Hyundai Grand Santa Fe
São 22 cm e R$ 23 mil que separam o Hyundai Grand Santa Fe da versão menor de sete lugares. Será que ele vale essa diferença?
Olhe bem os carros desta página e tente encontrar as diferenças entre eles. Um já está à venda. O outro acaba de chegar. Ambos levam sete pessoas, têm a mesma mecânica, incluindo motor, câmbio, sistema de tração 4×4, etc. Um custa R$ 164 000 e tem 4,69 metros. O outro, o novato, custa R$ 187000 e mede 4,91 metros. Um é grande, mas só o outro é Grand no nome. Enfim, vale pagar R$ 23 000 a mais pela novidade – ou um pouco mais de R$ 1 000 por centímetro adicional de carroceria? É isso o que vamos ver. O atual Santa Fe veio substituir não apenas o modelo antigo, mas também o Vera Cruz. Por isso, ele oferece dois tamanhos. O menor está disponível em versões de cinco e sete lugares. O maior e recém-chegado, só para sete, assume as obrigações do Vera Cruz.
A essa altura, você já deve ter notado algumas diferenças externas: vidros, faróis de neblina, para-choque e rodas. Mas nada que justifique pagar quase um Fiat Palio (R$ 24490) a mais. Portanto, hora de ir para a parte prática. O Grand Santa Fe tem entre-eixos de 2,8 metros, 10 cm a mais que o do Santa Fe normal. Essa diferença se reflete em um pouco mais de espaço na segunda e terceira fila de bancos. Cada uma delas ganhou cerca de 5 cm adicionais de espaço para pernas. Com a terceira fila ocupada, no modelo menor sobra um comprimento de um palmo e meio para bagagem, enquanto o irmão maior oferece dois palmos. Em centímetros, isso dá 44 no Grand e 33 no Santa Fe. Mas a diferença mesmo é em outro lugar: com os sete lugares armados, o SUV menor leva só 125 litros, enquanto o maior fica com 176. São apenas 51 litros, algo como uma mala média. Parece pouco, mas, na prática, faz muita diferença.
Outra mudança está no sistema de levantamento dos bancos no porta-malas. No Hyundai “mais compacto”, os apoios para levantar os assentos ficam embutidos no encosto. Já a versão esticada vem com alças mais compridas, porque os bancos estão um pouco mais distantes do alcance. No acesso à terceira fila de bancos, eles se equivalem no nível de contorcionismo. A fila central corre sobre trilhos, abrindo um pouco mais de espaço para quem vai lá para trás. Mesmo assim, o fundão está reservado às crianças. Para viajar bem ali, é preciso ser pequeno ou ter muita flexibilidade. Quem se qualifica nesses quesitos vai viajar um pouco melhor no modelo Grand. Os dois têm saídas de ar-condicionado para as três filas de bancos, mas no maior, a terceira fileira pode controlar a velocidade do ventilador e a temperatura. Caso os dois últimos lugares não sejam usados, os bancos ficam embutidos no assoalho do porta-malas. Assim, o espaço para cargas, de 516 litros no modelo normal, sobe para 634 litros no Grand Santa Fe. Detalhe: só o irmão maior tem abertura e fechamento elétrico da tampa traseira.
Voz feminina
Os dois compartilham o motor 3.3 V6 com 270 cv de potência e 32,4 mkgf de torque, mas na pista o Grand Santa Fe (1 832 kg) precisou de quase 1 segundo a mais para ir de 0 a 100 km/h: 9,8 ante 8,9 segundos do Santa Fe menor, que pesa 1773 kg (59 kg menos). No consumo, houve quase empate técnico na cidade (média de 7 km/l no modelo curto e 7,4 km/l no longo) e uma vantagem mais folgada na estrada para o modelo mais compacto (11,4 e 10,1 km/l, respectivamente).
Ao volante, os dois Santa Fe se comportam como se fossem menores: são ágeis, têm câmbio automático (seis marchas) bem escalonado e direção elétrica com peso ajustável em três modos (conforto, normal e esporte). O diâmetro de giro curto (para um carro dessas dimensões) facilita as manobras em locais mais apertados. A câmera de ré garante segurança nessa hora e o Auto Hold, no console, garante o conforto: com ele acionado, você pode tirar o pé do freio no semáforo em uma ladeira que o carro fica parado. Só libera o freio quando se toca no acelerador.
No geral, os dois tratam muito bem os ocupantes (pelo menos cinco deles). Há ajuste elétrico nos dois bancos dianteiros (memória para dois ocupantes do lado esquerdo) e aquecimento até para assentos da segunda fileira, algo muito raro de se ver. O teto solar panorâmico tem forração de acionamento igualmente elétrico. Ela evita aquecimento interno excessivo em dias muito quentes. Além disso, nos Santa Fe você não se sente sozinho nem nos dias em que não houver ninguém ocupando os outros seis lugares. Com base nos dados do GPS, uma voz feminina avisa caso você exceda o limite de velocidade. O tom é tão convincente que você até diminui o ritmo, para acalmá-la. E não é só nesse caso que o carro conversa com você. Em túneis, o sistema avisa a perda de sinal do GPS. E o carro ainda toca uma musiquinha quando se desliga o motor, momento em que aparece a palavra “goodbye” no quadro de instrumentos.
Ambos têm coisas que você nem se lembrou de pedir, mas também dão suas escorregadas. Caso do retrovisor interno, que não tem o antiofuscamento automático, e dos vidros elétricos, cujo comando um-toque só é possível na janela do motorista. Respondendo à pergunta do início do texto, o Grand Santa Fe só vale a pena se o motorista fizer uso regular dos sete lugares (e precisar usar o porta-malas). Se isso for uma necessidade eventual, o irmão menor – e mais barato – está de bom tamanho.
DIREÇÃO, FREIO E SUSPENSÃO
A direção elétrica tem três modos de condução. Os freios se mostraram capazes de segurar o carro de mais de 1800 kg. A suspensão independente nas quatro rodas é confortável.
★★★★
MOTOR E CÂMBIO
O conjunto mostra força em qualquer faixa de rotação. O câmbio de seis marchas está bem escalonado.
★★★★
CARROCERIA
O estilo é moderno, marcado pela ampla grade cromada. As distâncias uniformes entre as peças da lataria atestam a qualidade de construção.
★★★★
VIDA A BORDO
Sete pessoas não têm do que reclamar, desde que pelo menos duas delas sejam crianças bem-humoradas.
★★★★☆
SEGURANÇA
Há sete airbags (frontais, laterais, de cortina e de joelhos) e ESP.
★★★★
SEU BOLSO
Pagar R$ 23 000 a mais por 22 cm só faz sentido se o porta-malas for extremamente necessário.
★★★
VEREDICTO
Se você precisa de um carro de sete lugares para viajar com a família, amigos ou amigos dos filhos, o Grand Santa Fe pode ser uma boa pedida. Mas, se você necessita de dois lugares extras só ocasionalmente, a compra mais sensata será a do modelo menor. A economia de dinheiro é palpável e o sacrifício nem é tão grande assim.
>> Confira o desempenho dos carros
>> Confira a ficha técnica dos carros