PRORROGAMOS! Assine a partir de 1,50/semana
Continua após publicidade

Grandes Comparativos: os superblindados do Exército brasileiro nos anos 80

Numa época em que não se falava de carros blindados no Brasil, avaliamos dois veículos de guerra na terra e na água

Por Da Redação
Atualizado em 28 fev 2020, 15h45 - Publicado em 14 Maio 2018, 21h47
Tanque Cascavel EE-9, canhão de 90 mm, fabricado pela Engesa.
Tanque Cascavel EE-9: blindado a toda prova (Arquivo/Quatro Rodas)

Você está mais do que acostumado a ouvir falar de blindados nas ruas brasileiras. Com a escalada da violência nas grandes cidades, muita gente reforça a proteção de seus automóveis com placas de aço que viram escudos à prova de bala.

Três décadas atrás, isso soaria como extravagância ou maluquice. Naquele tempo, veículo blindado? Só os tanques de guerra usados nos combates ou em manobras militares.

É claro que esses brucutus não fazem parte do trânsito do dia a dia. Mesmo assim, em 1984, QUATRO RODAS quis saber como andavam esses blindados e avaliou os modelos Urutu EE-11 e Cascavel EE-9, fabricados pela empresa brasileira Engesa e cedidos pelo Exército.

O teste não se limitou a asfalto ou pisos acidentados. Por ser um veículo anfíbio, o Urutu também navegou nas águas do Lago Paranoá, em Brasília (DF).

Grandes Comparativos: Urutu EE-11 x Cascavel EE-9
O Urutu encarava os terrenos mais acidentados possíveis (Arquivo/Quatro Rodas)

Brasília, aliás, havia sido o centro das atenções naquele ano. Com manifestações em todo o país pedindo eleições diretas – movimento que ficou conhecido como Diretas Já -, o povo pressionou o Congresso para que aprovasse a Emenda Dante de Oliveira, que restabelecia o direito ao voto para presidente após 20 anos de regime militar.

Continua após a publicidade

A emenda não passou e só voltaríamos às urnas para escolher o presidente cinco anos depois.

Barulho de hélices

Como os tanques felizmente não precisaram ir às ruas para garantir a ordem, dois deles foram utilizados na avaliação do repórter Luiz Bartolomais Júnior, que começou com o Urutu.

Às margens do lago, depois de pôr para funcionar o motor diesel Mercedes OM-352 AS de 180 cv, a primeira providência foi ativar o sistema de navegação: “Escuto o barulho das hélices começando a girar. Ao mesmo tempo, fecha-se o compartimento do motor e levanta-se a prancha quebra-ondas, que fica no nariz do blindado”.

Outra medida importante era ativar o sistema que injetava ar nas caixas de câmbio e o de redução dos eixos para impedir a entrada de água, para não contaminar o óleo e prejudicar a lubrificação das engrenagens.

Grandes Comparativos: Urutu EE-11 x Cascavel EE-9
Modelo anfíbio, o Urutu EE-11 pode fazer manobra na aguá até 12 km/h (Arquivo/Quatro Rodas)
Continua após a publicidade

Com o diferencial bloqueado e a tração dianteira ligada, o imenso bloco de metal de 11 toneladas se movimentou devagar. “As rodas dianteiras tocam o lodo e as águas começam a subir”, descreve o texto.

Em pouco tempo, o Urutu está flutuando.

A terceira marcha é engatada para aumentar a rotação das hélices, fazendo a “embarcação” navegar a 12 km/h.

Na água, o Urutu reage com um atraso de 15 segundos às manobras realizadas. Voltar à terra firme exigiu uma operação simples.

“Basta reduzir para segunda marcha, bloquear o diferencial e acelerar, com o cuidado de desligar o bloqueio do diferencial e as hélices assim que a tração nas rodas for suficiente para tirar o veículo da água”.

Continua após a publicidade

No asfalto, o jornalista aproveitou para pisar no acelerador do veículo com tração 6×6 e explorar o motor, chegando a 80 km/h.

Três marchas

Em seguida, ele avaliou o Cascavel EE-9 em um terreno acidentado no Setor Militar Urbano de Brasília.

O câmbio automático ainda era uma novidade para os nossos carros e dirigir um veículo de 9 toneladas com esse tipo de transmissão foi divertido.

“Ao ligar o motor, basta mudar a alavanca do câmbio para a posição Drive e acelerar. O blindado faz tudo praticamente sozinho. Engata automaticamente as três marchas ou passa para o ponto morto quando seus freios são acionados”, explicava o texto.

“Ele sobe ou desce qualquer barranco, desde que a inclinação não seja suficiente para fazê-lo capotar sobre si mesmo.”

Continua após a publicidade

Pressão dos pneus

Bartolomais encarou uma rampa de 50% e, para isso, usou um sistema automático para reduzir a pressão dos pneus de 50 libras/pol² para 20, bloqueou o diferencial e iniciou a escalada. Moleza.

Grandes Comparativos: Urutu EE-11 x Cascavel EE-9
Além do canhão, o Cascavel é equipado com uma metralhadora (Arquivo/Quatro Rodas)

Nessa operação, só é preciso prestar atenção no medidor de temperatura do óleo do conversor de torque da transmissão automática, que não pode passar dos 110 oC.

No final, ele ainda ganhou um bônus: a chance de presenciar um tiro com o canhão de 90 mm do Cascavel.

Após o ritual de escolher um alvo, medir a distância com um feixe de raio laser e erguer o cano da arma, o disparo foi feito.

Continua após a publicidade

Mas era só uma simulação. Não havia munição – por um motivo simples: cada tiro custava em torno de Cr$ 1 milhão (hoje, pouco mais de R$ 4.000) para os cofres do Exército.

Outubro de 1984

“Para conseguir velocidades maiores, basta desligar a tração do eixo dianteiro, deixando-a atuar apenas nos eixos traseiros. Acelerando o Urutu a fundo, atingem-se velocidades superiores a 80 km/h (100 km/h reais, segundo o fabricante). Mesmo assim, mostra-se bastante confortável e seguro. Permite fazer as curvas no limite sem que se ensaie qualquer reação mais difícil de ser corrigida. Os freios, a disco em todas as rodas, também são muito eficientes.”

Publicidade

Matéria exclusiva para assinantes. Faça seu login

Este usuário não possui direito de acesso neste conteúdo. Para mudar de conta, faça seu login

Black Friday

A melhor notícia da Black Friday

BLACK
FRIDAY
Digital Completo
Digital Completo

Acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

Apenas 5,99/mês*

ou
BLACK
FRIDAY

MELHOR
OFERTA

Impressa + Digital
Impressa + Digital

Receba Quatro Rodas impressa e tenha acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

a partir de 10,99/mês

ou

*Acesso ilimitado ao site e edições digitais de todos os títulos Abril, ao acervo completo de Veja e Quatro Rodas e todas as edições dos últimos 7 anos de Claudia, Superinteressante, VC S/A, Você RH e Veja Saúde, incluindo edições especiais e históricas no app.
*Pagamento único anual de R$71,88, equivalente a 5,99/mês.

PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
Fechar

Não vá embora sem ler essa matéria!
Assista um anúncio e leia grátis
CLIQUE AQUI.