BYD Song Pro é melhor que o Toyota Corolla Cross? Comparamos os SUVs híbridos
Sem esconder que tem o Corolla Cross como alvo, o Song Pro mede forças com o rival neste comparativo
Menos de três semanas separaram os lançamentos dos BYD King e Song Pro. Essa proximidade, porém, pode não ser um acaso e mais parece uma ambiciosa estratégia para sufocar, de uma só vez, os Toyota Corolla e Corolla Cross híbridos. A chinesa não faz questão alguma de esconder que são eles os principais alvos de seus novos modelos.
Assim, além do duelo entre os sedãs King e Corolla que você pode ver aqui, também reunimos os Song Pro e Corolla Cross, para conferir qual dos SUVs híbridos é o melhor.
O estreante BYD Song Pro, posicionado abaixo do Song Plus, aparece em sua versão mais cara, GS, que custa R$ 199.800. O Toyota Corolla Cross escolhido foi o XRV Hybrid, versão híbrida de entrada com motor híbrido, e que mais se aproxima em preços do concorrente chinês por custar R$ 202.690. (A unidade que aparece nas fotos é da versão mais cara, a XRX, única que a fábrica tinha disponível.
Embora rivais, os dois SUVs são bem diferentes. A começar pela aparência, mais conservadora no Toyota e mais moderna no BYD – e isso vale tanto para o exterior quanto para o interior de ambos.
Por fora, o Corolla Cross tem faróis de led (mais simples do que os da versão fotografada), mas ainda assim com acendimento automático e luzes diurnas, faróis de neblina de led e um para-choque dianteiro com discretas aberturas feitas na própria peça. As rodas são de 18”, há leds nas lanternas e a carroceria segue discreta.
O Song Pro traz faróis e lanternas full-led (estas que vão de um lado a outro na traseira), grade dianteira em destaque e também tem rodas aro 18. Mas seu design tem mais personalidade e não apenas por ser uma novidade, mas por ter vincos mais marcados e detalhes como o aplique prateado que acompanha a base dos vidros e reveste toda a coluna traseira.
Por dentro, a cabine do BYD continua seduzindo mais que a do Corolla, com acabamento mais caprichado, maior uso de revestimentos macios e uma boa oferta de texturas e cores. Essa variedade, porém, pode pesar contra, já que a mistura de preto, branco, bege e laranja tende a cansar e transmite uma leveza que não condiz com o segmento. Entre os itens mais aparentes estão o carregador de celular por indução (indisponível no Corolla Cross XRV), a central multimídia giratória de 12,8” e o quadro de instrumentos de 8,8”.
O Corolla Cross, por sua vez, não surpreende no acabamento. Apesar de ter qualidade ao utilizar materiais emborrachados nas superfícies superiores, inclusive nas portas traseiras, seu desenho é notadamente mais simples e datado. No dia a dia, o conjunto demonstra a maturidade de um modelo japonês e ajuda a simplificar algumas tarefas, como a de configurar o ar-condicionado.
No BYD, há como fazê-lo por voz, pelo volante ou pela tela, mas os comandos dedicados do Toyota ainda são a melhor opção. Por falar em tela, a do SUV da Toyota tem 9”, e o quadro de instrumentos, 12,3”. É como se invertesse a posição das telas do rival.
Conteúdo a bordo
Nos equipamentos, ambos têm bons pacotes, mas com focos diferentes. O BYD mira em conforto e conveniência, com banco do motorista elétrico, câmeras 360o, porta-malas com abertura e fechamento elétricos, sistema NFC (que substitui a chave por um cartão físico ou digital), ar digital bizona, comandos por voz e atualização remota da multimídia.
O Toyota dispensa esses equipamentos, mas, assim como o rival, tem central com Android Auto e Apple CarPlay, ar digital (de apenas uma zona), câmera (de ré) e freio de estacionamento eletrônico.
Porém, recordemos, cada um tem o seu foco, e o do Corolla Cross é a segurança. Nele, conte com um airbag a mais do que no BYD (sete, contra seis), alerta de colisão frontal, frenagem automática de emergência, farol alto automático, alerta de tráfego traseiro, assistente de saída e permanência em faixa e piloto automático adaptativo. O Song Pro não tem assistências além dos sensores de estacionamento e das câmeras.
A balança favorece o BYD quando o assunto é espaço. Quem for atrás terá uma sobra ainda maior do que no Toyota, que já vai muito bem. Mas a grande vantagem está no assoalho plano do chinês, que, junto ao console mais recuado, torna mais possível levar um terceiro ocupante no assento central. Em ambos os SUVs há saídas de ar traseiras e duas portas USB. No porta-malas o Song Pro também vai melhor com seus 520 litros, contra 440 litros do Corolla Cross.
Desempenho e consumo
Outro quesito onde Song Pro e Corolla Cross têm grandes diferenças é a mecânica. O Toyota é equipado com um motor 1.8 aspirado flex de 101 cv e 14,5 kgfm, além de outros dois elétricos, mas apenas um traciona. Este tem 72 cv e 16,6 kgfm. A potência combinada é de 122 cv. O torque combinado não é divulgado.
Com esse conjunto, o Corolla Cross não se saiu bem em nossos testes de desempenho. Com gasolina, foi de 0 a 100 km/h em 13,7 segundos – pior do que a Chevrolet Spin. A falta de fôlego é notada em ultrapassagens, arrancadas ou em rodovias, onde o motor a combustão funciona de forma prioritária. O câmbio CVT piora a impressão em acelerações mais fortes, onde o motor se esforça além da conta. Em situações urbanas, ele é suficiente, com os empurrões do motor elétrico.
Por falar no motor elétrico, esse funciona sozinho em poucas ocasiões, normalmente em manobras, saídas a partir da inércia ou até por volta dos 30 km/h, já que a bateria de 1,3 kWh é muito pequena e insuficiente para que o SUV rode apenas com eletricidade por mais de 1 km. Ou seja, é, de fato, para poupar combustível no anda e para do trânsito, mas não por muito tempo, já que rapidamente o motor a combustão se encarrega de recarregar a bateria (que também utiliza a energia cinética gerada pelas rodas em frenagens e desacelerações, e a transforma em energia elétrica para a bateria).
Mesmo com o funcionamento limitado, no entanto, o sistema é eficiente e o modelo alcançou as médias de consumo de 17,8 km/l na cidade e 15 km/l na estrada. Ótimos números, especialmente frente ao rival, como você verá adiante, mas o Corolla Cross ainda obriga a recorrentes paradas em postos de combustível por seu limitado tanque de 36 litros (e pela bateria pequena). Para piorar, seu marcador é impreciso: varia o tempo todo em uma margem fora do normal. É uma imprecisão que causa, sobretudo, insegurança.
A suspensão encara o asfalto com uma maciez que assegura conforto aos ocupantes, mas também uma firmeza que garante boa estabilidade e poucos balanços da carroceria. A direção tem um peso adequado e há bom isolamento acústico, principalmente para ruídos do vento e da rodagem.
O BYD Song Plus quase dobra a potência com sua dupla de motores: um 1.5 a gasolina aspirado de 98 cv e 12,4 kgfm, e outro elétrico, de 197 cv e 30,6 kgfm. Combinados, eles entregam 235 cv e 43 kgfm. Nesse caso, o desempenho se destaca e o modelo vai de 0 a 100 km/h em 8,5 segundos.
Assim como as impressões ao dirigir, os números mostram que o BYD é bastante ágil não apenas em saídas, mas principalmente em retomadas – e pode fazê-las com eficiência tendo os dois motores ou apenas o elétrico em funcionamento.
Isso é possível graças ao motor mais potente e, claro, à bateria bem maior, de 18,3 kWh. Pelo tamanho, a bateria do BYD pode ser recarregada em redes elétricas externas em carregadores lentos (AC) a até 6,6 kW, abaixo da média da categoria. Ela também pode recuperar sua carga através do motor a combustão, que funciona como um gerador para carregar a bateria até os 70% – acima disso, apenas na tomada.
De acordo com a marca, o modelo tem uma autonomia elétrica de 68 km, ou seja, a gasolina pode ficar no tanque por muito tempo caso seu percurso diário seja curto e você tenha como carregar o carro em casa. Porém, em modo híbrido ele fará médias de consumo piores que as do Corolla. Em nossos testes, foram 15,4 km/l na cidade e 14,8 km/l na estrada.
Ao volante o Song Pro é um dos BYD mais bem acertados à venda no Brasil: é macio sem comprometer a dirigibilidade. Frente ao Corolla Cross, tem a vantagem da suspensão traseira multilink, que dá mais estabilidade em curvas, mas não desmerece o trabalho do rival. Já a direção é tão leve que chega a ser artificial, e os bancos dianteiros são estreitos.
Em resumo, o Corolla Cross prioriza a segurança, é mais econômico, tem a dirigibilidade mais refinada e, no pós-venda, é imbatível, com menor desvalorização e custos de seguro e peças mais baratos. Por isso, o Toyota vence o comparativo.
Veredicto Quatro Rodas
O BYD Song Pro seduz por aparência e desempenho, mas o Toyota Corolla Cross vence por ter consumo melhor do que o do rival, dirigibilidade mais refinada e, o mais importante: por priorizar a segurança.
*Agradecimentos ao Parque Villa-Lobos
Ficha Técnica – Toyota Corolla Cross XRE
Motor: flex, diant., transv., 4 cil., 1.798 cm³, 16V, 101 cv a 5.200 rpm, 14,5 kgfm a 3.600 rpm; elétricos, 72 cv, 16,6 kgfm; combinados, 122 cv
Câmbio: CVT, tração dianteira
Direção: elétrica
Suspensão: McPherson (diant.), eixo de torção (tras.)
Rodas e pneus: 225/50 R18
Freios: disco vent. (diant.), disco sólido (tras.)
Peso: 1.450 kg
Bateria: 1,3 kWh
Dimensões: compr., 446 cm; larg., 182,5 cm; alt., 162; entre-eixos, 264 cm; porta-malas, 440 l; tanque de comb., 36 l
Ficha Técnica – BYD Song Pro
Motor: gas., diant., transv., 4 cil., 1.498 cm³, 16V, 98 cv a 6.000 rpm, 12,4 kgfm a 4.500 rpm; elétrico, 197 cv, 30,6 kgfm; combinados, 235 cv, 43 kgfm
Câmbio: eCVT, tração dianteira
Direção: elétrica
Suspensão: McPherson (diant.), multilink (tras.)
Rodas e pneus: 225/60 R18
Freios: disco vent. (diant.), disco sólido (tras.)
Peso: 1.700 kg
Bateria: 18,3 kWh
Dimensões: compr., 473,8 cm; larg., 186 cm; alt., 171; entre-eixos, 271,2 cm; porta-malas, 520 l; tanque de comb., 52 l
Teste Comparativo Quatro Rodas
Aceleração | Toyota Corolla Cross | BYD Song Pro |
0 a 100 km/h | 13,7 s | 8,5 s |
0 a 1.000 m | 34,9 s – 151,3 km/h | 29,3 – 177,7 km/h |
Velocidade máxima* | n/d | 185 km/h |
Retomadas | ||
D 40 a 80 km/h | 6,1 s | 4,1 s |
D 60 a 100 km/h | 8,1 s | 4,5 s |
D 80 a 120 km/h | 10,1 s | 6 s |
Frenagens | ||
60/80/120 km/h a 0 | 14,5/26,6/59,8 m | 15,8/27,9/64 m |
Consumo | ||
Urbano | 17,8 km/l | 15,4 km/l |
Rodoviário | 15 km/l | 14,8 km/l |
Ruído interno | ||
Neutro/RPM máx. | 34/– dBA | -/– dBA |
80/120 km/h | 59,9/73,4 dBA | 62,3/72,5 dBA |
Aferição | ||
Velocidade real a 100 km/h | 94 km/h | 97 km/h |
Rotação do motor a 100 km/h em D | – | – |
Volante | 2,5 voltas | 2,7 voltas |
SEU Bolso | ||
Preço básico | R$202.690 | R$199.800 |
Concessionárias | 216 | 111 |
Garantia | 5 anos | 6 anos |
Condições de teste: alt. 660 m; temp., 29/18 °C; umid. relat., 41/59%; press., 767/767 mmHg