O Leaf não é vendido no Brasil, mas quem vive no Rio de Janeiro ou em São Paulo não tem tanta dificuldade de andar no elétrico. É que, em caráter experimental, a Nissan colocou nessas duas cidades algumas unidades que rodam como táxis. Há ainda outras na polícia carioca. E o nosso, que a fábrica cedeu para fazer parte de nossa frota de Longa Duração por um ano. Missão dada, missão cumprida: depois de cerca de 10 000 km de experimentação, chegou a hora de o elétrico voltar para a Nissan. Antes, conforme prometido, vale relembrar as principais lições que ele nos deixou.
Salve simpatia
É raro encontrar alguém que não se empolgue ao conhecer o Leaf. “Que maravilha, nem parece que está ligado”, “Não vibra nadinha”, “Quero um” e “Quanto custa?”. Essas frases foram ouvidas nas ruas desde o primeiro instante em que o Nissan veio para a frota.
E a boa notícia é que, enfim, o governo federal decidiu isentar os carros elétricos do imposto de importação. “Tanto a Nissan quanto a Renault são marcas que acreditam muito nos carros verdes. Com as novas regras, ambas devem iniciar a importação de ao menos um modelo cada”, diz uma fonte ligada à Aliança Renault-Nissan.Pé-quente, o Leaf se despede de nós como o modelo que será o estreante, podendo, inclusive, vir a ser fabricado por aqui (leia mais em Via Expressa). Se fosse importado regularmente, o preço do Leaf seria de cerca de R$ 200 000. “Com o pacote anunciado pelo governo, este valor cairia para R$ 140 000. A gente sabe que ainda é alto, o que justifica o nosso pedido de mais isenções para veículos elétricos produzidos localmente”, diz nossa fonte.
Fora de estrada
A Nissan fala em uma autonomia de cerca de 160 km, mas na prática, poucas vezes conseguimos rodar 80 km com o Leaf em São Paulo sem que uma recarga fosse necessária. Ou seja, o teste inteiro do modelo foi realizado longe das rodovias, pois o curto alcance das baterias impede percursos mais longos. Para piorar, uma das cinco concessionárias a oferecer um ponto de carga rápida teve os cabos elétricos da estação roubados, pois fica do lado de fora da autorizada, à disposição dos taxistas, 24 horas por dia. Resultado, as recargas foram quase todas feitas na tomada instalada na vaga exclusiva do Leaf, na sede da Editora Abril, onde instalamos também um medidor de carga que nos permitiu calcular o custo por quilômetro rodado: cerca de apenas R$ 0,08 – considerando somente o gasto com energia elétrica. Aplicando esse mesmo raciocínio aos companheiros do Leaf da atual frota de Longa, temos: S10 (R$ 0,43), Renegade (R$ 0,35), HR-V (R$ 0,29) e Ka (R$ 0,26).
Pode parecer pouco, mas após um ano – com uma rodagem projetada de 15 000 km –, por exemplo, a conta de luz do Leaf fica em R$ 1 200. A S10, exemplar mais gastão do time, pede R$ 6 450, enquanto o Ka, o mais econômico, gera uma conta no posto de R$ 3 900. As despesas com manutenção seguem um mistério, pois como o Leaf não é importado para o Brasil, a Nissan não tem um plano de manutenção programada com preço das revisões.
Rápido e rasteiro
Como as baterias que alimentam o motor elétrico do Nissan ficam instaladas abaixo do assoalho, o Leaf conta com um centro de gravidade bastante baixo. Adicione a isso uma suspensão bem equilibrada (com curso longo e amortecimento de ação progressiva) e entende-se por que o hatch, apesar do porte avantajado, tem grande capacidade de contornar curvas, em especial as de raio mais longo. “Vou sentir saudade do Leaf. A entrega instantânea de torque e a estabilidade acima da média proporcionam uma dirigibilidade excepcional, com acelerações e estabilidade dignas de um modelo esportivo. E a cabine é espaçosa, principalmente na traseira, onde dois adultos e uma criança viajam com relativo conforto”, diz o editor Ulisses Cavalcante.
Altos e baixos
A sensação de solidez sempre foi destacada por quem dirigiu o elétrico. O acabamento é de boa qualidade: a capa da coluna de direção foi uma das poucas fontes de ruído. Mas o Leaf mostra as rugas do projeto: a central multimídia é pobre em recursos, os comandos no volante são de difícil visualização e o revestimento aveludado está fora de moda. Mas há faróis de leds, câmera de ré e estiloso seletor de direção (Drive e Eco), o que seria o câmbio em um modelo convencional.