Pensadores dizem que “é na simplicidade que se encontra o essencial”. Na indústria automobilística esse pensamento pode ser contraditório. Porém, ainda há casos em que a frugalidade das versões de entrada ganham um destaque positivo.
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É o caso do Fiat Pulse equipado com câmbio manual, que parte dos R$ 89.990 e mostra que a versão mais barata não é necessariamente a mais espartana ou, como se diz no mercado, a pé de boi.
A lista de equipamentos do Pulse de entrada passa longe de ser despojada. Ele não tem chave presencial, sistemas semiautônomos, câmera de ré ou quadro de instrumentos digital, mas traz, de série, ar-condicionado digital automático, faróis e lanternas de led (incluindo luz diurna), piloto automático, sensores de estacionamento traseiros, ESP, sensores de pressão de pneus, sistema de tração TC+ e quatro airbags.
A central multimídia de 8,4” tem Android Auto e Apple CarPlay sem fio, e USB dos tipos A e C. Não há necessidade de uma tela maior, mas há a opção de 10,1”, oferecida como opcional. Se você gostar do visual, vale considerar, já que o upgrade custa apenas R$ 983.
Por fora, os únicos detalhes que denunciam que este é o Pulse mais barato são os retrovisores e as maçanetas sem pintura. Também não há faróis de neblina (presentes apenas na configuração topo de linha) e as rodas de 16 polegadas são as mesmas das outras versões (a exceção fica também com a mais cara).
Talvez o Pulse Drive manual tenha como principal problema o acabamento simples. No painel, por exemplo, apenas um friso prateado e os detalhes do mesmo tom no volante quebram o aspecto monocromático do preto. As peças mesclam diferentes texturas, todas de aparência simples, e ficam devendo encaixes e alinhamentos melhores (o que não é um problema relacionado ao conteúdo).
Apesar disso, os comandos do ar-condicionado são os mesmos do Pulse Impetus, de R$ 125.590, e os bancos são revestidos de tecidos de boa qualidade, com toque e densidade agradáveis.
O quadro de instrumentos predominantemente analógico tem ótima leitura e fácil manuseio. Ainda por dentro, ele se sai bem no espaço interno, com uma boa acomodação para quem vai atrás (que tem à disposição apenas um USB). Já o porta-malas de 370 litros fica devendo.
A mecânica é a exclusividade deste Pulse, já que apenas esta versão combina o motor 1.3 flex a um câmbio manual de cinco marchas, enquanto as demais têm uma caixa CVT de sete marchas simuladas.
No motor são 98/107 cv (gasolina/etanol) de potência e 13,2/13,7 kgfm de torque. As impressões ao dirigir vão totalmente ao encontro dos números obtidos em nossos testes, feitos com gasolina. Ele foi de 0 a 100 km/h em 12,5 segundos, contra os 13,9 segundos da versão CVT.
O Pulse manual é um carro divertido para ser guiado na cidade. Como mandam os picos de potência e torque, o modelo se dá bem com giros altos e, assim, transmite leveza e agilidade nas acelerações, sem a morosidade do CVT.
O câmbio tem relações curtas, semelhantes às da Strada, além de engates parecidos, sem muita precisão. Mesmo assim, as marchas não parecem empilhadas como na picape.
Acima dos 110 km/h uma sexta marcha reduziria os ruídos, mas prejudicaria o desempenho pela queda na rotação. Ou seja, não há necessidade. O que também nos faz recordar da Strada é a suspensão, com um sentimento de invencibilidade diante de buracos, valetas e outras imperfeições do solo.
Apesar dos ajustes firmes, a suspensão é confortável, unindo assim doses de bem-estar aos ocupantes e rigidez ao veículo.O perfil alto dos pneus 195/60 e a altura do carro em relação ao solo também ajudam a absorver os impactos.
No consumo, há praticamente um empate técnico com a versão automática. Em nossos testes, o manual registrou as médias de 12,8 km/l na cidade e 17,6 km/l na estrada. No CVT foram, respectivamente, 13 km/l e 17,8 km/l.
Mesmo sendo o mais barato da linha, o Pulse manual certamente passará longe de ser o mais vendido, dadas as circunstâncias do segmento em que ele se encaixa, onde o câmbio automático é quase que obrigatório.
Ainda assim, a configuração mais simples e barata mostra que, quem quiser ou precisar levá-la para casa, não ficará desamparado em espaço, visual e, principalmente, nos equipamentos e no prazer ao dirigir.
Veredicto
Ele tem acabamento mais simples, mas compensa na extensa lista de equipamentos e na ótima dirigibilidade
Teste Quatro Rodas – Fiat Pulse Drive 1.3 manual
Aceleração
0 a 100 km/h: 12,5 s
0 a 1.000 m: 18,5 – 118,1 km/h
Velocidade máxima: 174 km/h* (dado de fábrica)
Retomadas
40 a 80 km/h em 3ª: 7,9 s
60 a 100 km/h em 4ª: 12,8 s
80 a 120 km/h em 5ª: 23,4 s
Frenagens
60/80/120 km/h a 0: 14,2/25,7/50,5 m
Consumo
Urbano: 12,8 km/l
Rodoviário: 17,6 km/l
Ruído interno
Neutro/RPM máx.:43/68,5 dBA
80/120 km/h: 67,5/72,9 dBA
Aferição
Velocidade real a 100 km/h: 93 km/h
Rotação do motor a 100 km/h em 5a marcha: 1.850 rpm
Volante: 2,5 voltas
Seu Bolso
Preço básico: R$ 89.990
Garantia: 3 anos
Condições de teste: alt. 660 m; temp., 26 °C; umid. relat., 75%; press., 1.020,5 kPa
Ficha Técnica
Motor: flex, dianteiro, transversal, 4 cil., 8V, 1.332 cm³, 98/107 cv a 6.250 rpm, 13,2/13,7 kgfm a 4.250/4.000 rpm
Câmbio: manual, 5 marchas, tração dianteira
Direção: elétrica, 10,5 m (diâmetro de giro)
Suspensão: ind. McPherson (diant.), eixo de torção (tras.)
Freios: disco ventilado (diant.), tambor (tras.)
Pneus: 195/60 R16
Rodas: liga leve, 16’’
Peso: 1.187 kg
Dimensões: comprimento, 409,9 cm; largura, 177,4 cm; altura, 157,6 cm; entre-eixos, 253,2 cm; porta-malas, 370 l, tanque, 52 l