O sonho de ter em sua garagem uma enduro profissional prontinha para competir está mais próximo. Em dezembro chegou às revendas autorizadas de todo o país a espanhola Gas Gas EC 250F Cami. Cami quer dizer “caminho” em catalão – idioma da Catalunha, região autônoma do nordeste espanhol – e tem tudo a ver com a proposta da nova motocicleta.
O modelo inaugura por aqui um novo nicho de mercado, o de marcas premium, de pequena produção (semi-artesanal) e com características de motos vencedoras, a preço mais acessível. E ela provou em nossa avaliação ser valente para enfrentar qualquer tipo de caminho, seja trilha pesada ou até mesmo uma pista de motocross.
A iniciativa do projeto partiu do Grupo Coleghini, de Minas Gerais, o importador oficial da marca no Brasil, que acalenta planos de montar uma fábrica no país para atender a todo o Mercosul. Pilotos e engenheiros brasileiros, em cooperação com a Gas Gas, direcionaram o foco ao projeto de uma moto para iniciantes na prática off-road mas que também seja eficiente para levar um profissional à vitória.
Com elementos plásticos intercambiáveis com todos os outros modelos de enduro da marca, motor de quatro tempos 250 cc, OHC, refrigerado a água, alimentado por carburador, a Cami é uma belezinha. Parece uma moto bem mais potente. Rodas negras, balança de alumínio, sistema de escapamento de aço inox, suspensão Sachs com reservatório de gás separado, disco na frente e na traseira e equipada com partida elétrica ou a pedal: praticamente não precisa de mais nada.
BAIXINHA VALENTE
Assim que a moto foi apresentada, foi impossível não notar que as bengalas dianteiras convencionais destoam do visual geral. A Cami merecia bengalas invertidas, mas a suspensão dianteira convencional, mais barata, acabou mostrando-se suficiente para a proposta do modelo de uso misto. A Cami é baixinha para pilotos de maior porte, mas o amortecedor traseiro permite todas as regulagens necessárias para deixá-la mais alta.
Ela ainda conta com torneirinha de combustível e afogador, e é alimentada por um eficiente carburador Dell’Orto de 34 mm de venturi. O motor é silencioso, principalmente em marcha lenta. Em compensação, o ruído que sai da ponteira quando se eleva o giro é emocionante. Nem parece uma 250 cc.
O fabricante não declarou oficialmente a potência do motor, mas um integrante da equipe Gas Gas acredita que ele está rendendo por volta de 27 cv. Ela sobe de giro bem rápido, mostra vigor em qualquer marcha e o grito da ponteira estimula o piloto. Em nenhum momento sentimos falta de disposição na Cami. Na trilha fechada, as suspensões se mostraram bem calibradas. Como ela é baixa e pesa somente 110 kg, não mostra problemas em sair de enroscos como atoleiros ou mata-burros. Equipada com pneus Metzeler e sistema de freio AJP, ela mostrou-se estável e segura no momento de frear.
A moto avaliada era uma unidade pré-série. O guidão de alumínio foi o único item que deixou a desejar: um pouco frágil, promete ser substituído por um mais robusto na linha de montagem. Depois de algumas voltas no circuito de enduro, resolvi levá-la ao limite da competência ao encarar a pista de motocross. Na primeira volta, estava reticente quanto à capacidade das suspensões no fim das aterrissagens. A Cami enfrentou todos os saltos da pista com maestria. Parece evidente que muitos usuários vão retirar a lanterna de leds e o farol dianteiro para praticar motocross – e a Gas Gas já pensou nisso.
CATALÃ MINEIRA
O projeto de uma fábrica da Gas Gas em Contagem (MG) promete nacionalizar a Cami em um futuro não tão distante, o que certamente deverá fazer o preço cair. Ricardo Coleghini, sócio- fundador do Grupo Coleghini, declarou que o desenvolvimento de uma família de modelos originados da Cami não está descartado e que, portanto, uma versão enduro de rua ou uma motard podem virar realidade.
Uma verdadeira enduro importada por 17.800 reais, eficiente e robusta, agrada muito. E isso soa quase como uma declaração de guerra.
TOCADA
Extremamente fácil, principalmente para quem está acostumado com motos especiais mais potentes. Baixa, magra e com excelentes suspensões, encara qualquer desafio.
★★★★★
DIA A DIA
Não foi desenvolvida para essa função, mas uma versão de rua já está nos planos. Seria o máximo para aguentar a buraqueira de nossas ruas.
★★★★
ESTILO
Somente o quadro de aço entrega que é uma moto menor. Com plásticos intercambiáveis, ela se parece muito com as invocadas 450 cc da marca.
★★★★
MOTOR E TRANSMISSÃO
O motor tem caráter esportivo. Sobe rápido de giro e mostrou-se elástico em qualquer marcha. O câmbio também provou ter tido muita atenção. Aceita ser maltratado e tem boa sincronização.
★★★★★
SEGURANÇA
Os freios mereciam ser mais poderosos. Ainda bem que os bons pneus Metzeler colaboram.
★★
MERCADO
Não é uma pechincha, mas é totalmente explicável por que custa quase 70% mais caro que a Honda CRF 230F. Com os primeiros bons resultados em competição, vai fazer muito sucesso. Está quase sozinha no segmento.
★★★★
IRMÃS BOAS DE BRIGA
Além da Cami, a marca catalã apresentou a linha 2013 de seus modelos fora de estrada, com versões enduro e trial de dois e quatro tempos para diversos níveis de pilotagem
Na apresentação da EC 250F Cami, a Gas Gas também mostrou todos os seus modelos 2013. As emocionantes dois-tempos EC 250 e EC 300 receberam melhorias de suspensão, reforços no subchassi e significante alteração no ângulo da coluna de direção. As tradicionais 250, 300 e 450 quatro-tempos são equipadas com motor Yamaha e subchassi de plástico.
Todos os modelos 2013 trazem novo grafismo, que os difere da linha 2012. Os modelos de trial não estiveram presentes, mas a moto mais poderosa da Gas Gas, a EC 450R 2013, saiu da caixa na nossa frente e foi montada em poucos minutos. Equipada com suspensões Marzocchi invertidas de 48 mm de diâmetro na dianteira e amortecedor Öhlins TTX na traseira, é a máquina mais linda e tentadora da Gas Gas. Custa cerca de 36 000 reais.