GWM Tank 300 é jipe raiz mesmo sendo híbrido? Testamos no asfalto e na terra
GWM Tank 300 é um jipe híbrido plug-in, montado sobre chassi de longarinas, transmissão 4x4 com caixa de transferência e real capacidade off-road

Em uma estratégia acertada, a GWM não nega as inspirações do Tank 300. Primeiro integrante da família de SUVs com apelo de luxo e real vocação off-road no Brasil, o jipão nasce a partir de ícones do fora de estrada como Mercedes-Benz Classe G, Jeep Wrangler e os Defender. E as influências não são apenas visuas: o chinês também segue a proposta de carro versátil sendo um SUV urbano, com reais aptidões off-road, mesmo nas condições mais extremas. É um 4×4 raiz, como se costuma dizer.
O Tank 300 estreou em abril, em versão única, por R$ 333.000. Esse valor fica abaixo do preço de rivais como Mitsubishi Pajero Sport, Toyota SW4, Discovery Sport e Audi Q5, que, em média, custam entre R$ 400.000 e R$ 500.000. E apenas R$ 9.000 a mais do que o Haval H6 GT, versão topo do SUV civil da marca, digamos assim, com carroceria cupê. Esse preço de lançamento seria válido até 1° de maio, mas como o primeiro lote, com 500 unidades, esgotou em uma semana e até agora há 1.000 unidades encomendadas, a marca prorrogou este valor até regularizar a demanda.

No visual, a dianteira traz um conjunto único de grade e faróis full-led, estes redondos, mas com uma faixa horizontal que garante certa originalidade. A traseira tem lanternas retangulares de led e o estepe fixado na tampa. Neste caso, por ser um legítimo off-road, o pneu sobressalente exposto torna a missão de troca, se necessária, mais prática e não tem apenas função estética.
De lado, o Tank 300 evidencia o formato quadrado e o porte de SUV médio, com seus 4,76 m de comprimento, 1,90 m de altura e 2,75 m de entre-eixos. As rodas são de 18”, em preto brilhante, com pneus 265/60 todo terreno. Outros indícios da vocação do Tank 300 estão nos para-choques e para-lamas, pronunciados e de plástico sem pintura, e no estribo lateral fixo.

Os consagrados jipões ocidentais também são lembrados a bordo. No interior do 300 há um pouco de Wrangler e de Classe G. Entre as semelhanças estão o painel vertical e recuado, com saídas de ar redondas e uma alça à frente do passageiro, o volante e os parafusos aparentes. Destoa, porém, a alavanca de câmbio do tipo joystick, mas com formato futurista demais para o entorno.
























Voltando ao painel, entre as duas saídas de ar centrais, há um elemento redondo com comandos de ar e pisca-alerta, além de um relógio analógico (à la Mercedes), e iluminação ambiente em filetes e nas saídas de ar, com 64 opções de cores distintas. Embutidas, as duas telas têm 12,3” cada uma: o quadro de instrumentos permite diferentes visualizações e boa qualidade de imagem, e a multimídia conecta Android Auto e Apple CarPlay sem fio, e recebe atualizações remotas (over-the-air).

é luxuoso, como
o estilo sugere (Fernando Pires/Quatro Rodas)
Elogio: mesmo com sistemas completos, o Tank mantém uma boa quantidade de comandos físicos de funções importantes, especialmente para off-road.
Luxo X lama
O acabamento, por sua vez, exibe altos e baixos. A parte superior do painel e das portas dianteiras tem material emborrachado, os bancos e os painéis de porta trazem revestimento sintético de boa qualidade, com costuras diferenciadas, e há mistura de brilhos e texturas. Na porção central à frente do passageiro existe um aplique prateado com desenhos geométricos e, onde há as saídas de ar centrais, o material exibe textura levemente áspera. Em geral, parece mais simples do que se espera para um modelo de apelo luxuoso, mas combina com a proposta de um carro voltado ao off-road. Basta alinhar as expectativas.

Entre os equipamentos de tecnologia e conveniência, o Tank 300 vai muito bem. Além do sistema multimídia, há ar-condicionado digital bizona, teto solar elétrico, faróis full- -led com fachos baixo e alto automáticos, bancos dianteiros com ajustes elétricos, aquecimento e ventilação, banco do motorista com memórias de posição e massagem, aquecimento de volante, carregador de celular por indução de 50 W, Wi-Fi nativo, sistema de som de 640 W e nove alto-falantes, e seis airbags.

Há também sistemas de auxílio à condução (ADAS), como piloto automático adaptativo, frenagem automática de emergência, monitoramento de pontos cegos, sistema de permanência e centralização em faixa, alerta de tráfego cruzado dianteiro e traseiro, reconhecimento de placas de velocidade e sistema de estacionamento autônomo (que dispensa qualquer ação do motorista).
O Tank 300 tem ainda um sistema de manobra reversa, que refaz os últimos 50 metros percorridos em direção oposta, com reconhecimento de possíveis novos obstáculos que tenham surgido pelo caminho.

Para passageiros do banco traseiro do Tank 300, os 2,75 m de entre-eixos sugerem mais conforto do que realmente é oferecido. O espaço é apenas suficiente para pessoas de até 1,80 m. Quem ali estiver, porém, não se preocupará com o túnel central (que é baixo) e terá à disposição duas portas USB e saídas de ar-condicionado. Já o porta-malas (cuja tampa se abre para a lateral direita, o lado da calçada) surpreende com 863 litros.
Baterias protegidas
O Tank 300 é um híbrido plug-in equipado com um motor 2.0 turbo a gasolina e outro elétrico posicionado entre o motor a combustão e o câmbio. Ou seja: trata-se de um motor elétrico dianteiro. Juntos, os dois motores rendem até 394 cv e 76,4 kgfm – a GWM não divulga números de potência e torque de cada motor isolado. O câmbio é automático de nove marchas.

Para completar o conjunto híbrido, a bateria que alimenta o motor tem 37,1 kWh de capacidade (mais do que os 34 kWh do Haval H6 PHEV34) e aceita recargas lentas (AC) de até 6,6 kW e rápidas (DC) de até 50 kW. A bateria fica posicionada acima do eixo traseiro e protegida por longarinas, para maior segurança em trechos mais extremos.
Com esse conjunto, em nossos testes, o jipão da GWM foi de 0 a 100 km/h em 6,8 segundos. O consumo, feito em modo híbrido com a bateria em carga baixa, foi de 7,7 km/l na cidade e 7,2 km/l na estrada. Segundo a marca, com a bateria cheia, ele chega às médias de 18,4 km/l na cidade e 18,7 km/l na estrada. Com carga cheia, a autonomia elétrica projetada é de 75 km, também segundo a GWM. É possível escolher entre três modos de condução: elétrico, híbrido ou inteligente, que recarrega a bateria em movimento, com o motor a combustão como gerador de energia.
Caixa de transferência

O Tank 300 tem caixa de transferência e usa um eixo cardã para transmitir força às rodas traseiras, ao contrário de grande parte dos híbridos, que utilizam um motor elétrico traseiro para criar a tração nas quatro rodas. No Tank, a transmissão é mecânica, com direito a bloqueios eletrônicos dos diferenciais dianteiro, traseiro e central – algo que se vê em modelos muito mais caros, como o Classe G.
A tração tem os modos 4×2, 4×4 e 4×4 com reduzida, e pode ser acompanhada por modos de condução diferentes. No 4×2 há Normal e Expert; no 4×4, o Normal, Neve e Expert; no 4×4 com reduzida, há o Montanha, Rocha, Lama e Areia, e Estrada Acidentada. Ainda para encarar a terra, ele tem itens como piloto automático off-road (que conduz o modelo em velocidades reduzidas sem que o motorista precise interferir nos pedais), assistente de manobra (sistema que reduz em até 20% o diâmetro de giro para manobras em trilhas mais apertadas), chassi transparente (que permite ver o terreno à volta e abaixo do modelo a partir de projeções de câmeras) e assistente de descidas, além de uma interface com bússola, inclinômetro, altitude.

Tudo isso dá ao Tank duas personalidades bem definidas e diferentes. Ele pode ser um confortável e valente SUV do dia a dia, com desempenho de esportivo e bom consumo, e dirigibilidade. Com ajustes exclusivos para o Brasil, a direção chega a ser direta para a proposta do carro, com peso agradável – mas há possibilidade de alterar a dinâmica entre os modos Leve, Conforto e Esportivo.
A suspensão também tem acerto próprio para o mercado brasileiro e é firme, tanto no contato com as imperfeições do solo quanto em altas velocidades e curvas, onde mantém boa estabilidade e transmite segurança. Não convém abusar, porém, já que ainda se trata de um carro alto, com 2.630 kg, apesar do desempenho. Sua segunda personalidade, e a que mais se sobressai, é a de um legítimo off-road, com estrutura parruda e a ajuda da tecnologia.


O modelo encara terra e lama, e tem bons 22,2 cm na distância para o solo, 32o no ângulo de entrada e 33o no de saída para enfrentar aclives e declives íngremes sem danos, além de mergulhar sem medo na água graças aos 70 cm de capacidade de imersão. Durante nossos testes em situações até difíceis, o jipão comportou-se, de fato, como gente grande – ou como os jipões que serviram de inspiração.
Veredicto Quatro Rodas
O Tank 300 é capaz de fazer boa figura nas rampas de um shopping center ou em uma trilha 4×4 radical, assim como os modelos que o inspiraram. Só não espere tanto luxo no acabamento.
Ficha Técnica – GWM Tank 300
Motor: gas., 4 cil., 1.998 cm³, turbo, inj. direta; elétrico diant.; pot. comb., 394 cv; torque comb., 76,4 kgfm
Bateria: íons de lítio, 37,1 kWh; pot. de recarga, 6,6 kW (AC), 50 kW (DC)
Câmbio: aut., 9 m., tração 4×4
Direção: elétrica
Suspensão: McPherson (diant.), eixo rígido five-link (tras.)
Freios: a disco Pneus: 265/60 R18
Dimensões: compr., 476 cm; larg., 193 cm; alt., 190 cm; entre-eixos, 275 cm; peso, 2.630 kg; porta-malas, 863 l; tanque, 70 l
Teste Quatro Rodas – GWM Tank 300
Aceleração | |
0 a 100 km/h | 6,8 s |
0 a 1.000 m | 27,6 s / 181,8 km/h |
Velocidade máxima* | 180 km/h (limitada) |
Retomadas | |
D 40 a 80 km/h | 2,9 s |
D 60 a 100 km/h | 3,8 s |
D 80 a 120 km/h | 5 s |
Frenagens | |
60/80/120 km/h a 0 | 16,3/28,7/63,7 m |
Consumo | |
Urbano | 7,7 km/l |
Rodoviário | 7,2 km/l |
Ruído interno | |
Neutro/RPM máx. | 43,8/- dBA |
80/120 km/h | 57,8/63,4 dBA |
Aferição | |
Velocidade real a 100 km/h | 95 km/h |
Rotação do motor a 100 km/h | 2.000 rpm |
Volante | 3 voltas |
Seu Bolso | |
Preço básico | R$333.000 |
Garantia | 5 anos |
Condições de teste: alt. 660 m; temp., 27 °C; umid. relat., 60%; press., 765 mmHg. Realizado no ZF Campo de Provas