Renault Kwid brasileiro terá 40% das peças importadas da Índia
Justificativa são os custos; mesmo com impostos e frete, país asiático conseguiu superar fornecedores nacionais
Lançado na Índia em 2015, o Renault Kwid terá preço inicial de R$ 29.990 na versão mais básica, já com quatro airbags. Para conseguir esse preço – quase R$ 4 mil mais barato que o Fiat Mobi mais simples – nada menos que 40% das peças do veículo fabricado no Brasil serão importadas da Índia.
Foi o que disse Marc Suss, diretor de veículos de entrada da Renault, ao site francês LesEchos. Segundo o executivo, houve quase que um esforço de guerra da marca para garantir preço competitivo. O primeiro passo teria sido criar uma equipe de gestão independente da subsidiária brasileira, para evitar contaminação pelo ambiente tradicional.
Depois, fornecedores brasileiros e indianos participaram de concorrência para a produção de cada um dos componentes. Levou quem cobrou menos, lógico.
No final das contas, 60% das peças do Kwid serão fabricadas no Brasil. Isso significa que, mesmo com custo de transporte e com imposto aduaneiro de 30%, os indianos conseguem entregar quase metade do carro mais barato do que qualquer empresa brasileira – e se realmente uma boa parcela dos componentes são distintos (mais reforçados) que os utilizados no Kwid indiano, não se trata de economia de escala.
Meses atrás, a Renault já havia afirmado que o Kwid nacional terá 80% dos componentes diferentes do carro indiano. Entre aços de maior resistência, reforços, novos equipamentos e isolamento acústico reforçado, o peso aumentará em 160 kg, dos 680 kg do carro indiano para 840 kg no carro brasileiro.
Tudo isso para aumentar sua segurança – o modelo indiano virou notícia no ano passado ao zerar os testes de segurança do Global NCAP. Meses depois, já com reforços estruturais, ele foi só um pouquinho melhor – apenas uma estrela entre cinco possíveis.
Entre os componentes que serão enviados da fábrica da Renault em Madras está a estrutura dos assentos, que não é nada leve. Os tecidos da forração também são comprados mais baratos na Índia.
Para contornar os custos propostos por fornecedores brasileiros, a Renault se dispôs a produzir peças plásticas, como partes do painel e os para-choques, na fábrica de São José dos Pinhais.