Citroën C4 Cactus é mais equipado que Aircross, mas ainda faz sentido?
SUV da Citroën é vendido mais barato que hatch automático, mas pode sair de linha com novas regras de emissões que entram em vigor em 2025
Às vésperas do lançamento do C3 Aircross, a Citroën tentou levantar a bola do C4 Cactus. Seu SUV compacto com mais tempo de mercado ganhou novos elementos estéticos e mais equipamentos de série (como uma central multimídia melhor) para a linha 2024. Alguns desses equipamentos são de fazer inveja no C3 Aircross, mas não fizeram as vendas do C4 Cactus decolar.
Para reconhecer o C4 Cactus 2024, é mais fácil reparar nos adesivos com nome do carro nas colunas C e nos detalhes na cor laranja nos protetores de porta e ao redor dos faróis de neblina, a depender da cor da carroceria. As versões com motor 1.6 THP ainda têm novas rodas, mas o C4 Cactus Feel Pack 1.6 testado ainda usa as mesmas rodas aro 17 de anos atrás, quando estava na frota do Longa Duração.
Por dentro, o Citroën C4 Cactus ganhou a central multimídia de 10 polegadas do C3 e do Peugeot 208, maior que a antiga de 7 e com Android Auto e Apple CarPlay sem fio. A diferença frente ao C3 é que no Cactus também cabe à central o controle do ar-condicionado automático. Este é um dos equipamentos que nem o C3 Aircross tem.
Há outros itens de fazer inveja, porque todo C4 Cactus 2024 tem ar-condicionado digital automático, barras de teto e chave presencial para abertura de portas e partida do motor, que é feita pelo botão abaixo da central multimídia.
A versão Feel Pack ainda tem rodas de liga leve aro 17, faróis de neblina, câmera de ré, sensores de chuva e luminosidade, sensor de pressão nos pneus e o novo carregador sem fio para smartphones em um compartimento ventilado. Por causa dele, modificaram os porta-copos do console central.
Agora há três portas USB, duas para o motorista e passageiro, e uma para o banco traseiro, que acompanha um organizador de cabos, para evitar que o fio do seu smartphone fique solto e acabe enroscado na perna de alguém por acidente. Os bancos têm forração de vinil.
O espaço interno do C4 Cactus não é ruim. A questão é que, por ter a carroceria um pouco mais baixa, sua posição de dirigir mais relaxada acaba por diminuir as vantagens de ter 2,60 m de entre-eixos. O motorista é convidado a recuar mais seu assento, roubando espaço de quem vai atrás. Mas resta espaço suficiente para não ser tão apertado. E o porta-malas, que tem 320 litros, tem uma área útil maior por ser mais raso. Nem se percebe que tem cerca de 100 litros a menos que a média dos SUVs compactos.
A suspensão do Citroën C4 Cactus continua bastante confortável. Filtra as ondulações e imperfeições do piso, mas sem um grande compromisso para conter a inclinação da carroceria em curvas. É uma proposta diferente típica dos carros da marca e que tem seus adeptos.
Dureza é ter que lidar com o motor 1.6 16V aspirado atualmente. Quando com gasolina, o 1.6 EC5 dá a sensação de estar com seu desempenho limitado. Talvez seja isso mesmo que os ajustes para este motor atender as normas de emissões atuais tenha feito.
Embora tenha passado dos 118 cv para 120 cv a 6.000 rpm, houve uma redução do torque de 16,1 para 15,7 kgfm a 4.500 rpm na última atualização. Tudo com o objetivo de poluir menos. Mas houve implicações no desempenho e, hoje, o SUV da Citroën está mais dependente de reduções de marcha para conseguir embalar.
O C4 Cactus tem futuro?
A resposta é: não muito. Embora estes sejam os Citroën C4 Cactus mais completos já fabricados no Brasil, a linha 2024 anda vendendo muito pouco, só 584 unidades de janeiro até abril. Pode estar perdendo clientes para o C3 Aircross, que anda mais (tem motor 1.0 turbo de 130 cv), é muito mais espaçoso mas menos equipado.
A Citroën garante que o modelo segue em produção, mas não se sabe se continuará em 2025, quando uma regra de emissões ainda mais rígida entra em vigor. Além disso, o verdadeiro substituto do C4 Cactus será o Citroën Basalt, um SUV cupê também derivado do C3 e que será lançado no segundo semestre deste ano.
Além do visual mais moderno e menos abrutalhado que o dos C3 e C3 Aircross, o Basalt pode ser mais sofisticado e ter equipamentos que os outros dois não têm.
Mas o Basalt será bem mais caro que o C4 Cactus, que pode ser encontrado em oferta a partir dos R$ 104.690. É mais barato que os hatches automáticos. Só assim para justificar o SUV da Citroën.