A Renault oficializou a venda de suas operações na Rússia. Após pressão internacional para interromper a produção local, o que aconteceu em março, a fabricante comunicou que passou 100% da participação do Renault Group na Renault Rússia para a cidade de Moscou e participação de 67,69% na AVTOVAZ para o NAMI, o Instituto Central de Pesquisa e Desenvolvimento de Automóveis e Motores.
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O acordo inclui uma opção de recompra pelo Renault Group de sua participação na AVTOVAZ, que, de acordo com a fabricante, poderá ser exercida em períodos determinados no decorrer dos próximos 6 anos. Mas em outro contexto, conforme assegurou o CEO do Renault Group, Luca de Meo.
“Hoje, chegamos a uma deliberação difícil, mas necessária. Estamos tomando uma decisão responsável em relação aos nossos 45 mil funcionários na Rússia, ao mesmo tempo em que protegemos a performance do Grupo e nossa capacidade de voltar ao país no futuro, em um contexto diferente. Tenho confiança na capacidade do Renault Group de acelerar ainda mais sua transformação e superar seus objetivos de médio prazo”, declarou o executivo.
A Renault controlava, desde 2007, os quase 68% da icônica fabricante russa Lada por meio da empresa AvtoVAZ, além de produzir modelos próprios e da Nissan na Rússia. A união frutífera permitiu que, dos dez carros mais vendidos no país em 2021, três, incluindo os dois primeiros, Vesta e Granta, fossem da Lada, com o Renault Duster em nono lugar. A empresa era avaliada em 2,19 bilhões de euros no final de 2021.
Ao todo, a Renault detinha 30% do mercado automotivo russo e era a segunda maior operação da Renault no mundo. Com as sanções e restrições causadas pela guerra de Vladimir Putin, entretanto, foi se tornando cada vez mais difícil operar no país. No final de março, férias coletivas foram dadas para repor estoque e encontrar soluções, uma vez que salários e fornecedores eram pagos, mas as vendas despencavam.
Com a venda, tudo que a Renault fazia na Rússia será realizado por órgãos e institutos estatais. A fábrica de Moscou, onde foram produzidos 75.835 carros em 2020 — incluindo o Nissan Terrano e os Renault Duster, Kaptur e Arkana — poderá dar continuidade a produção, mas sob a marca Moskvitch, uma fabricante criada na União Soviética e que faliu em 2006.
Pelo menos foi isso que informou o prefeito de Moscou, Sergei Sobyanin, que ainda revelou a intenção de fabricar carros elétricos com a marca Moskvitch no futuro.
Um dos grandes problemas para a indústria russa será encontrar meios de importar peças. O governo local chegou a publicar uma lei permitindo a importação de veículos e componentes por meios não oficiais para driblar sanções internacionais.