Comparativos são missões desafiadoras não só para os carros, mas também para quem analisa os prós e os contras de cada modelo. Tudo precisa ser esmiuçado e colocado na balança com critério.
Assine a Quatro Rodas a partir de R$ 9,90
Quando os veículos comparados apresentam grandes diferenças, ao contrário do que se imagina, a tarefa fica ainda mais difícil, porque o avaliador não pode se deixar enganar por aspectos que não sejam realmente importantes.
Esse é o caso do embate entre o novo Jeep Renegade Sport (na versão de entrada, que custa R$ 123.908) e o Hyundai Creta Limited (na configuração que mais se aproxima do rival, em preço, por R$ 129.790), como você verá a seguir.
A diferença visual entre os SUVs talvez seja o quesito mais fácil de ser analisado. O Renegade mantém seu conhecido formato quadrado, que transmite robustez, e apresenta despojamento em detalhes como maçanetas, retrovisores e grade dianteira sem pintura, e ausência de faróis de neblina – estilo que combina com seu lado de jipe raiz. As rodas de 17 polegadas são exclusivas da versão Sport, mais simples, mas com desenho agradável aos olhos.
O Creta aposta no design ousado (e polêmico) – com tantos vincos e recortes que acabam por dividir até faróis e lanternas em várias partes – e na sofisticação. No Hyundai, a aparência da versão Limited é a mesma da imediatamente superior Platinum, o que disfarça que ela é uma das mais baratas da linha, com cromados, detalhes em cinza e rodas de 17 polegadas diamantadas.
De forma análoga, as mesmas observações podem ser feitas em relação ao interior dos SUVs. O Jeep deixa evidente que se trata da versão mais básica pela predominância do preto, comandos simples do ar-condicionado e a central multimídia, de 7 polegadas (com moldura herdada da Fiat Strada).
E o Hyundai, por sua vez, exibe um interior mais caprichado, com variações de cores e texturas, apliques em cinza e cromado, central multimídia de 8 polegadas e ar-condicionado digital.
Existe uma diferença entre os rivais, em relação ao acabamento, que merece atenção, no entanto, porque contradiz as aparências.
Apesar de mais despojado, o Renegade traz a maior parte do painel feita de material emborrachado, com montagem de qualidade evidente, sem rebarbas, com vãos uniformes e aspecto de solidez.
–
E o Creta, mais sofisticado, é pura estética, porque não tem materiais emborrachados e sua construção não mostra tanto esmero no encaixe das peças e na qualidade percebida.
No espaço da cabine, os dois SUVs se equivalem. O Renegade leva vantagem na distância para ombros, enquanto o Creta se destaca na distância para pernas.
No banco de trás, o Hyundai oferece um conforto extra, que são as saídas de ar-condicionado, recurso inexistente no Jeep. E no que diz respeito ao porta-malas, o Creta leva vantagem com 422 litros de capacidade contra 385 litros no Renegade.
–
Ruídos e vibrações O Renegade Sport abriga sob o capô um motor 1.3 turboflex de quatro cilindros, com 185/180 cv de potência (etanol/gasolina) e 27,5 kgfm de torque, entregues a 1.750 rpm. A tração é 4×2 e o câmbio é automático de seis marchas.
O Creta Limited traz um motor 1.0 turboflex de três cilindros, com 120 cv de potência e 17,5 kgfm de torque a 1.500 rpm. Sua tração também é 4×2 e seu câmbio é automático de seis marchas. Ou seja, de cara, o Renegade leva vantagem na ficha técnica, o que se reflete no desempenho.
Em nossos testes, feitos com gasolina, o Jeep foi de 0 a 100 km/h em 9,8 segundos, contra 11,3 segundos do Hyundai. O consumo de ambos ficou próximo, com ligeira vantagem para o Creta.
O Jeep fez 11,1 km/l na cidade e 13,7 km/l na estrada, enquanto o Hyundai alcançou os 11,5 km/l na cidade e 14,4 km/l na estrada.
No dia a dia, eles apresentam comportamentos distintos. O Rene-gade fica um degrau acima em dirigibilidade, com desempenho acima da média, acelerações rápidas e suaves, e direção macia, sem pretensões esportivas.
Seu motor, além de mais potente, também tem menor vibração por ter quatro cilindros. Mais do que isso, há um bom trabalho no isolamento acústico e de tremores.
A suspensão também é um ponto alto no modelo, com respostas agradáveis quando em contato com imperfeições ou buracos. O foco da suspensão do Jeep é o conforto, e ela consegue cumprir isso, mas pense que é molenga.
O trabalho de balanço lateral também é bem resolvido. Além disso, a posição alta de dirigir deverá agradar quem deseja uma pegada mais robusta.
Mesmo o Renegade sendo melhor, o Creta passa longe de ser ruim na convivência diária, pelo contrário. O problema dele é a falta de suavidade, que prejudica no conforto.
–
Ele também acelera bem, mas faz isso com mais esforço, como o nível de ruído do motor denuncia. Por falar nisso, o 1.0 tem o clássico timbre áspero dos três cilindros, que não combina e incomoda no Creta.
Outra característica não muito bem-vinda é a vibração. O start-stop acaba ajudando mais nisso do que no consumo. O câmbio tem trocas rápidas e suaves, mas repete a mania do HB20 de relutar em reduzir marchas em algumas situações, como em subidas, onde o carro vai perdendo força.
O jeito é pisar mais forte ou usar as aletas atrás do volante, para forçar a redução. Direção e suspensão fazem o Hyundai parecer um hatch, com ajustes menos confortáveis. A direção, bem direta, chega a ter ajuste esportivo.
Já a suspensão, mais rígida, transmite os problemas do asfalto com menos cerimônia e tem amortecedores com cursos menores. Bons ajustes para a dinâmica, que acaba sendo divertida, mas que talvez não transmita o conforto e a robustez procurada em um SUV.
Juízo final A lista de equipamentos de série dos modelos é o ponto crítico do comparativo. Por isso, ficou para o final. Ambos têm seis airbags, piloto automático, multimídia com Android Auto e Apple CarPlay sem fio (com 7 polegadas no Renegade e 8 no Creta), monitoramento da pressão dos pneus, câmera de ré, ESP e assistente de partida em rampas.
Porém, só o Creta tem ar-condicionado digital com saídas traseiras, sensores de estacionamento traseiros, faróis automáticos, carregador de celular por indução, chave presencial e faróis de neblina.
Já o Renegade dispensa tudo isso para ter freio de estacionamento eletrônico, faróis e lanternas full-led, detector de fadiga do motorista, assistente de permanência em faixa, frenagem automática de emergência, função Sport e sistema de tração TC+ para situações de off-road leve.
Ou seja, cada um dos SUVs tem um peso para ser colocado na balança. Enquanto o Creta foca em aparência, espaço e equipamentos de conforto, o Renegade dispensa essas características para apostar em desempenho, dirigibilidade, bom acabamento, robustez e itens de segurança.
Assim, o Jeep Renegade Sport ganha o comparativo por ser um bom e rápido companheiro do dia a dia, sem se importar com as aparências ou com equipamentos menos importantes a bordo. Além disso, o melhor acabamento fará diferença em alguns anos de uso.
Veredicto Quatro Rodas
O Creta enche os olhos por parecer mais caro e entregar mais itens de conveniência. Porém, o Renegade ganha por apostar em desempenho, segurança e nível superior de acabamento.
Testes feitos por QUATRO RODAS
Hyundai Creta | Jeep Renegade | |
0 a 100 km/h | 11,3 s | 9,8 s |
0 a 1.000 m | 33,2 s – 152,5 km/h | 31,2 s – 168,7 km/h |
Velocidade máxima | 180 km/h (dado de fábrica) | 208 km/h (dado de fábrica) |
Retomadas | ||
D 40 a 80 km/h | 5,2 s | 4,6 s |
D 60 a 100 km/h | 7 s | 6,3 s |
D 80 a 120 km/h | 8,9 s | 6,7 s |
Frenagens | ||
60/80/120 km/h a 0 | 14,8/26,4/59,2 m | 15,7/27,4/56,4 m |
Consumo | ||
Urbano | 11,5 km/l | 11,1 km/l |
Rodoviário | 14,4 km/l | 13,7 km/l |
Ruído interno | ||
Neutro/RPM máx. | 41,8/62,2 dBA | 39,8/64,1 dBA |
80/120 km/h | 63,2/69,5 dBA | 64,6/69 dBA |
Aferição | ||
Velocidade real a 100 km/h | 97 km/h | 98 km/h |
Rotação do motor a 100 km/h em 5a marcha |
2.250 rpm | 1.800 rpm |
Volante | 3 voltas | 2,5 voltas |
Seu Bolso | ||
Preço básico | R$ 129.790 | R$ 123.908 |
Concessionárias | 224 | 202 |
Garantia | 5 anos | 3 anos |
Revisões até 50.000 km | R$ 4.130 | R$ 4.386 |
Condições de teste: alt. 660 m; temp., 31,5/33 °C; umid. relat., 53/32%; press., 1.032/1.011,5 mmHg
Ficha Técnica – Hyundai Creta 1.0 TGDI
Motor: flex, diant., transv., 3 cilindros, 12V, turbo, injeção direta, 998 cm³, 120 cv a 6.000 rpm, 17,5 kgfm a 1.500 rpm
Câmbio: automático, 6 marchas, tração dianteira
Direção: elétrica
Suspensão: McPherson (diant.) e eixo de torção (tras.)
Freios: disco ventilado (diant.) e sólido (tras.)
Pneus: 215/60 R17
Peso: 1.270 kg
Dimensões: comprimento, 430 cm; largura, 179 cm; altura, 163,5 cm; entre-eixos, 261 cm; porta-malas, 422 l; tanque de combustível, 50 l
Ficha Técnica – Jeep Renegade 1.3 GSE Turbo
Motor: flex, diant., transv., 4 cil., 16V, turbo, injeção direta, 1.332 cm³, 185/180 cv (gasolina/etanol) a 5.750 rpm, 27,5 kgfm a 1.750 rpm
Câmbio: automático, 6 marchas, tração dianteira
Direção: elétrica
Suspensão: McPherson (diant. e tras.)
Freios: disco ventilado (diant.) e sólido (tras.)
Pneus: 215/60 R17
Peso: 1.468 kg
Dimensões: comprimento, 426,8 cm; largura, 180,5 cm; altura, 169,6 cm; entre-eixos, 257 cm; porta-malas, 385 l; tanque de combustível, 55 l