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Husaberg TE 125

O prazer dos dois-tempos ressurge com esta sueca

Por Edu Zampieri | fotos: Marco de Bari
12 mar 2012, 13h32 • Atualizado em 9 nov 2016, 11h56
  • Husaberg TE 125

    Nunca serão, jamais serão! A frase do capitão Nascimento, personagem do filme Tropa de Elite, lembrada pelo campeão de UFC Anderson Silva depois de uma vitória, cabe como abertura desta reportagem. É que, apesar das qualidades das motos quatro-tempos, elas jamais serão tão leves quanto as dois-tempos.

    Uma moto com motor dois-tempos, além do ruído – alucinante -, tem a leveza como maior qualidade. Incapazes de atender às normas antipoluição, elas deixaram as ruas. Mas poder contra com essa mecânica simples e acessível para o enduro é uma dádiva.

    O representante da Husaberg no Brasil cedeu a TE 125 novinha para que fosse torturada. Na entrega da moto, nos foi recomendado verificar a carburação, pois a moto tinha acabado de sair da caixa. Car-bu-ra ção?

    Nada de válvulas, comandos, nada de corrente de comando, nada de injeção eletrônica, partida elétrica, bomba elétrica etc. Apenas o bom e velho cilindro com palhetas de torque na admissão e um carburador de guilhotina vaporizando gasolina com óleo.

    Como dono de uma 450 cc com injeção eletrônica – e às voltas com testes de dezenas de modelos quarto tempos, inclusive as Husaberg 390 e 450 -, andava reticente sobre o que uma 125 dois-tempos poderia oferecer. É, mas no momento em que a tirei da picape, senti que aquela “bicicleta” iria render um excelente dia de alegrias.

    A TE 125 pesa somente 95 kg (sem gasolina). Então ela é pobre, certo? Errado, ela tem lanterna, farol, embreagem hidráulica Magura, rodas DID japonesas, suspensão White Power, freios Brembo e painel completo, com velocímetro, horímetro, hodômetros, cronômetro, tudo digital. Bateria? Não tem. A partida é a pedal e muito fácil.

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    Hora Husa

    Fui me equipar e deixei o motor ligado para esquentar. Coisas de carburador. A fumacinha que saiu quando liguei já era invisível depois de algum tempo e o motor, cada vez mais afinado, queria gritar sem soltar fumaça.

    De repente, o motor apagou e não queria pegar. O que você faz quando sua quatro-tempos com injeção apaga no meio do mato e só a concessionária tem software e scanner para saber o que é? Numa dois tempos, uma pane assim só pode ser causada por duas coisas. Ou não está vindo faísca da bobina – o que seria quase impossível em uma moto zero que estava ligada – ou a torneirinha estava fechada. Bingo! Conheço jovens pilotos que nunca viram uma torneirinha de tanque.

    Um problema de alimentação numa moto de enduro carburada é resolvido com uma chave de fenda. Se você tiver certeza de que tudo está ok e ela ainda assim não quiser pegar, recorra a um “velho truque índio”: com o cabo de uma chave (pode ser substituído por uma pedra e uma dose suplementar de carinho), bata na cuba do carburador para desengripar a boia ou a agulha presas. Depois, deite a moto para ver se vaza gasolina do respiro. Vazou um pouco? Levante a moto e tente novamente. Resolvido. Simples assim.

    Nos primeiros metros de trilha, percebi que a suspensão está acima da excelência. Com infinitas regulagens, ela estava bem acertada para a condição: macia, copiando as irregularidades do asfalto e mantendo a moto bem apoiada. Diferentemente de uma quatro- tempos, em que há resposta em baixa para salvá-lo de um trilho errado, com a 125 dois-tempos basta puxar a moto, como se faz com bicicletas. Alivie a pressão dos pés e puxe para colocá- la na direção que você realmente deseja ir. Incrível a capacidade de conseguir colocar a moto onde você quer.

    Saltos e subidas repletas de erosão, ela supera com facilidade e conforto. Diferentemente de uma moto de cross adaptada para enduro, o chassi da FE 125 nasceu para isso. Os pneus Michelin Enduro Competition 3 e a bela e eficiente balança da suspensão traseira garantem a tração afinada. Nem muito brusca, como uma 450 cc quatro-tempos, nem fraquinha como uma 125, 200 ou 250 cc quatro-tempos. Ela não espana a traseira de um lado para outro quando aceleramos com fé; ela traciona e levanta a frente: uma delícia.

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    Se não fosse o ruído estridente de um motor dois-tempos, a pilotagem com os joelhos bem próximos um do outro e toda a leveza do conjunto, seria possível imaginar que estamos sobre uma mountain bike com motor. Não há muita resposta em baixas rotações, mas basta usar um pouco o manete de embreagem que ela urra, afina e grita de média para alta. Uma emoção revitalizada, emocionante até para quem está assistindo ao show.

    Além da saúde do motor, que sobe e desce de giro com velocidade, o visual dessa Husaberg 2012 é de excelente bom gosto. Tanque transparente, plásticos azuis e quadro amarelo. Chamam atenção as regulagens do guidão, podendo ser instalados mais para a frente ou para trás na mesa, e as possibilidades de ajustes dos manetes.

    Com olhos clínicos e meticulosos, percebemos que ela é semelhante a uma KTM 125 EXC. Não é só semelhança. Ela é produzida na Áustria, com ingredientes das KTM, mas temperada por chefs suecos. No CDI, podemos ler a estampa KTM, assim como no quadro e nas suspensões WP, idênticas. Mudam apenas as mesas da coluna de direção, que são negras, usinadas em alumínio e ligeiramente mais largas.

    Curiosa a suspensão traseira sem links. A base do amortecedor é fixada diretamente na balança e, além de ser multirregulável, oferece curso de roda de exorbitantes 33,5 cm. A FE 125, como toda boa enduro, é destinada a pilotos altos. O banco está a quase 1 metro do chão e a distância minima do solo é de 38,5 cm. Não se esqueça que estamos em uma moto pequena, de apenas 1,47 metro (com variação de cerca de 10 mm) de entre-eixos e que pesa menos de 100 kg.

    Alguns detalhes estavam perdidos no passado. Você terá que levar oleo dois-tempos para fazer a mistura com a gasolina. Eu adoro o cheiro de gasoline que fica impregnado na mão durante essa operação, mas tem gente que odeia. A fábrica declara a porcentagem óleo/gasolina de 1:60, mas isso pode variar até 1:40 sem problemas. Cabem 11 litros no tanque da FE 125, que além de contar com posição reserva na torneirinha, ainda é de plástico transparente para você acompanhar o consumo. É ou não é o marcador de nível de combustível mais eficiente que existe?

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    Preço premium

    Ao preço de 28 000 reais, não é uma moto barata. Husaberg nunca foi marca de preço baixo, por dois motivos. Primeiro porque é importada da Áustria e, com todos os impostos, o valor mais que dobra em relação à Europa. Segundo porque é uma marca premium, que usa componentes caros. São leves e resistentes, como uma máquina vencedora deve ter. Além do mais, é produzida em pequena escala. É moto exclusiva, que se destaca da massa dos motociclistas na pista ou na trilha. Se o problema não for dinheiro, essa pequena Husaberg oferece tudo isso.

    TOCADA

    Na mão. Apesar do caráter explosivo do motor, é possível colocá-la exatamente onde se quer.

    ★★★★ DIA A DIA

    Não foi desenvolvida para isso, pois é uma moto de competição. Porém se fosse permitido licenciá-la, seria um brinquedo bem divertido.

    ESTILO

    Radical, com equipamentos ricos e eficientes. A configuração de cor salta aos olhos diante da concorrência. Amarelo e azul, como a bandeira sueca.

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    ★★★★★

    MOTOR E TRANSMISSÃO

    Não tem curva de giro linear. Perde muito em baixos giros e compensa em alta. Bom em alta velocidade, mas ruim em trechos travados.

    ★★

    SEGURANÇA

    Com sistema de freios Brembo e suspensões superdimensionadas, fica fácil andar no limite.

    ★★★★ MERCADO

    Para os saudosistas que amam os doistempos, é o que há de mais moderno. Todo o lote 2011 e o primeiro 2012 já foi vendido, comprovando que há demanda. Mesmo assim, não é moto para negócio, mas para comprar e divertir-se muito.

    ★★★

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