PRORROGAMOS! Assine a partir de 1,50/semana

Alfa Romeo 4C

Com motor central, tração traseira e baixo peso, o novo 4C resgata a tradição de esportivos baratos da marca

Por Joaquim Oliveira
23 mar 2014, 16h25
impressoes

Os carros da Lotus fizeram sua fama por serem baratos e divertidos. É uma receita que combina tamanho compacto, baixo peso, motor central, tração traseira e foco no prazer de dirigir. O novo Alfa Romeo 4C trilhou esse caminho para encantar quem sonha com doses generosas de esportividade por pouco preço. Mas vamos ser justos: mais que seguir a escola inglesa, o esportivo italiano resgata essa fórmula que a marca já usou no passado e se perdeu com o tempo, a partir da sua aquisição pela Fiat, em 1986. Basta dizer que este é o primeiro cupê de tração traseira daAlfa em quase 20 anos (excetuando o 8C Competizione, de 2007, série limitada a apenas 500 unidades).

O 4C orgulha-se, portanto, de suas origens. E não é para menos: ficam evidentes as semelhanças genéticas no design, além de se beneficiar da experiência adquirida no desenvolvimento do irmão maior 8C, como o uso de materiais leves.As formas voluptuosas também rementem ao cupê de 2007. São linhas atraentes que não só deleitam o olhar como têm função aerodinâmica. A carroceria envolvente sugere músculos avantajados, abraçando os faróis circulares e as entradas de ar laterais na traseira, que aqui também servem para refrigerar o intercooler do motor turbo de quatro cilindros e 1,7 litro, com 240 cv.

O interior bebe também nas fontes do passado: a simplicidade do painel e acabamento estão aqui para lembrar que o que interessa é apenas o prazer de dirigir – por isso nem mesmo o ar-condicionado e sistema de som são de série. Enquanto em outros esportivos instrumentos e console central são levemente direcionados para o piloto, no 4C os comandos estão quase totalmente voltados para seu assento. Aqui ele é o centro de tudo, e só interessa o essencial para a pilotagem. É o caso da simples tela digital que faz as vezes de quadro de instrumentos, que parece que foi tirada de uma moto. Mas ela é de fácil leitura e pode ser configurada para mostrar toda informação relevante ao motorista – até a aceleração lateral pode ser checada no meio da curva.

A escolha dos revestimentos internos não busca a beleza, mas a simplicidade, para reduzir sempre peso e custo.A própria estrutura do veículo é visível às vezes, caso dos batentes da porta de fibra de carbono. Os bancos finos e envolventes, os pedais de alumínio e a textura rugosa do painel são detalhes que nos levam ao universo das corridas.

Continua após a publicidade

Para o máximo de prazer ao volante, a Alfa trabalhou uma combinação de três características: centro de gravidade extremamente baixo aliado à tração traseira (que assegura maior aderência na aceleração ou uma entrada de curva mais rápida), motor central (que elimina a necessidade do túnel da transmissão no assoalho) e uma divisão de peso de 40% à frente e 60% atrás, melhorando seu equilíbrio.

Para permitir que o 4C fosse um esportivo de alto desempenho relativamente barato, foram buscar um motor que havia dentro de casa, um quatro-cilindros de 1,7 litro. Para que seus 240 cv rendessem mais na pista, a única solução foi trabalhar com um carro peso-pluma – são só 895 kg, mais leve que um Chevrolet Celta. Para isso, materiais como fibra de carbono (25% do total do veículo) aplicada no monocoque, que tem função estrutural. Ou o alumínio no reforço do teto e nas estruturas dianteira e traseira. Ou o aço composto, bem mais leve (1,5 g/cm3) que o tradicional (7,8 g/cm3) ou o alumínio (2,7 g/cm3), além de ser mais maleável.

A direção é como nos carros de corridas, sem assistência, o que lhe confere um feeling especialmente direto e sem filtros – os engenheiros italianos garantem que é possível fazer 90% das curvas sem mover nenhuma das mãos do volante. E foi exatamente a impressão que tive ao dirigi-lo em um circuito fechado e em estradas públicas na região de Vercelli, norte de Milão. Mas se a direção se mostra muito direta e precisa, ela não se dá nada bem com pisos irregulares, que transmitem vibração excessiva aos braços. A culpa também é da suspensão mais esportiva (amortecedores duros e pneus de baixo perfil, 205/40 ZR18 à frente e 235/35 ZR19 atrás) do 4C avaliado, que tinha um pacote opcional.

Continua após a publicidade

A posição de dirigir permite uma excelente interação com a máquina: boa ergonomia, banco bem baixo e envolvente (mas um pouco estreito) e borboletas no volante. Giramos a chave (falha imperdoável: não há botão de partida neste esportivo) e o motor revela logo seu ronco grave – nem parece ser apenas um quatro-cilindros. Depois é só escolher a programação do câmbio automatizado de seis marchas, sempre muito rápido e suave graças à caixa de dupla embreagem. Conforme o ajuste, ele vai ficando mais nervoso, subindo a partir de All Weather, Natural, Dynamic e Race. Neste último, que altera ainda o som e a resposta do motor, o controle de estabilidade (ESP) fica de folga, até precisar entrar em ação depois que o carro passa do seu limite.

Quando o test-drive chegou ao autódromo, pude desligar o ESP e comprovar que maravilha é pilotá-lo num circuito fechado. Chegar a uma curva em alta velocidade ou acelerar forte lá no meio provoca deliciosas (e controláveis) saídas de traseira, que tanto podem ajudar na sua entrada de curva como apenas elevar a adrenalina.

Na pista fica evidente ainda como ele freia muito bem (o dado de fábrica é de 35 metros a 100 km/h, abaixo dos 39 metros do Mercedes A 45 AMG no teste da QUATRO RODAS). Esse ótimo resultado se deve em grande parte ao peso reduzido, que também mostra seu valor nas acelerações: são só 4,5 segundos no 0 a 100 km/h – o A 45 AMG, com 360 cv, levou 5,2 no nosso teste. Já a máxima divulgada é de 258 km/h.Vamos ao preço: o 4C custa na Europa a partir de 54 000 euros, abaixo dos 57 000 euros do Porsche Cayman (265 cv e longos 5,7 segundos no 0 a 100 km/h) e ainda menos que o Audi TT RS (340 cv e 4,6 segundos), de 66 000 euros.

Continua após a publicidade

Em resumo, o 4C não vai salvar as finanças da Alfa, mas é seu modelo mais importante em décadas, pela tecnologia, pela demonstração de capacidade técnica e pela imagem que pode ser aproveitada pelos futuros carro de larga escala. Por isso é uma pena que a marca não esteja mais no Brasil…

VEREDICTO

Provocante na aparência e minimalista no interior, o Alfa 4C seduz por oferecer o prazer de uma pilotagem de corrida para as ruas a um preço inferior ao dos concorrentes.

Publicidade


Matéria exclusiva para assinantes. Faça seu login

Este usuário não possui direito de acesso neste conteúdo. Para mudar de conta, faça seu login

Black Friday

A melhor notícia da Black Friday

BLACK
FRIDAY
Digital Completo
Digital Completo

Acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

Apenas 5,99/mês*

ou
BLACK
FRIDAY

MELHOR
OFERTA

Impressa + Digital
Impressa + Digital

Receba Quatro Rodas impressa e tenha acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

a partir de 10,99/mês

ou

*Acesso ilimitado ao site e edições digitais de todos os títulos Abril, ao acervo completo de Veja e Quatro Rodas e todas as edições dos últimos 7 anos de Claudia, Superinteressante, VC S/A, Você RH e Veja Saúde, incluindo edições especiais e históricas no app.
*Pagamento único anual de R$71,88, equivalente a 5,99/mês.

PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
Fechar

Não vá embora sem ler essa matéria!
Assista um anúncio e leia grátis
CLIQUE AQUI.