Uso de fibra de carbono em carros pode ser proibido na Europa
Material consagrado pela resistência e leveza é considerado é ligado a riscos ambientais e à saúde humana

A União Europeia considera proibir o uso de fibra de carbono em veículos a partir de 2029. Há um entendimento de que o material, usado pela indústria especialmente para redução de peso, é perigoso devido a riscos ambientais e à saúde humana. A medida está em fase de discussão e faz parte de uma revisão da Diretiva de Veículos em Fim de Vida, que visa tornar os processos de reciclagem e descarte de carros mais sustentáveis.
A fibra de carbono é mais leve que o alumínio e mais resistente que o aço, características que a tornam popular também nos setores aeroespacial e de energia eólica. No entanto, o processo de descarte preocupa autoridades europeias. A fibra geralmente é ligada a resinas. Quando queimada ou fragmentada, ela libera filamentos microscópicos que podem causar curtos-circuitos em equipamentos de reciclagem e irritação em humanos, caso entrem em contato com a pele ou mucosas.

Impacto na indústria
Apenas no setor automotivo, a fibra de carbono representa entre 10% e 20% das aplicações, segundo dados da consultoria Nikkei Asia. A demanda tende a crescer, especialmente com a expansão de veículos elétricos, que dependem de materiais leves para compensar o peso das baterias. As empresas japonesas Toray Industries, Teijin e Mitsubishi Chemical controlam 54% do mercado global de fibra de carbono. A Europa responde por 50% da receita automotiva da Toray, tornando a empresa vulnerável à proibição.
A proposta enfrenta forte oposição de fabricantes, que questionam a viabilidade de substituir a fibra de carbono em prazos curtos.
Algumas soluções de materiais seriam o grafeno e o kevlar, que já são usados pela indústria na concepção de componentes específicos. Materiais híbridos, como ligas de alumínio de alta resistência e aços ultra-leves, são alternativas em estudo para reduzir o peso de veículos sem comprometer a segurança.
A regulamentação ainda pode ser modificada durante negociações entre o Parlamento Europeu e os 27 Estados-membros.
Alguns materiais considerados nocivos para a saúde humano e o meio-ambiente já são proibidos na indústria pela União Europeia. É o caso da fibra de vidro, além de metais pesados, como chumbo, mercúrio, cádmio e cromo hexavalente.