A nova Chevrolet Montana já não é mais novidade. Nosso contato começou com ela ainda camuflada, passando por diversos anúncios, como de suas qualidades de espaço, acabamento e tecnologia, até sua apresentação oficial. No entanto, algo muito importante ainda faltava: dirigir a picape e saber mais sobre as demais versões. Não falta mais.
Antes de contar como a nova Montana anda, vale relembrar alguns pontos sobre o modelo, começando por seu posicionamento. A picape da Chevrolet deixa de ser compacta e passa a ter o mesmo porte da Renault Oroch, ou seja, é maior que uma Fiat Strada e menor que uma Toro.
As dimensões intermediárias conversam com a motorização e com os preços, ambos também entre as picapes da Fiat. Isso deixa muito clara sua estratégia: brigar, de uma só vez, com as versões mais caras da Strada e com as mais baratas da Toro. Mais do que isso, ela promete sacramentar o fim da Oroch, que nunca teve números expressivos no mercado brasileiro. O que tende a piorar.
Por enquanto, apenas as versões topo de linha da Montana tiveram seus preços revelados. A LTZ parte de R$ 134.490, enquanto a topo de linha, Premier, começa em R$ 140.490. Ambas são equipadas com motor 1.2 turbo de até 133 cv e 21,4 kgfm, e câmbio automático de seis marchas.
Outras duas versões já foram confirmadas pela Chevrolet, mas seus preços não foram revelados até a publicação desta matéria. Tanto a configuração de entrada, que não tem sobrenome, quanto a LT, serão equipadas com o mesmo motor, mas acompanhadas de um câmbio manual de seis marchas.
Equipamentos da Chevrolet Montana 2023
Além dos preços, as listas completas de equipamentos ainda não foram divulgadas. Por ora, sabe-se que a Montana de entrada já será equipada com central multimídia MyLink de 8 polegadas, com Android Auto e Apple CarPlay sem fio, Onstar, faróis automáticos, protetor de caçamba e seis airbags. As rodas serão de ferro com calotas, de 16 polegadas.
A LT adiciona rodas de liga leve aro 16, capota marítima, rack de teto, USB traseiro e câmera de ré. Na LTZ, há detalhes cromados, rodas de 17 polegadas, sensores de estacionamento traseiros, chave presencial e piloto automático.
Já a topo de linha, Montana Premier, inclui alerta de pontos cegos, carregador de celulares por indução, faróis full led, ar-condicionado digital e acabamentos diferenciados, como os bancos que imitam couro, o cromo escurecido na grade e as rodas pintadas de grafite. Os faróis de neblina de led são acessórios, mesmo para a versão mais cara.
Acabamento e espaço da nova Montana
Ao menos na versão Premier, o acabamento da nova Montana é bom, com materiais de aparente boa qualidade e montagem cuidadosa. O destaque fica para o aplique central no painel, com material que imita a aparência de couro, tem textura emborrachada, mas que é rígido. Os bancos, que imitam couro, são do Tracker, enquanto os painéis de porta são exclusivos da Montana.
Outra exclusividade, ao menos para o Brasil, é o layout do painel, que vem do Tracker RS chinês. A central multimídia destacada é uma solução diferente dos demais modelos da plataforma que origina a Montana, como Onix, Onix Plus e Tracker.
É um artifício interessante, que traz modernidade, mas que também deixa evidente alguns problemas de equipamentos. Isso inclui o tamanho da central multimídia, que poderia ter mais do que as 8 polegadas (no Tracker RS são 10,25″) e faz sobrar uma espessa borda em preto brilhante. Mas o principal vem para a expectativa de um quadro de instrumentos digital, que não existe. No lugar, estão os mesmos mostradores analógicos do Onix.
Uma das promessas da GM diz respeito ao bom espaço geral da picape que, em tese, seria mais espaçosa que a Toro no banco traseiro. Na prática, a Montana tem mais espaço que uma Strada, mas o mesmo que uma Toro.
A partir daí há uma sequência de prós e contras, começando pelos bancos muito curtos, que terminam consideravelmente antes dos joelhos dos ocupantes. Para compensar, o assoalho é mais baixo que o normal e evita que os joelhos fiquem acima da linha do quadril. O ângulo do encosto também é bom, já que é menos vertical que nas rivais.
Por outro lado, apenas dois passageiros vão com conforto na traseira, já que o túnel central no assoalho é alto e o console invade os espaço que seria dedicado às pernas do ocupante do meio. Mais do que isso, o console, apesar de ter duas porta USB e tomada 12V, não tem saída de ar-condicionado.
Ainda sobre espaço, a picape pode levar até 874 litros de bagagens na caçamba, menos do que os 937 l da Toro. Mesmo assim, é um bom espaço. A Chevrolet diz que a intenção é de que a caçamba sirva mais como um porta-malas do que como um compartimento para trabalho.
Por isso, promete a melhor vedação contra entrada de água da categoria (com uma canaleta esculpida na borda) e tem uma série de acessórios para acomodar as bagagens de forma prática. Por exemplo: há bandejas para colocar objetos menores, para que eles não rolem pela caçamba; divisórias, para que a caçamba fique menos profunda e/ou para separar itens mais pesados de outros mais leves, etc.
Outro ponto que leva a GM a esta justificativa está na capacidade de carga da Montana, que pode levar até 600 kg nas versões automáticas e 637 kg nas manuais. A Strada tem capacidade mínima de 630 kg, enquanto a Oroch leva ao menos 650 kg. A Toro começa em 670 kg mínimos e chega a 1 tonelada nas versões a diesel.
Como anda a nova Montana 2023?
A grande dúvida sobre a picape dizia respeito à sua dirigibilidade, já que se trata de uma picape baseada em uma plataforma de compactos – de novo, Onix, Onix Plus e Tracker. As primeiras impressões, porém, foram as melhores possíveis.
Assim como suas grandes rivais Toro e Oroch, a Montana nos faz esquecer que estamos dirigindo uma picape. Por quase todo o trajeto feito, a sensação era de estar dirigindo um SUV – ou um Tracker, para ser mais preciso.
Isso graças ao conjunto de suspensão traseira, de eixo de torção com duplo batente de rigidez variável, que a GM promete ser confortável tanto com o veículo vazio, quanto carregado. Ainda não pudemos testá-lo com peso. É uma solução mais inteligente e barata no lugar de um conjunto multilink, que é caro e exigiria gastos de desenvolvimento maiores, já que nenhum outro modelo da plataforma tem este tipo de amortecimento.
Na prática, o comportamento da suspensão é de um SUV, com boa dose de conforto, bom amortecimento e desempenho suficiente nas curvas. A lembrança de que estamos em uma picape só vem em terremos mais acidentados ou elevações/depressões bruscas na pista, onde a traseira dá um leve solavanco. É sutil e o público dos SUVs certamente não se incomodará.
A dirigibilidade também é boa, considerando a direção leve e as dimensões da Montana, como o peso, de 1.310 kg na versão mais pesada, Premier. O desempenho também é suficiente com o carro vazio, com acelerações fáceis e uma boa relação do câmbio automático com o motor 1.2 turbo.
De acordo com a Chevrolet, a picape vai de 0 a 100 km/h em 10,1 segundos com câmbio automático e etanol, contra 11,7 segundos das versões manuais. Já no consumo, divulgado com gasolina, a marca promete as médias de 11,1 km/l na cidade e 13,3 km/l na estrada. Em breve, comprovaremos estes números em nossa pista de testes.
Veredicto – Com pegada de SUV e versatilidade de picape, a nova Montana deverá não apenas captar vendas de Strada e Toro, como também de alguns SUVs compactos. A grande vítima desta história, porém, será a Renault Oroch.
Ficha técnica – Chevrolet Montana Premier
Preço: R$ 140.490
Motor: flex, dianteiro, transversal, três cilindros, 1.199 cm3, 12V, turbo, 132/133 cv a 5.500 rpm, 19,4/21,4 kgfm entre 2.000 a 4.5000 rpm (gasolina/etanol)
Câmbio: automático, 6 marchas, tração dianteira
Suspensão: McPherson (diant.), eixo de torção (tras.)
Freios: discos ventilados (diant.) e tambor (tras.)
Direção: elétrica
Pneus: 215/55 R17
Dimensões: comprimento, 471,7 cm; largura, 179,8 cm; alt., 165,9 cm; entre-eixos, 280 cm; peso, 1.310; caçamba, 874 litros; capacidade de carga, 600 kg; vão livre do solo, 185,4 cm
Fotos da Chevrolet Montana 2023