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Sistemas que evitam 50% dos acidentes serão obrigatórios a partir de 2026

Obrigatoriedade de frenagem de emergência e alerta de saída faixa caminha para ser publicada pelo Contran nos próximos meses

Por Henrique Rodriguez Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO
Atualizado em 1 fev 2023, 11h37 - Publicado em 27 jan 2023, 13h19
assistente de permanencia em faixa frenagem de emergência honda civic 2023
(Fernando Pires/Quatro Rodas)

A obrigatoriedade de controle de estabilidade e luzes diurnas de leds para todos os carros novos só começará a valer em 2024, após adiamento de dois anos. Os próximos passos para reforçar a segurança dos automóveis vendidos no Brasil já são discutidos e contemplam o início da obrigatoriedade de frenagem de emergência (AEB) e alerta de saída de faixa (LDW) a partir de 2026.

O maior estudo sobre a eficácia dos dois sistemas, publicado em novembro pela PARTS (Partnership for Analytics Research in Traffic Safety), uma parceria voluntária entre fabricantes e o Departamento de Transporte dos EUA,  mostrou que só a presença da frenagem automática de emergência ajuda a reduzir a ocorrência de colisões frontais em 50% na comparação com carros sem o sistema.

Foram consideradas informações de 2,4 milhões de acidentes a partir do cruzamento de dados fornecidos pelas fabricantes e de ocorrências policiais, por meio da numeração de chassis, com carros fabricados entre 2015 e 2020; O estudo também considerou o monitoramento de faixa de rolagem.

A boa notícia é que estes sistemas já estão presentes em alguns carros compactos vendidos no Brasil e há até incentivos fiscais para isso. E falta pouco para se tornarem obrigatórios nos carros novos.

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Muitos carros já são capazes de reconhecer carros à frente e as faixas, além de corrigir a direção (Divulgação/BMW)

“Em novembro, o governo publicou uma minuta da resolução que vai fazer sistemas de frenagem de emergência e de aviso de saída de faixa serem obrigatórios no Brasil. A consulta pública já foi realizada e os próximos passos envolvem uma análise e uma decisão por parte do Contran, antes da publicação da resolução”, explica o gerente de Engenharia da divisão Cross-Domain Computing Solutions da Bosch, Leimar Mafort.

De acordo com a minuta, a obrigatoriedade terá duas etapas. Primeiro os sistemas serão obrigatórios para novos projetos de automóveis, a partir de 2026. A partir de 2029 serão obrigatórios em todos os novos veículos. A regra valerá para automóveis, comerciais leves e também para veículos de transporte de passageiros e carga, com algumas exceções.

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Algumas classes de veículos estão dispensados de cumprir essas exigências, como réplicas, buggys, veículos artesanais ou de pequena série, veículos de transporte coletivo urbano, de uso bélico e de salvamento e algumas categorias de veículos de carga.

A distinção entre carros com novos projetos é normal e foi adotada, por exemplo, com os airbags dianteiros e freios ABS (obrigatórios há nove anos), e vem sendo feita com o controle de estabilidade, que em 2023 devem estar em 50% dos carros zero-km.

Diferentes níveis de assistência

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Alerta de saída de faixa é está presente em todos os carros que já corrigem a direção (Fernando Pires/Quatro Rodas)

A minuta da resolução já especifica os requisitos de desempenho dos dois sistemas de segurança. A frenagem automática de emergência, por exemplo, precisará atuar para evitar colisões com outros carros e há velocidades específicas para que ele atue.

“No Brasil, os testes que serão regulamentados serão feitos entre velocidades de 10 km/h a 60 km/h e o requisito é que até os 40 km/h o carro não poderá bater. E quando você aumenta um pouco a velocidade, existe uma exigência que você reduza a velocidade de impacto. Por exemplo, a 60 km/h a velocidade de impacto teria que cair para 35 km/h”, explica o engenheiro da Bosch. “O objetivo do AEB (frenagem automática de emergência) é evitar colisões em algumas situações e diminuir a gravidade em outras”, conclui.

Quanto a manutenção de faixa, a obrigatoriedade será para o alerta de saída da faixa atuante a partir dos 65 km/h. Ou seja, o carro deverá emitir alertas sonoros, luzes ou telas de alerta no quadro de instrumentos para ter a atenção do motorista, mas só será efetivo em vias expressas ou rodovias.

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Uma câmera faz a leitura das faixas e também pode reconhecer pedestres e o tipo de veículo ao redor (Divulgação/Hyundai)

Ainda que representem um enorme avanço, os sistemas que serão exigidos pelo Contran não são os mais avançados disponíveis hoje.

Por exemplo, carros com projetos mais novos não freiam apenas para carros mais também reconhecem pedestres e ciclistas. Contudo, para evitar atropelamentos o acionamento automático do sistema de freios precisa ter reação mais rápida e ser capaz de aplicar ainda mais força. As demandas dos sistemas são muito diferentes.

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O mesmo vale para o alerta de saída de faixa. Poucos carros, como os Chevrolet S10 e Trailblazer têm apenas o alerta, pois a maioria é capaz de fazer correções na direção ou até mesmo atuar ativamente para centralizar o veículo na faixa. Essas funções precisam ser ativadas pelo motorista, mas podem funcionar a qualquer velocidade desde que o carro consiga fazer a leitura das faixas ou que elas existam.

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Repare no caminhão na faixa da esquerda (Fernando Pires/Quatro Rodas)
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A câmera reconhece não apenas o carro à frente, como também que há um veículo à esquerda e é um caminhão (Fernando Pires/Quatro Rodas)

Leimar Mafort vê isso com otimismo. “No Brasil isso está sendo instalado cada vez mais [o alerta de saída de faixa] e sabendo que os carros já têm direção elétrica, mesmo que a legislação exija apenas um primeiro nível pode ser que os carros tenham um nível mais avançado de controle”.

Isso faz ainda mais sentido se for considerado que estes assistentes de segurança dependem de câmeras e radares importados e apenas calibrados para o funcionamento nas condições do Brasil. Então, teoricamente, será mais fácil que estejam alinhados com os usados na Europa, nos Estados Unidos ou em mercados asiáticos.

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O estudo da PARTS nem sequer avaliou um cenário onde o carro tenha apenas o alerta de saída de faixa, mas a combinação dele com assistente de correção. Juntos, podem reduzir em 8% os acidentes com um único carro e em 7% acidentes com um único veículo em saídas de estrada. Com o sistema de centralização na faixa os acidentes são reduzidos em 9%, aponta. 

Redução de impostos também está em jogo

A boa notícia é que a presença do alerta de saída de faixa nos carros novos aumentou 122% em 2022. De acordo com levantamento da consultoria Jato, 20% dos carros vendidos em 2022 já contam com o equipamento. Em 2021, apenas 9% tinham o sistema de segurança. Além disso, 16% dos carros novos vendidos em 2022 já contam com piloto automático adaptativo, que trabalha em conjunto com o alerta de colisão e o assistente de centralização em faixa.

São números animadores explicados pelo Rota 2030, programa que visa a evolução da segurança e da eficiência dos carros vendidos no Brasil. Antes mesmo das normas do Contran entrarem em vigor, os fabricantes já podem ter incentivo fiscal em carros com tais equipamentos.

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Câmera necessária para os sistemas é instalada no topo do para-brisa (Divulgação/Hyundai)

A redução é de 1 ponto porcentual no IPI, mas antes disso há todo um roteiro a ser seguido e que pode custar caro aos carros mais populares.

Tome nota: o carro deverá ter atingido a meta de eficiência energética e de redução de consumo prevista no Rota 2030 e estar equipada com controle de estabilidade, seta nos retrovisores, luzes diurnas, aviso de cinto não afivelado, indicador de frenagem de emergência e câmera ou sensor de ré de série, além de ter passado por teste de impacto lateral.

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A partir daí, só garante a redução de IPI o carro equipado com seis dos 10 equipamentos a seguir: frenagem de emergência para obstáculo móvel, frenagem de emergência para obstáculo fixo, frenagem de emergência para pedestres, frenagem de emergência para ciclistas, alerta de saída de faixa, proteção para pedestres, teste de impacto lateral contra poste, assistente de permanência em faixa, monitor de cansaço e piloto automático adaptativo.

Perceba que o carro que tiver todos os níveis de frenagem de emergência e alerta e assistente de faixa já estariam aptos a ter redução no IPI. E isso já está valendo.

Entendendo cada um dos sistemas

Frenagem automática de emergência e assistência de faixa fazem parte do pacote ADAS (Sistemas Avançados de Assistência ao Motorista, em inglês). Mas são apenas dois dois sistemas de segurança que dependem, no mínimo, da presença de uma câmera no topo do para-brisa.

Estrutura na grade do Porsche Cayenne é o radar
Estrutura na grade do Porsche Cayenne é o radar (Fernando Pires/Quatro Rodas)

Na verdade, as funções de leitura de faixa dependem totalmente da câmera, mas a maioria dos carros com frenagem de emergência usam um radar (instalado na grade inferior ou mesmo atrás do logo da fabricante) frontal. Os Honda, por exemplo, já dispensam esse radar. A seguir, a lista de todos os equipamentos que compõem o pacote ADAS:

FCW – Alerta de colisão frontal

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AEB – Frenagem automática de emergência; o Contran chama de AEBS

PAEB – Frenagem automática de emergência para pedestre

LDW – Alerta de saída de faixa

LKA – Assistente de permanência em faixa

LCA – Assistente de centralização em faixa

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