O Peugeot 508 teve uma rápida passagem pelo Brasil entre 2012 e 2014, mas seu espaço e seu pacote de equipamentos recheado fez mais sucesso com os diretores da marca do que com os consumidores. Mas podemos dizer que a situação hoje poderia ser completamente diferente.
Nesta nova geração, o Peugeot 508 vai um pouco além da responsabilidade de ser o carro mais luxuoso da marca e tem versão híbrida e esportiva, e até um sobrenome especial: PSE, de Peugeot Sport Engineered.
Quer dizer que o seu departamento de competição esteve livre para fazer alterações técnicas e no sistema híbrido para trocar médias de consumo melhores por mais desempenho. Essa troca valeu a pena.
O Peugeot 508 SW PSE é um híbrido plug-in. Quer dizer que a bateria de 13,4 kWh pode ser recarregada em 3h25 em um carregador de 3,7 kW e garante autonomia para até 54 km em modo puramente elétrico. Mas o melhor desempenho vem com o uso do motor a gasolina.
Há 10 anos o motor 1.6 THP que equipava o 508 vendido no Brasil tinha apenas 156 cv. O Novo 508 PSE, por sua vez, usa uma versão com 200 cv e 30,6 kgfm que nunca foi usada no Brasil. Ele é controlado por um câmbio automático de oito marchas que tem um motor elétrico de 110 cv e 32,6 kgfm conectado a si.
Na traseira vai montado um segundo motor elétrico com 113 cv e 16,9 kgfm. A ideia é usar os motores elétricos para garantir a tração integral até mesmo em modo puramente elétrico. Por outro lado, é o gerenciamento do funcionamento dos três motores que transformam o 508 SW de uma perua familiar em uma perua esportiva.
Isso porque a potência máxima varia de acordo com o modo de condução. No modo elétrico só tem 140 cv, o que coincidentemente limita sua velocidade máxima a 140 km/h. Nos modos Hybrid, Confort e 4WD o motor 1.6 turbo a gasolina passa a dar as caras e o pico de potência chega aos 330 cv.
No modo Sport a perua entra no modo “tudo que dá” e, aí sim, chega aos 360 cv e 53 kgfm de pico. Ao mesmo tempo, a direção passa a ter maior peso (não tem relação variável, porém), os amortecedores assumem comportamento muito mais firme (certamente seria desconfortável no Brasil) e a entrada do motor traseiro se torna mais evidente, deixando o comportamento em curvas ainda mais interessante.
E é ainda mais legal que exista ronco de motor e que as trocas de marcha sejam sentidas nas acelerações. Na verdade, até tem borboletas atrás do volante para fazer trocas de marcha sequenciais. Tudo isso combina com os 5,2 s de 0 a 100 km/h declarados pela Peugeot.
Contudo, em vez dos 66,4 km/l das versões híbridas mundanas, faz 55,5 km/l em ciclo misto (WLTP). Quem há de reclamar de um número de consumo como esse? Mas é importante manter a bateria carregada, pois sem ela o 508 PSE se torna um híbrido convencional pesadão e o consumo não passará dos 10 km/l.
Não pense que se trata de uma perua transformada em esportivo por um acaso, graças aos motores elétricos. A PSE trabalhou para rebaixar a suspensão dianteira em 1 cm e a traseira em 4 cm, e ainda alargou as bitolas (distância entre as rodas no mesmo eixo) em 2,4 cm na frente e em 1,2 cm atrás.
Isso ajuda a explicar o comportamento dinâmico tão bom e neutro para um carro tão grande e pesado. Afinal, estamos falando de uma perua grande com 4,78 m de comprimento, 1,91 m de largura, 1,42 m de altura e 2,80 m de entre-eixos com 530 litros de capacidade no porta-malas e que pesa 1.892 kg entre motores, baterias e decoração esportiva.
Perua nada discreta
A Peugeot Sport Engineered ainda deixa sua marca no visual da Peugeot 508 SW. As três barrinhas verde fluorescente inclinadas são a marca da divisão esportiva e aparece ao redor do carro, inclusive à frente do capô. É impossível não lembrar do logotipo que a Fiat usava nos anos 1990.
As barrinhas da PSE vão logo acima do novo logotipo da Peugeot, em forma de escudo e que tem apenas a cabeça do leão estampada, e vai bem no meio da nova grade que agora mais parece uma faixa preta.
Na reestilização lançada agora na Europa, essa faixa interliga os novos faróis e as luzes diurnas têm três garras estilizadas em um prolongamento para baixo. É outro Peugeot que abandonou as presas que vemos hoje no 208. As garras também são representadas nas novas lanternas traseiras, com três elementos inclinados. As rodas aro 20 são novas e calçadas com pneus Michelin Pilot Sport 4S.
Por dentro, a versão ainda tem bancos esportivos com ajuste elétrico, costuras no mesmo tom de verde claro e na forração que combina couro e Alcantara, inclusive no painel.
O maior Peugeot também tem o chamado i-Cockpit, no qual o volante quase hexagonal fica bem baixo, permitindo uma leitura direta do painel de instrumentos digital de 12,3’’. Ao centro do painel está a multimídia de 10’’, com botões físicos que imitam teclas de piano.
Nesta reestilização o 508 trocou a alavanca de câmbio do tipo joystick por um seletor discreto no enorme e largo console central que envolve o motorista, que ainda tem a disposição aquecimento e massagem no banco.
Como esta é uma versão topo de linha, não é de surpreender que tenha piloto automático adaptativo, frenagem autônoma de emergência, assistente de permanência em faixa e até sistemas de visão noturna, que facilita a detecção de pedestres e animais em estradas, por exemplo.
O que surpreende é o preço: uma Peugeot 508 SW PSE custa 70.000 euros, o que equivale a R$ 364.000 na cotação atual, antes mesmo dos impostos. Este é um claro motivo para que esse carro não esteja cotado para ser vendido no Brasil. Nós, os poucos brasileiros que adorariam ter uma perua esportiva e os diretores da Peugeot lamentamos.
Ficha Técnica – Peugeot 508 PSE SW
- Preço: 70.000 euros
- Motor: gasolina, 4 cil., 1.598 cm3; 200 cv a 6.000 rpm, 30,6 kgfm a 3.000 rpm; elétricos 110 cv/ 32,6 kgfm (diant.), 113 cv/ 16,9 kgfm (tras.); total 360 cv/ 53 kgfm; baterias de íons de lítio com 13,4 kWh
- Câmbio: automático, 8 marchas, tração integral
- Suspensão: McPherson (diant.) multibraços (tras.))
- Freios: disco ventilado (diant.), sólido (tras.)
- Direção: elétrica
- Pneus: 245/35 R20
- Dimensões: compr., 478 cm; larg., 191 cm; alt., 141 cm; entre-eixos, 280 cm; peso, 1.892 kg; porta-malas, 530 l; tanque, 42 l
- Desempenho: 0 a 100 km/h, 5,2 s; veloc. máx., 250 km/h