9 que carrega até 330 litros. O Kia ainda não é vendido no Brasil, mas pode chegar até o fim de 2024.
280 trilhões de cálculos por segundo
O Volvo EX90 é o primeiro modelo da marca a contar com um microchip da Nvidia, que substitui dezenas de sensores que monitoram parâmetros do motor, central multimídia, airbags, recursos de auxílio à direção e pressão dos pneus.
Com ele é possível cruzar em tempo real os mais diferentes aspectos de modo inédito e com capacidade computacional incomparável, segundo a marca, que garante que o sistema é capaz de fazer até 280 trilhões de cálculos por segundo. E uma das funções mais interessantes é tornar o EX90 tão atualizável quanto um smartphone, a marca confirma que as atualizações irão ocorrer a cada seis semanas e que é essa tecnologia que pode permitir que o SUV se torne completamente autônomo em um futuro próximo.
Os algoritmos também servem à segurança, e a câmera instalada abaixo do volante monitora o comportamento do condutor em tempo real. Caso esteja distraído, o motorista sentirá cutucões transmitidos através dos bancos e do volante, algo como uma “bronca” mesmo. Caso o condutor durma ou passe mal ao volante, por exemplo, o carro consegue parar em local apropriado e chamar serviços de emergência automaticamente.
Minimalismo impera
Os Volvo que já nascem com o nome EX são mais minimalistas em tudo. É o caso do irmão menor, EX30, que até abandonou o quadro de instrumentos. O EX90 não chegou a esse ponto e o painel traz informações relevantes e personalizadas, e é acompanhado de uma central multimídia vertical de 14,5” com sistema operacional Google.
E é nela na qual estão concentradas todas as informações e ajustes com operação intuitiva e grafismos modernos. Ela oferece a possibilidade de abandonar a dependência do smartphone por ter aplicativos nativos como Spotify, Google Maps e Waze. Mas, caso ainda faça questão do espelhamento, há conexão com Apple Car Play.
A ausência de botões físicos atrapalha a vida a bordo, pois a redundância de alguns ajustes comuns seria bem-vinda. É inconveniente usar a tela para ajustar retrovisores e volante, por exemplo. Até a simples abertura do porta-luvas tem que ser por meio de um comando na grande tela – que só atendeu o nosso comando após algumas tentativas.
O acabamento é esmerado como é esperado em um SUV de luxo, mas no lugar de materiais nobres a Volvo preferiu o uso de materiais reciclados. Ao todo são 48 kg de plástico reciclado, assim como parte do aço e do alumínio usado no carro.
O SUV ainda tem sistema de som Dolby Atmos vinculado ao som premium da Bowers & Wilkins, com 25 alto-falantes para um som imersivo em toda a cabine.
Como anda o Volvo EX90?
O SUV traz dois motores elétricos, um em cada eixo, e será vendido nos EUA e Europa em duas versões. A Twin. que entrega até 408 cv e 78,5 kgfm e a Perfomance, topo de linha, que chega a 517 cv e 92,8 kgfm. Segundo a Volvo, é a Performance que chegará ao Brasil e foi essa a versão avaliada por QUATRO RODAS.
O 0 a 100 km/h prometido é de 4,9 segundos e nos parece um número próximo da realidade. Em um percurso por estradas sinuosas e grandes avenidas em New Port Beach (EUA) é possível constatar que o desempenho é satisfatório e que mesmo tendo mais de 2.500 kg o SUV é ágil e faz ultrapassagens e retomadas com naturalidade.
É notório que no quickdown do acelerador o SUV não tem aquele comportamento típico dos elétricos. O corpo “não gruda” no banco, pois o máximo de torque não é entregue de uma vez só e há uma aceleração mais progressiva. Mas isso não é de todo ruim, pois favorece o conforto.
O comportamento dinâmico é exemplar graças à suspensão pneumática independente que privilegia o conforto. As imperfeições do piso são suavizadas, mas sem tornar a condução anestesiada e permitindo uma tocada mais divertida e conectada.
Graças ao sistema LiDar e mais 8 câmeras, 5 radares e 12 sensores ultrassônicos, o piloto automático adaptativo (ou Auto Pilot) funciona com precisão e parece “enxergar” mais e melhor que o olho humano. Ele é acionado pela alavanca do câmbio e na nossa experiência fez até curvas com tranquilidade, mas não permitiu nenhuma distração e nem mesmo tirar as mãos do volante. É o chamado nível 2 de automação.
Para chegar aos outros níveis que, ao tudo indica já são possíveis pelo hardware do SUV, a Volvo espera uma atualização da legislação de cada mercado e, assim que considerar “seguro”, irá habilitar mais funções autônomas.
A sua bateria tem boa capacidade, 111 kWh, e garante autonomia de 600 km no ciclo misto (cidade/estrada) e 817 km apenas rodando na cidade, segundo a fábrica. São bons números, mas é bom lembrar que o Inmetro deve cortar em 30% essa estimativa ficando cerca 420 km de alcance no total.
O Volvo EX90 integra uma nova categoria de SUVs, os elétricos de sete lugares. E esse segmento foi inaugurado no Brasil pelo BYD Tan em fevereiro de 2022, e que tem 517 cv, também carrega sete ocupantes e custa bem menos. Afinal o Volvo EX90 deverá custar mais de R$ 700.000 segundo fontes ligadas à fábrica, também para se posicionar acima de XC90, que parte dos R$ 609.950.
A previsão é que SUV elétrico desembarque no Brasil apenas no primeiro trimestre de 2025 e nesse meio tempo pode ganhar mais um rival, o Kia EV9, que foi eleito o “melhor carro do mundo”. A vida não será fácil, mas o que não faltam são recursos ao Volvo para competir.
Ficha técnica – Volvo EX90
Motor: dois elétricos, dianteiro e traseiro, 517 cv, 92,8 kgfm
Bateria: íon-lítio, 111 kWh, 614 km de autonomia (WLTP)
Câmbio: 1 marcha, tração integral
Direção: elétrica
Suspensão: Pneumática, Duplo A (dianteira),multilink (traseira)
Freios: disco nas quatro rodas
Dimensões: comprimento; 504 cm; largura, 196 cm; altura, 174 cm; entre-eixos, 298 cm; peso, 2.818 kg; porta-malas, 655 litros