Renault Kwid brasileiro não zerou testes de colisão
Unidades fabricadas no Brasil não foram testadas, mas não poderão receber nota máxima
Circula nas redes sociais uma notícia na qual o Renault Kwid teria recebido zero estrela (de um máximo de cinco) em um teste de colisão.
De fato, o teste ocorreu. E, de fato, o Kwid não obteve estrelas. Porém, o veículo em questão não foi fabricado no Brasil.
Na internet, o teste está sendo divulgado como se fosse do modelo brasileiro. Mas se trata do Kwid produzido na Índia para o mercado indiano.
Lá, o subcompacto da Renault começou a ser vendido há pouco mais de um ano. Por trás dos testes está o Global NCAP, órgão independente ao qual estão associados o Latin NCAP (que testa carros vendidos na América Latina) e o Euro NCAP (que está por trás dos testes de carros vendidos na Europa).
Essa é a história de um carro que não desiste nunca. No primeiro teste, uma unidade sem airbags nem ABS recebeu nota zero (nenhuma estrela) para a proteção dos adultos e duas estrelas para a proteção de crianças.
Além da falta de airbags, contribuiu para a nota o colapso da estrutura do habitáculo dos passageiros.
Após o teste, a Renault reforçou o modelo, que foi submetido a uma nova rodada de testes de impacto. Novamente, zero estrelas. Não houve colapso da estrutura do habitáculo, mas a carroceria foi classificada como instável e sem capacidade de receber cargas adicionais.
O Global NCAP ainda disse ter encontrado reforços no lado do motorista (direito, na versão indiana), mas não no do passageiro.
Em seguida, outra unidade com os mesmos reforços e airbag para o motorista foi testada. E pela terceira vez, mesmo com a bolsa de ar nenhuma estrela brilhou.
[youtube=https://www.youtube.com/watch?v=8RDpoX9caGg&w=680&h=383]
Houve alta pressão na região do tórax do motorista após a deflagração do airbag e as pernas dos passageiros da frente poderiam se chocar com as estruturas do painel.
Meses depois o Kwid indiano encarou seu quarto teste de colisão. Agora com alterações estruturais mais abrangentes, airbag e cinto com pré-tensionador para o motorista.
Na quarta avaliação, então, o Kwid vendido na Índia recebeu sua primeira estrela em proteção para adultos após o impacto a 64 km/h.
E o carro brasileiro?
Na época da divulgação dos primeiros, a Renault do Brasil se apressou em dizer que o Kwid nacional receberia diversos reforços estruturais. O carro nacional inclusive é mais pesado: são 790 kg contra 680 kg do carro indiano.
Além disso, o modelo brasileiro terá quatro airbags (dois dianteiros e dois laterais) de série em todas as versões.
É equipamento inédito entre os compactos de entrada e que também depende de reforços nas longarinas e nas colunas B para serem instalados. Obrigatório no Brasil, freios ABS também estarão presentes.
O que é possível adiantar é que, quando for testado pelo Latin NCAP, o Renault Kwid brasileiro não receberá quatro ou cinco estrelas em segurança.
Para alcançar as maiores notas nos testes é necessário, além de um bom desempenho nos testes de colisão frontal, controle eletrônico de estabilidade. E o Kwid nacional não terá este equipamento nem na versão mais cara.
Para ser classificado com três estrelas, é necessário ter ao menos alerta de cinto de segurança desatado para o motorista.
Apenas com bons resultados nos testes de colisão frontal e lateral, um carro recebe no máximo duas estrelas.