Conforme antecipado por QUATRO RODAS em dezembro de 2017, a Toyota revelou os primeiros protótipos do inédito Prius Flex.
Neste primeiro momento foram desenvolvidas duas unidades, usando como base o híbrido importado do Japão. A adaptação para rodar com etanol, porém, foi feita totalmente no Brasil.
“Todos os elementos que entram em contato com o combustível, como bomba, mangueiras, bicos injetores e velas, precisaram ser trocados”, explica Eduardo Bennacchio, chefe do departamento de engenharia da Toyota do Brasil.
O Prius, porém, adiciona um problema extra à equipe de desenvolvimento da marca, apesar do conhecimento acumulado em mais de uma década de motores flex no Brasil.
Uma das dificuldades com motores a etanol e flex é a partida a frio. Atualmente essa questão é resolvida com a adoção de sistemas de pré-aquecimento, que substituíram os antiquados tanquinhos suplementares de gasolina.
Só que, enquanto em um modelo convencional a partida a frio ocorre somente uma vez a cada uso, no Prius ela ocorrerá por diversos momentos ao longo do dia. No Prius, o motor a combustão liga e desliga constantemente de acordo com o modo de condução.
“Desenvolvemos um mapa de injeção e controle do motor exclusivo para o Prius Flex. Mas, por enquanto, ainda não definimos qual sistema de pré-aquecimento será usado no modelo”, detalha Bennacchio.
As duas principais soluções disponíveis no mercado aquecem o etanol em lugares distintos: uma usa resistências dentro do bico injetor, enquanto outra esquenta o combustível na flauta de injeção, antes dos bicos.
Outro problema para o Prius Flex é o “ciclo dona de casa”.
De olho no óleo
O nome, antiquado para os dias atuais, se refere aos motoristas que usam o carro por poucos quilômetros, sem que haja tempo hábil para que o motor esquente corretamente.
É o chamado uso severo, condição em que a mecânica é mais exigida, e que acaba encurtando os intervalos necessários para a manutenção.
Motores movidos a etanol demoram mais para esquentar, também pelo fato do combustível vegetal ter menor poder calorífico. Enquanto no ciclo frio, a injeção eletrônica enriquece a mistura ar-combustível para aumentar rapidamente a temperatura dos cilindros.
Nessa situação, no entanto, a queima da mistura não é completa e o excesso de etanol escorre pela camisa do cilindro, chegando ao cárter, onde contamina o óleo lubrificante.
Esse cenário não é um problema quando o carro fica ligado o suficiente para que o óleo esquente e, com isso, faça o etanol evaporar e ser reingerido pelo motor por meio do sistema de coleta de vapores.
Só que, no Prius, o motor a combustão demora mais tempo para esquentar do que em carros convencionais. E a história mostra que rodagem curta em propulsores flex pode render problemas sérios para o motor.
“Estamos cientes dessa situação e vamos estudar a melhor solução para esse problema”, fala Bennacchio. Entre as alternativas está na troca da especificação de óleo ou até reprogramar o controle de motores para permitir que o 1.8 16V do Prius fique ligado por mais tempo para aquecer corretamente – ainda que isso prejudique o consumo.
Mesmo com esses desafios, porém, a Toyota não abandonou seus planos de lançar o primeiro híbrido flex do mundo até 2019. A expectativa é que a primazia seja do Prius, mas já é certo que a nova geração do Corolla também terá versões híbridas flexíveis no Brasil.