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KTM 990 Adventure

A austríaca KTM vem com tudo para desafiar a BMW R 1200GS pelo trono das supertrail

Por Eduardo Viotti
Atualizado em 9 nov 2016, 11h52 - Publicado em 8 jul 2011, 19h13
KTM 990 Adventure

Ai, essa austríaca! Branquinha, alegre, voluptuosa… Alta e magra! E a sua vocação de legítima trail fala ao coração de um ex-trilheiro, sonhador com longas viagens de aventura. A 990 Adventure é provavelmente a melhor coisa para dar a volta ao mundo, ao lado da BMW R 1200GS, claro. E é uma delícia também para ir ao trabalho de manhã, pode crer!

A marca austríaca KTM está operando no Brasil com grandes planos para o futuro, que incluem a implantação industrial em Manaus para a montagem de motos de uma pequena street esportiva, a Super Duke 200 cc, a ser distribuída pelo Grupo Izzo. Por enquanto, fica mantendo a tensão e a expectativa em alta, apresentando suas maravilhosas peças de grande cilindrada, como esta 990 Adventure, um monumento à precisão motociclística.

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A marca de Mattighoffen (cidade industrial próxima de Salzburgo, terra de Mozart) tornou-se famosa pela produção de motos fora de estrada, tendo conquistado inúmeros títulos de motocross, enduro e rali (inclusive o último Rally Dakar). Apenas de alguns anos para cá é que vem se aventurando no asfalto. A Adventure reflete essa predileção pela terra: é uma das raras (talvez a única) supertrail a manter o aro dianteiro com 21 polegadas e o traseiro com 18. A imensa maioria de suas concorrentes (inclusive a BMW GS) já faz concessão ao asfalto, aplicando aros de 19 e 17 polegadas, respectivamente.

A teimosia da KTM em manter a ciclística trilheira tradicional rendeu bons frutos: a 990 Adventure é, de longe, a melhor fora de estrada (e também é superior em valetas e lombadas), sem perder em maneabilidade e estabilidade no piso amigo. As suspensões White Power (grife de nome politicamente incorreto que pertence à própria KTM) são de desempenho superior em qualquer condição – 21 cm de curso não é bolinho. O garfo invertido dianteiro e o monochoque com links traseiro, ambos multirreguláveis, permitem saltar com os quase 300 kg da moto em ordem de marcha (considerando um piloto graúdo) sem rebotes e aterrisagens estranhas, e mantém estabilidade no asfalto e conforto em viagens.

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É difícil perder aderência com a Adventure, embora não haja controle de tração. A moto guarda mais afagos ao velho trilheiro: o banco estreito avança sobre o tanque, permitindo o posicionamento à frente tão necessário nas manobras na terra, tanto em subidões quanto em curvas com a traseira solta. O assento é rígido, mas confortável; estreito, permite esticar a perna de dentro da curva (como terceiro apoio) ou ficar em pé com facilidade. A pegada do guidão é ao mesmo tempo relaxada para longas viagens e ampla o suficiente para a tocada off-road. É tácito que ninguém vai botar uma “mil” de 209 kg a seco nas trilhas, mas, se alguém tentar, talvez prefira a versão sem o ABS, já que o equipamento (presente na versão testada), enorme aporte à segurança, não pode ser desligado para os descidões escorregadios.

A KTM 990 Adventure é grande e imponente, com a carenagem frontal (com um para-brisa bem alto) a revestir pudicamente todo o motor. Aerodinamicamente, o conjunto é eficiente. O para-brisa é capaz de fazer passar por sobre o capacete grande parte do vento frontal, com a areia, spray, gotas e fuligem, sem causar turbulência no pescoço e nas costas do motociclista. Nem mesmo seu porte germânico intimida. Pilotos de diferentes alturas andaram na moto e ninguém reclamou dos 86 cm do banco. A ergonomia é excelente, com painel completo e de boa leitura.

O visual, entretanto, é controverso: apesar da inegável atualidade do projeto, o design é um tanto carenado demais para tamanha vocação trilheira. Nem os tanques duplos (com 19,5 litros e dois bocais de abastecimento, que chamam muita atenção), nem o belo e poderoso motor, nem mesmo o charmoso e superrígido chassi tubular de treliça estão expostos. É, nada de formas roliças nessa germânica formosura… Tudo escondidinho sob véus retilíneos de plástico industrial, como convém a uma dama austríaca que guarda o melhor de si para a hora de acelerar a sós com seu piloto.

E como reage ao comando do punho! O V2 a 75 graus começa desde logo a esquentar as coisas, mostrando que o torque de 10,2 “quilos” não é figurante, daqueles que só surgem na rotação de seu agrado, mas desde o começo do curso do acelerador. O empuxo é vibrante, delicioso: vai crescendo, crescendo e parece que nunca vai acabar. Sobra desempenho para a proposta. O motor LC8 de oito válvulas (quatro por cilindro) que a equipa foi projetado para o Paris-Dakar – e logo impedido de correr a prova, pois, segundo os organizadores, permitia velocidades excessivas no deserto, incompatíveis com o terreno…

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As relações de transmissão bem curtas lançam a isca fatal para o amante do motocross ou das trilhas: as marchas se sucedem ligeiras e fluentes, com a velocidade apertando. É uma trail pura, capaz de superar 200 km/h. É, é mesmo de babar. O bom escalonamento e os engates precisos do câmbio também ajudam na cidade, com o guidão alto sobre os retrovisores. A maneabilidade é surpreendente. Dá para ficar parado de pé, como numa moto de trial.

A versão testada é a Special Edition. Traz, incluídos no preço, dois alforjes rígidos laterais, fáceis de remover e de abrir, à prova d’água. Dificultam o acesso de quem tem pernas curtas e também o tráfego no trânsito pesado, mas facilitam a vida de quem viaja – ou de quem leva o laptop para o trabalho.

Essa branquela austríaca me fisgou. Oferece muito pelo preço, inclusive sensação de solidez total. Pena que nossa relação tenha sido tão efêmera…

TOCADA Boa na cidade, na estrada e fora dela. Tem maneabilidade, potência e segurança.

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★★★★★

DIA A DIA Enorme, mas viável. Dá para viver a vida toda a seu lado.

★★★★★

ESTILO Motor oculto, linhas retas e ângulos definidos. Moderna, mas não avançada.

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★★★

MOTOR E TRANSMISSÃO O motor é surpreendente, forte e elástico. O câmbio preciso transmite robustez.

★★★★

SEGURANÇA Com bons pneus, suspensões excepcionais e ABS, é bastante segura.

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★★★★

MERCADO A KTM sinaliza que veio para ficar e se casar com o Brasil. Caso isso se confirme ao longo do tempo, o mercado logo refletirá positivamente.

★★★

VEREDICTO

A moto testada, com mata-cachorro e alforjes, é a Special Edition, de 62900 reais, esgotada. A versão Adventure ABS é tecnicamente idêntica.

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