Range Rover Sport PHEV roda 88 km como elétrico, mas custa R$ 1 milhão
Para justificar o preço o SUV híbrido traz tecnologias inéditas no segmento como purificação de ar que hidrata a pele e "capô transparente" pro off-road
A terceira geração do Range Rover Sport desembarcou no Brasil no fim do ano passado, equipada com o motor V8 a gasolina ou o 3.0 turbo diesel híbrido leve. Mas recentemente o SUV ganhou uma nova versão híbrida plug-in, que rende até 510 cv e pode percorrer até 88 km só com o motor elétrico. Ele chega em duas versões, a Dynamic HSE e a First Edition, com preços entre R$ 985.750 e R$ 1.013.950.
Os valores são proibitivos e há opções no mercado de SUVs premium que podem custar cerca de R$ 400.000 mais baratos. Mas o Range Rover traz tecnologias exclusivas para compensar o investimento.
O design com poucos vincos é marcante nesta geração e tudo é pensado para conferir um aspecto robusto: linha de cintura elevada, área envidraçada reduzida. Os faróis estão ainda mais afilados que na geração anterior e são de led digitais. Segundo a marca, há 1,3 milhão de microespelhos dinâmicos que adaptam o feixe de luz conforme a condição da via.
As rodas são de 23”, na Dynamic HSE, versão testada, calçadas em pneus de uso no asfalto com perfil baixo, portanto aqueles que pretendem usar toda a capacidade off-road do SUV terão de pensar em trocar os pneus.
O porte do Range Rover Sport impressiona. Ele tem quase 5 metros de comprimento, mais de 2 de largura, quase 2 de altura e um entre-eixos de quase 3 metros – digno de SUVs que levam sete pessoas, mas ele só carrega cinco ocupantes.
SUVs deste porte são conhecidos por ter a manobrabilidade difícil, mas este não é o caso. Ele é mais fácil de estacionar do que um Fiat Mobi, guardada as devidas proporções. Isso porque o diâmetro de giro é de 11 metros, o mesmo que muito compacto, graças ao esterçamento em até 7,3 graus das rodas traseiras.
Outra tecnologia cômoda é a que permite ajustar a altura da suspensão para facilitar a carga e descarga de bagagem, por meio de dois botões no porta-malas, que tem capacidade para 835 litros – e é possível ganhar mais 1.025 litros. Com apenas um toque e poucos segundos, a segunda fileira é inteiramente rebatida, chegando a 1.860 litros no total.
Baterias carregadas
O motor 3.0 com seis cilindros é acompanhado de um motor elétrico que fica acoplado à transmissão, e a potência combinada chega aos 510 cv (só o elétrico já tem quase 150 cv). Ele pode rodar até 88 km somente no modo elétrico, de acordo com a fabricante – na convivência que tive com o carro, não duvido desse número, o motor a combustão só entrou em funcionamento em uma condição de estrada com velocidades mais altas.
Trata-se de um híbrido plug-in, que pode ser recarregado em uma tomada, e ele tem a vantagem de poder receber até recargas rápidas. Leva menos de 1 hora para carregar até 80% das baterias de 38,2 kWh, de acordo com a Jaguar Land Rover.
E é bom estar com ela sempre carregada, pois isso influencia muito no consumo de combustível. Nas nossas medições com a bateria carregada o SUV fez médias de 18 km/l no ciclo urbano e 11,8 km/l no rodoviário – números positivos para um carro com mais de 2,5 toneladas. Com a bateria descarregada, o consumo aumentou e ele registrou médias de 8,6 km/l na cidade e 8,2 km/l na estrada.
Com números de potência e torque (71,3 kgfm) combinados de encher os olhos, o desempenho impressionou. O SUV acelerou de 0 a 100 km/h em 5,8 segundos e as retomadas foram feitas de 2,5 s (de 40 a 80 km/h) e 3,5 s (de 80 a 120 km/h).
Além da agilidade ao volante, o que mais agrada na condução do SUV é a estabilidade da carroceria e a segurança que ela transmite em todas as condições de vias e em curvas. É a primeira vez que o Range Rover adota um sistema de suspensão a ar dinâmico. Ele utiliza dados de navegação para se antecipar aos obstáculos à frente e pode controlar, segundo a fabricante, fatores externos em até 500 vezes por segundo para reduzir os movimentos indesejados da carroceria.
Como em um bom Range Rover, há modos de condução exclusivos para o fora de estrada: basta selecionar o tipo de pavimento (neve, terra, lama). E nesta versão também está disponível o piloto automático adaptativo off-road, o qual utiliza radares e câmeras para ultrapassar os obstáculos com segurança e sem a interferência do motorista.
Ainda em terreno fora de estrada, o condutor conta com a tecnologia do capô transparente: é exibido na tela da central tudo que está abaixo do carro, e é realmente um auxílio importante durante uma trilha.
Também no interior o que não falta são mimos, entre eles bancos de couro legítimo com 22 posições ajustáveis eletricamente, geladeira no console central, telas individuais para os dois passageiros traseiros e central multimídia com tela curva de 13,1”.
Mas o que chama ainda atenção são outros dois recursos. Ele vem com a tecnologia nanoe X, feita em parceria com a Panasonic. Das saídas de ar-condicionado são expelidos radicais livres envoltos em partículas d’água, que reagem com vírus (incluindo o da Covid-19), bactérias e fungos presentes no veículo, inativando-os. De acordo com a Panasonic, essas partículas são capazes de interagir com a pele e com o cabelo, hidratando e evitando o chamado frizz, no penteado.
Há também o cancelamento de ruído ativo que filtra barulhos indesejados, tornando o silêncio a bordo digno de um carro elétrico. Há microfones dentro do arco de cada roda e processadores digitais calculam o som necessário para remover essas frequências indesejadas usando os alto-falantes internos, inclusive os instalados nos apoios de cabeça.
A nova versão híbrida plug-in do Range Rover Sport traz a possibilidade de rodar no modo elétrico boa parte da rodagem urbana e isso significa não gastar uma gota de gasolina enquanto se está nesse ambiente. Ele combina ainda tecnologias como capô transparente e cancelamento de ruído com suspensão a ar adaptativa e cabine luxuosa e tecnológica. A questão é que tanta tecnologia e exclusividade cobra um preço alto, cerca de R$ 1 milhão, e rivais de mesmo porte e conteúdo, como Volvo XC90 e Audi Q7 cobram metade do preço.
Veredicto Quatro Rodas
Ele traz muito luxo e tecnologia. Mas o preço elevado convida o interessado a olhar para outras opções no mercado.
Ficha Técnica
Motor: gasolina, dianteiro, longitudinal, 6 cilindros, 24V, 2.996 cm³, 340 cv a 5.500 rpm, 48,9 kgfm a 1.500 rpm. Elétrico, dianteiro, 143 cv, potência combinada, 510 cv; torque combinado, 71,4 kgfm
Câmbio: automático, 8 marchas, tração integral
Direção: elétrica, 11 m (diâm. de giro)
Suspensão: McPherson (diant.), multilink (tras.)
Freios: disco ventilado (diant. e tras.)
Pneus: 285/40 R23 Peso: 2.810 kg
Dimensões: comprimento, 494,6 cm; largura, 204,7 cm; altura, 182 cm; entre-eixos, 299,7 cm; porta-malas, 835 litros
Teste Quatro Rodas
Aceleração
0 a 100 km/h: 5,8 s
0 a 1.000 m: 25,1 s – 211,3 km/h
Velocidade máxima: 242 km/h (dado de fábrica)
Retomadas
D 40 a 80 km/h: 2,5 s
D 60 a 100 km/h: 3,2 s
D 80 a 120 km/h: 3,5 s
Frenagens
60/80/120 kma: 15,7/27,4/61,5 m
Urbano (carga completa): 18 km/l
Rodoviário (carga completa): 11,8 km/l
Ruído interno
Neutro/RPM máx.: 43/60,7 dBA
80/120 km/h: 65,9/63,9 dBA
Aferição
Velocidade real a 100 km/h|: 99 km/h
Rotação do motor a 100 km/H: 1.600 rpm
Volante: 2,5 voltas
Seu Bolso
Preço básico: R$ 985.750
Garantia: 3 anos
Condições de teste: alt. 660 m; temp., 20,5 °C; umid. relat., 63%; press., 773 kPa. Realizado na Pista de Testes ZF