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Creta contra Corolla Cross: os defensores dos motores 2.0 se enfrentam

Em outros tempos, Creta e Corolla Cross talvez nunca se cruzassem no nosso mercado. Mas hoje eles estão lado a lado e disputando compradores

Por Henrique Rodriguez Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO
14 mar 2022, 11h06

Hoje em dia nosso mercado vive um momento caótico, com preços relativos tão distorcidos que fica até difícil estabelecer diferenças entre segmentos. E quem sai de casa para comprar pensando de forma cartesiana pode perder boas oportunidades sem sequer se dar conta.

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Eis aqui, neste comparativo, um exemplo. Enquanto o Hyundai Creta Ultimate 2.0 com tudo que tem direito custa R$ 160.690, o Toyota Corolla Cross XRE, mais completo entre os com motor 2.0 aspirado (ainda existem os 1.8 híbridos) custa R$ 170.250 agora, na linha 2023, após aumento de R$ 9.500 e o IPI reduzido.

Se o conflito estava alinhado em preços, uma tempestade perfeita, agora o Toyota tem itens que faziam falta e que são de série no Hyundai.

Corolla Cross
(Fernando Pires/Quatro Rodas)

Estes dois SUVs estão em uma faixa de preço onde o sarrafo está tão alto que não basta mais ter um bom motor, espaço, equipamentos inovadores para mostrar ao cunhado, faróis de led e bancos de couro.

Quem não tem equipamentos de segurança avançados, como alerta de colisão, frenagem autônoma de emergência, assistente de permanência em faixa e piloto automático adaptativo, passa vergonha.

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O Corolla Cross estava nessa até agora, quando a Toyota conseguiu vencer a crise dos semicondutores que obrigou a restringir o pacote “Safety Sense” (no Creta, se chama Smartsense).

Corolla Cross
O Corolla Cross até usa materiais de melhor qualidade em alguns poucos locais, mas o aspecto da cabine beira o simplório. (Fernando Pires/Quatro Rodas)

Por quase um ano equipou apenas a topo de linha híbrida XRX, que já custa R$ 200.160. Agora são equipamentos de série em todas as versões do japonês nascido em Sorocaba (SP) e o quadro de instrumentos digital só fica de fora da versão básica XR (R$ 158.790).

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Você deve ter reparado que tanto o Creta quanto o Corolla Cross têm motores 2.0 naturalmente aspirados, algo quase acintoso quando a grande maioria dos seus respectivos rivais estão usando pequenos motores turbo em nome da eficiência.

E não há nada de errado nisso: o Creta 2.0 é mais rápido e econômico que suas versões 1.0 turbo e o Corolla Cross 2.0 já provou ser mais econômico e rápido no 0 a 100 km/h que os rivais Jeep Compass 1.3T e VW Taos 1.4T (confira na pág. 40), ainda imbatíveis nas retomadas. Eles desconstroem aquela ideia de que o turbo é o futuro e a solução dos motores a combustão.

Corolla Cross
Central multimídia está defasada (Fernando Pires/Quatro Rodas)

Os motores 2.0 só precisavam de um pouco de atenção. O Creta 2.0 tinha bom desempenho na geração passada, mas não era eficiente e, sendo bem sincero, o câmbio automático parecia lutar contra o carro.

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Isso teve fim com uma série de mudanças em componentes internos e nos mapas da injeção e da atuação do duplo comando de válvulas variável. Isso foi suficiente para rebatizar o motor 2.0 Nu como “Smartstream”, ainda que só tenha ganhado 1 cv, passando aos 167 cv com álcool.

O câmbio automático de seis marchas também ganhou uma nova programação e agora é possível esquecer que ele existe, por mais que seja tentador usar as borboletas para trocas sequenciais.

Corolla Cross
Corolla Cross tem motor mais moderno, mas essa vantagem só compensou seu peso maior (Fernando Pires/Quatro Rodas)

A mecânica até pode se adaptar ao gosto do motorista por meio dos quatro modos de condução, do preguiçoso modo Eco ao impetuoso modo Sport, que deixa a direção pesada e o quadro de instrumentos digital com fundo vermelho.

É difícil cravar isso, mas é possível que o Toyota Corolla Cross tenha um dos melhores motores aspirados da atualidade. Além de duplo comando de válvulas variável, traz dois sistemas de injeção: a indireta, convencional, e a direta, que otimiza o desempenho e aumenta o torque, mas não é a ideal para todos os cenários e regimes. É trabalhando essas variáveis que ele consegue entregar até 177 cv a elevados 6.600 rpm.

Corolla Cross
Porta-malas tem 440 litros de capacidade (Fernando Pires/Quatro Rodas)

Una a ele o câmbio CVT com dez marchas, sendo a primeira delas física, com engrenagens como em um câmbio automático convencional.

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Foi uma solução engenhosa para eliminar a demora para arrancar com um carro CVT (especialmente em ladeiras), mas sem abrir mão da eficiência deste tipo de transmissão em velocidades mais altas e de cruzeiro.

Corolla Cross x Creta
Na pista, os dois tiveram o mesmo desempenho (Fernando Pires/Quatro Rodas)

Uma diferença importante no Corolla Cross é que mesmo no modo Eco ele parece ter muito mais disposição que o Creta no modo Sport. Dá a impressão de que tem força disponível a todo momento, sem precisar atrasar as respostas do acelerador ou criar resistência para reduzir marcha, como faz o Hyundai. Se selecionar o modo Power, melhor ainda.

Parece que não há situações em que seja necessário usar as borboletas sequenciais e quem insistir vai se atrapalhar em tantas marchas simuladas até conseguir sentir alguma diferença.

Hyundai Creta
(Fernando Pires/Quatro Rodas)

São meros detalhes que disfarçam algo improvável: os dois SUVs têm rigorosamente o mesmo desempenho, com diferenças nas frações de segundo. O Corolla parece ser mais rápido no mundo real, mas, em nossa pista, ambos chegaram aos 100 km/h após 10,5 s com os pés cravados no acelerador.

Enquanto o Creta é mais capaz nas frenagens, o Corolla Cross mostra pequena vantagem nas retomadas e consegue percorrer 500 m a mais com cada litro de gasolina, na cidade, fazendo 12 km/l. No consumo rodoviário, empate técnico: 15,3 km/l no Hyundai e 15,4 km/l no Toyota.

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Creta
Creta consegue criar um ambiente sofisticado com materiais mais simples, porém com montagem melhor. (Fernando Pires/Quatro Rodas)

Talentos opostos

O Hyundai Creta agrada a quem prefere um acerto de suspensão mais firme, que deixa sentir o asfalto, mas não condena o conforto. A carroceria não rola nas curvas, mas talvez esse acerto não combine com a direção desmultiplicada e com o volante com diâmetro sensivelmente menor. Você precisa girar mais o volante para o carro reagir.

Já o Toyota Corolla Cross assinou e registrou em cartório um compromisso com o conforto. Sem comprometer a dinâmica, consegue filtrar quase tudo que se passa no asfalto.

Creta
Sua central é rápida e permite acesso remoto via celular (Fernando Pires/Quatro Rodas)

O problema é que o motorista também passa a sentir todo o molejo dos componentes da suspensão e a grande oscilação vertical. A direção mais direta do Corolla combina melhor com a dinâmica do Creta.

O Hyundai Creta é bem menor que o SUV do Corolla. São 4,30 m no comprimento contra 4,46 m, e 1,79 m de largura contra 1,82 m no Toyota que, porém, não soube aproveitar essa vantagem.

O Corolla Cross concentra essa vantagem nos balanços dianteiro e traseiro, porque seu entre-eixos fica nos 2,64 m (1 cm a menos que em um VW T-Cross, por exemplo), enquanto o Hyundai Creta se defende com 2,61 m.

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Creta
motor 2.0 não é tão sofisticado, mas se mostrou competente (Fernando Pires/Quatro Rodas)

Mas o que faz toda a diferença na prática é como cada carro aproveita o espaço interno. Repare na tabela de ergonomia na página ao lado: a cabine do Creta tem praticamente a mesma largura que a do Corolla, que só traz uma grande vantagem no espaço para a cabeça por seus assentos serem baixos.

Quem oferece mais espaço para as pernas no banco traseiro é o Hyundai Creta, com 4 cm de vantagem, mesmo com entre-eixos 3 cm menor.

A cabine ainda ajuda a entender melhor o posicionamento de cada carro. O Corolla Cross é pouco inspirado: tudo é preto, sem grandes arrojos e até um pouco desinteressado em fazer algo mais interessante e que transmita mais qualidade. Tudo bem que todas as portas dele têm plásticos macios ao toque, como a faixa central do painel, mas foi um esforço em vão.

Creta
Porta-malas de 422 litros do Creta é um pouco menor. (Fernando Pires/Quatro Rodas)

O Hyundai Creta Ultimate só tem plásticos rígidos na cabine, alternando-se entre tons de marrom, bege e o piano black do console central. Sim, os nichos beges no painel são de plástico com textura que imita tecido e costuras falsas (o que é absolutamente dispensável), e o reflexo deles no para-brisa causa incômodo.

Todo esse exagero, porém, quando combinado aos bancos bicolores com a seção central perfurada e a profusão de detalhes que imitam aço escovado criam um ambiente delicado e atraente. O Creta aparenta ser um carro especial.

A lista de equipamentos do Hyundai ainda dá uma aula ao Toyota. Enquanto o Corolla Cross tem freio de estacionamento no pedal, como velhas picapes, o Creta vem com freio de estacionamento eletrônico com auto-hold.

Corolla Cross
Os dois carros têm saídas de ar-condicionado e portas USB para a fileira de trás. No Creta, o assento traseiro é mais elevado (Fernando Pires/Quatro Rodas)

A central multimídia do sul-coreano de Piracicaba (SP), além de ser maior (10,25” contra 8”), tem altíssima resolução e é rápida, enquanto a do Corolla Cross lembra os tempos do VHS.

E é provável que os compradores do Corolla Cross gostassem de ter, pelo menos como opcional, um teto solar, item de série neste Creta Ultimate – que ainda tem câmeras de visão 360o, com direito a exibição das imagens das laterais no quadro de instrumentos ao dar seta e banco do motorista ventilado.

O Toyota Corolla Cross XRE é um carro óbvio, até previsível. O Hyundai Creta Ultimate, porém, não nos surpreendeu apenas pelo visual excêntrico: ele tem grandes qualidades, é mais espaçoso, mais equipado e ainda custa R$ 11.000 a menos. Por isso, o Creta vence este comparativo.

Hyundai Creta
(Fernando Pires/Quatro Rodas)

Testes feitos por QUATRO RODAS

Creta Corolla Cross
Aceleração
0 a 100 km/h 10,55 s 10,5 s
0 a 1.000 m 31,74 s – 166,1 km/h 31,76 s – 167,9 km/h
Velocidade máxima 190 km/h * 195 km/h *
Retomadas
D 40 a 80 km/h 4,54 s 4,39 s
D 60 a 100 km/h 6,10 s 5,5 s
D 80 a 120 km/h 7,23 s 6,98 s
Frenagens
60/80/120 km/h a 0 13/28/60 m 14,8/26,6/61,8 m
Consumo
Urbano 11,5 km/l 12 km/l
Rodoviário 15,3 km/l 15,4 km/l
Ruído interno
Neutro/RPM máx. 41,6/65,5 dBA 40,5/64,8 dBA
80/120 km/h 65,2/71,5 dBA 61,8/68,9 dBA
Aferição
Velocidade real a 100 km/h 96 km/h 95 km/h
Rotação do motor
a 100 km/h em 5a marcha
2.250 rpm 1.500 rpm
Volante 3 voltas 2,7 voltas
Seu Bolso
Preço básico R$ 162.690 R$ 173.690
Concessionárias 224 216
Garantia 5 anos 5 anos
Revisões até 60.000 km R$ 4.214 R$ 5.077

Condições de teste: alt. 660 m; temp., 35/27 °C; umid. relat., 44/47%; press., 1.012/1.014 mmHg

Ficha técnica – Hyundai Creta Ultimate 2.0

Motor: flex, diant., transv., 4 cil., 16V, aspirado, comando de válvulas variável na admissão e no escape, injeção indireta, 1.999 cm³, 167/157 cv a 6.200 rpm, 20,6/19,2 kgfm a 4.700 rpm
Câmbio: automático, 6 marchas, tração dianteira
Direção: elétrica
Suspensão: McPherson (diant.) e eixo de torção (tras.)
Freios: disco ventilado (diant.) e disco sólido (tras.)
Pneus: 215/55 R18
Peso: 1.300 kg
Dimensões: comprimento, 430 cm; largura, 179 cm; altura, 163,5 cm; entre-eixos, 261 cm; porta-malas, 422 l; tanque de combustível, 50 l

Ficha técnica – Toyota Corolla Cross XRE 2.0

Motor: flex, diant., transv., 4 cil., 16V, aspirado, comando de válvulas variável na admissão e no escape, injeção indireta e direta, 1.987 cm³, 177/169 cv a 6.600 rpm, 21,4 kgfm a 4.400 rpm
Câmbio: CVT com simulação de 9 marchas e 1
a fixa, tração dianteira
Direção: elétrica
Suspensão: McPherson (diant.) e eixo de torção (tras.)
Freios: disco ventilado (diant.) e disco sólido (tras.)
Pneus: 225/50 R18
Peso: 1.420 kg
Dimensões: comprimento, 446 cm; largura, 182,5 cm; altura, 162 cm; entre-eixos, 264 cm; porta-malas, 440 l; tanque de combustível, 47 l

Veredicto Quatro Rodas

O Toyota Corolla Cross precisa rever algumas questões para conseguir se afirmar como SUV médio. O Hyundai Creta agrada mais e anda igual custando muito menos.

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A edição 755 de QUATRO RODAS já está nas bancas!
A edição 755 de QUATRO RODAS já está nas bancas! (Arte/Quatro Rodas)
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