Nova Amarok com base chinesa terá DNA VW, garante CEO; picape enfrentará a BYD Shark
Ciro Possobom afirma que a picape, prevista para 2027, combina plataforma da parceira SAIC com engenharia e design desenvolvidos pela própria marca alemã

A sensação é a de que o projeto da nova geração da Amarok está mais avançado do que o da picape substituta da Saveiro. A nova picape média já teve seu design antecipado por teaser e roda no Brasil com carroceria definitiva, mas sua estreia será apenas em 2027. O que muda é que seu projeto vem sendo tocado de um jeito inédito.
Em resumo, a nova Volkswagen Amarok tem design brasileiro, assinado pelo chefe de Design da Volkswagen para as Américas, José Carlos Pavone, plataforma chinesa e fabricação argentina. Durante o primeiro episódio do QRcast, o videocast da Quatro Rodas, o presidente e CEO da Volkswagen do Brasil, Ciro Possobom, falou um pouco mais sobre o projeto da nova Amarok.
“A nova Amarok vem realmente, é um carro muito legal. Eu não posso falar muitos detalhes técnicos do carro para não ajudar os concorrentes, mas o que temos mostrado do carro é muito legal. É realmente bastante robusto, com alta tecnologia e interior bastante remodelado e em plataforma nova”, declarou o executivo.
Como adiantado em primeira mão por QUATRO RODAS, o projeto da nova Amarok está nascendo com base em uma picape feita pela chinesa SAIC, com quem a VW mantém uma joint venture há 40 anos.

A mesma plataforma é usada por uma série de picapes semelhantes, como Maxus Terron 9 e Interstellar X, e a nova MG U9, que podem ter mecânica diesel ou mesmo elétrica. Além desta diversidade, as dimensões são maiores que as de picapes médias atuais: são 5,50 metros de comprimento, 3,30 m de entre-eixos, 2 m de largura e 1,86 m de altura.
Considerando o teaser divulgado pela própria VW, a fabricante alemã aproveitará grande parte da carroceria original do projeto e aplicará seu design à dianteira e à traseira. A cabine também terá suas diferenças, mas o entusiasmo do CEO da Volkswagen sinaliza que o projeto chinês é bastante interessante.
“Nós temos muitas parcerias na China com muitas empresas e a SAIC é uma delas”, explicou Possobom. “Então temos como usar o que há de melhor na China em termos de tecnologia e de plataforma, mas será um Volkswagen. Teremos todo o design, calibração de suspensão, de freio, de powertrain… É um Volkswagen. O DNA da Volkswagen a gente preserva”, completou.
A Volkswagen está investindo 580 milhões de dólares (R$ 3,1 bilhões) para viabilizar o projeto, que internamente é chamado de “Patagonia”. A picape será produzida na Argentina, no complexo industrial de General Pacheco, a mesma fábrica que produz a primeira geração desde o seu lançamento, em 2009. Contudo, grande parte das peças serão enviadas por fornecedores chineses e os carros que rodam em teste no Brasil e na Argentina são protótipos fabricados na China e ainda com o visual das Maxus.

Ciro Possobom não respondeu se a nova Volkswagen Amarok manterá o motor V6 3.0 turbodiesel, que foi um dos seus maiores argumentos entre as picapes médias nos últimos anos. Na verdade, disse que o acerto final do conjunto mecânico será feito pela Volks, mas não que o conjunto será feito pela empresa.
A imprensa Argentina dá como certo que o motor 2.5 turbodiesel usado pela Maxus, com 223 cv e 52,8 kgfm, também será usado pela nova Amarok. Na picape chinesa, ele é combinado a um câmbio automático de oito marchas (possivelmente o mesmo ZF 8HP da Amarok atual). Mas não será o único conjunto.
De acordo com o site argentino A Rodar, a nova geração da Volkswagen Amarok já será lançada com versões híbridas plug-in, um conjunto que a SAIC ainda está desenvolvendo para as suas picapes. A previsão da imprensa chinesa é que as picapes híbridas surjam no final de 2026, com motor a combustão a gasolina.
Com essa oferta de motores, a Amarok poderá continuar concorrendo com as picapes médias a diesel tradicionais, mas ampliará seu leque para concorrer com as picapes chinesas. Hoje, a BYD Shark é a única picape híbrida plug-in com este porte à venda no Brasil. Em 2026 a GWM Poer P500 se juntará a ela e a Frontier Pro PHEV, que também é chinesa, está cotada para o Brasil.

Atualmente, os primeiros protótipos estão sendo montados artesanalmente em instalações na China, em uma fase inicial de testes que avalia a compatibilidade de centenas de componentes diferentes, fundamentais para o funcionamento correto do veículo.
Na fábrica da Volkswagen na Argentina, a previsão oficial para o início da produção em série da nova Amarok é esperado para o fim de 2026. A fábrica de Pacheco já não produz o Taos e a produção da Amarok atual está em um hiato: parou no final de setembro e só deverá ser retomada em novembro em um turno. A produção em dois turnos só deverá ser retomada com a nova geração da picape média, que deverá ter 70.000 unidades produzidas ali, por ano.