Citroën Basalt T200 é tudo que um sedã gostaria de ser e faz 16,5 km/l
O Basalt não é a melhor tradução de SUV cupê. Mas representa com propriedade a filosofia da marca Citroën e inova o conceito de sedã
Ainda que o nome popular tenha se tornado SUV, muitos destes modelos são crossovers, combinando estilos diferentes de carroceria em vez de ser realmente um utilitário esportivo. As fabricantes ainda deram um passo extra, trazendo um pouco das linhas de um cupê para seus SUVs, em uma tentativa de ampliar a gama de produtos e ter uma opção diferente.
A Stellantis tem feito algo ainda mais diferente. Os designers pegaram um sedã, elevaram a carroceria e mexeram no design traseiro para dar a sensação de ser um SUV cupê. Foi assim com o Fiat Fastback e agora a fórmula é repetida com o Citroën Basalt, que mostra muito mais ser um sedã compacto ou até um liftback do que um utilitário.
Isto é ruim? Depende para quem você pergunta, pois muitos são contra a “SUVização” dos automóveis. Objetivamente, esta ideia da Citroën funciona bem por trazer alguns dos bons atributos de um sedã, como o espaço interno e a capacidade do porta-malas. Em sua faixa de preço, entre R$ 89.990 e R$ 104.990, torna-se uma alternativa aos SUVs compactos e até a alguns sedãs.
O Citroën Basalt nasceu como parte do projeto C-Cubed da Citroën, uma linha de modelos desenvolvida junto com a divisão indiana da empresa e que antecede as fusões entre Fiat-Chrysler e Peugeot-Citroën, para criar a Stellantis. Foi criada para gerar carros baratos para mercados emergentes e dentro da filosofia de que a Citroën terá carros mais acessíveis e com design descolado (algo difícil de conciliar, porque design é caro).
O Basalt segue essa fórmula. Tem estilo. Mas, para reduzir custos, reaproveita peças dos outros dois modelos. A frente é a mesma do C3 Aircross, enquanto o interior vem do C3.
Preços do Citroën Basalt 2025:
- Citroën Basalt Feel 1.0 – R$ 89.990
- Citroën Basalt Feel 1.0 Turbo 200 – R$ 96.990
- Citroën Basalt Shine 1.0 Turbo 200 – R$ 104.990
- Citroën Basalt First Edition – R$ 107.390
A diferença na carroceria aparece depois das colunas B. As portas traseiras são exclusivas, adequadas ao desenho do teto. A linha superior vai caindo até chegar a um spoiler discreto na tampa do porta-malas. As lanternas também são novas, utilizando um curioso relevo. Olhe de perfil e imagine um balanço traseiro um pouco mais longo e você verá como poderia facilmente ter sido um sedã compacto.
Por dentro, os designers não tentaram inventar nada diferente. Temos plástico rígido em abundância no painel – dentro do orçamento –, disfarçando um pouco com uma peça texturizada na parte central. Ao menos, na unidade avaliada, tudo estava bem encaixado e não havia barulhos.
Está mais próximo do C3 Aircross, contando com painel de instrumentos digital de 7” e central multimídia de 10” de série. Na versão topo de linha Shine, ele ainda traz o inédito ar-condicionado automático digital. E esta configuração conta também com sensor de estacionamento traseiro, rodas de liga leve de 16” diamantadas, faróis de neblina, piloto automático e câmera de ré, entre os equipamentos.
Há espaço suficiente no banco traseiro para levar dois adultos sem raspar a cabeça no teto, mesmo que seja mais inclinado. Até o porta-malas agrada pelo espaço, carregando 490 litros, apenas 3 litros a menos do que o irmão Aircross.
Junto às soluções, porém, o Basalt herdou os problemas dos parentes. Sem ajuste de profundidade para o volante e com um banco um tanto alto, encontrar uma boa posição para dirigir é um desafio para pessoas com até 1,7 m de altura. Outro defeito (apesar de ter sido corrigido no carro vendido na Índia) é o posicionamento dos comandos dos vidros traseiros, atrás da alavanca do freio de estacionamento, um local nada prático e intuitivo.
Também faltaram itens que existem na Índia e que não são nem opcionais no Brasil. São apenas quatro airbags (dois a menos do que o indiano), não há saídas de ar-condicionado traseiras e nem faróis de led para o modelo feito em Porto Real (RJ).
No dia a dia, o Basalt será um bom companheiro, a começar por seu motor 1.0 turbo de 130 cv e 20,4 kgfm, que trabalha bem com a transmissão CVT de sete marchas simuladas, evitando trancos ou aquela sensação de falta de velocidade que alguns câmbios desse tipo passam. Não fica devendo torque em subidas mais íngrimes e o CVT reage rápido nas reduções.
A carroceria esguia e com perfil mais aerodinâmico ajuda bastante a melhorar o desempenho em comparação ao Aircross. No modo Sport, o Basalt chegou a 100 km/h em 9,7 s, 1,2 s a menos do que o SUV. Essa opção Sport mexe apenas na resposta do acelerador e da transmissão, segurando as marchas o suficiente para dar uma animada no carro.
A aerodinâmica favoreceu também o consumo na estrada, marcando 16,5 km/l com gasolina, 1 km/l mais econômico que o Aircross. No ciclo urbano, não houve diferenças, ambos terminaram com a média de 12,6 km/l.
A vocação urbana do Basalt é bem clara pelo ajuste da suspensão, no entanto. A calibração ajuda a segurar a carroceria no lugar e seu curso é suficiente para evitar batidas (de fim de curso) ao passar pelos buracos de nossas ruas, incluindo os mais fundos. Na estrada, o conjunto não vai tão bem. Assim como os demais carros da linha C-Cubed, o Basalt é muito sensível a ventos laterais e sua carroceria tende a balançar em velocidades acima de 100 km/h, o que transmite insegurança.
O que veio dos SUVs foi a altura em relação ao solo. Com 18 centímetros de vão livre, ângulo de entrada de 20,5o e de saída de 28o, as chances de raspar os para-choques ou o assoalho são bem pequenas.
O Basalt está mais para sedã do que para SUV de fato, mas é uma opção bem-vinda na linha da Citroën. Veja a seguir, como ele se sai diante de rivais na mesma faixa de preço.
Veredicto
Com bons preços, equipamentos e rendimento, o Basalt serve bem a quem busca um carro em seu segmento.
Ficha Técnica – Citroën Basalt Shine 1.0 Turbo 200
Motor: flex, diant., transv., 3 cil. em linha, turbo, 999 cm3; 12V, 130 cv a 5.750 rpm, 20,4 kgfm a 1.750 rpm
Câmbio: CVT, 7 marchas simuladas, tração dianteira
Direção: elétrica, 11 m (diâmetro de giro)
Suspensão: McPherson (diant.), eixo de torção (tras.)
Freios: disco ventilado (diant.), tambor (tras.)
Pneus: 205/60 R16
Dimensões: comprimento, 434,3 cm; largura, 182,1 cm; altura, 158,5 cm; entre-eixos, 264,5 cm; peso, 1.191 kg; porta-malas, 490 litros; tanque, 47 litros; altura livre do solo, 18 cm
Teste Quatro Rodas – Citroën Basalt Shine 1.0 Turbo 200
Aceleração | |
0 a 100 km/h | 9,7 s |
0 a 1.000 m | 31,5 s / 162,8 km/h |
Velocidade máxima | 199 km/h* |
Retomadas | |
D 40 a 80 km/h | 4,4 s |
D 60 a 100 km/h | 5,7 s |
D 80 a 120 km/h | 7,5 s |
Frenagens | |
60/80/120 km/h a 0 | 14,1/24,2/57,4 m |
Consumo | |
Urbano | 12,6 km/l |
Rodoviário | 16,5 km/l |
Ruído interno | |
Neutro/RPM máx. | 43,7/62,8 dBA |
80/120 km/h | 60,8/67,7 dBA |
Aferição | |
Velocidade real a 100 km/h | 94 km/h |
Rotação do motor a 100 km/h | 1.800 rpm |
Volante | 3 voltas |
SEU Bolso | |
Preço básico | R$104.990 |
Garantia | 3 anos |
Condições de teste: alt. 660 m; temp., 24,5 °C; umid. relat., 58%; press., 762 mmHg. Realizado no ZF Campo de Provas