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Por que esse GM EV1 transformado em híbrido e abandonado tem tanto valor?

O modelo foi o primeiro elétrico a ser produzida em grande escala e sua descontinuidade pode ter afetado toda indústria automotiva

Por João Vitor Ferreira
Atualizado em 26 ago 2021, 12h22 - Publicado em 26 ago 2021, 12h08
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  • EV1 abandonado em washington

    Atualmente, a General Motors corre atrás de cumprir sua promessa de vender somente veículos elétricos até 2035. Por enquanto, porém, a empresa parece estar longe desse objetivo, visto que tem apenas com o Chevrolet Bolt e o Bolt EUV em seu catálogo.

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    Essa história poderia ser bem diferente se a montadora não tivesse se auto-sabotado no final dos anos 90. Para quem não sabe, o primeiro “boom” dos elétricos ocorreu antes da virada do século, por volta de 1996, graças a uma lei do estado da Califórnia, que obrigava as sete maiores montadoras da época a investirem em veículos com emissão zero de gases poluentes. Quem não cumprisse, estaria proibido de vender seus carros por lá.

    Com essa pressão, a General Motors lançou o GM EV1, seu primeiro elétrico. Com 139 cv de potência, o EV era o mais rápido da época, alcançando os 128 km/h. Ele até conquistou um bom número de fãs, mas desde o começo havia algo estranho em torno do EV1.

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    A GM simplesmente se recusava a vendê-lo aos clientes. Em vez disso, era oferecido por sistema de leasing, semelhante a um aluguel, onde o carro precisa ser devolvido ao fim do contrato.

    GM EV1 de lado
    O EV1foi baseado no protótipo Impact de 1990 e em sua primeira versão teve 113 km de autonomia, aumentado para 257 km na segunda geração. (Reprodução/Internet)

    Sem mais nem menos, em 1999, a empresa descontinuou a produção do seu primeiro elétrico. Em 2003 uma medida extrema foi tomada: ordenaram o recolhimento de todos os EV 1 e, também, que todos eles fossem destruídos. A decisão gerou uma certa revolta e, inclusive, aconteceram algumas prisões em protestos contra a fabricante.

    Mas porquê a GM simplesmente detonaria um projeto tão promissor? Esse mistério levou a produção de um documentário chamado de “Quem matou o carro elétrico?”, lançado em 2006.

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    Talvez, a explicação mais provável seja a pressão das grandes petrolíferas e do próprio Governo Americano. Na época ocorria a Guerra do Iraque, um conflito que, em resumo, se baseou na disputa por petróleo. Isso gerou uma estabilidade no preço dos combustíveis nos EUA. Logo, as empresas petrolíferas passaram a lucrar mais e uma onda ecológica movida pelos carros elétricos não era bem-vinda.

    A propaganda negativa por parte dos magnatas dos combustíveis, somada à pressão do governo e má vontade da GM em cumprir o decreto estabelecido pela Califórnia, culminaram no fim precoce do EV1, com apenas 1.117 unidades produzidas. Para burlar as leis, o “migué” utilizado pelas montadoras foi o investimento em motores flex — movidos a gasolina e etanol — e no hidrogênio como combustível, dessa forma elas se comprometiam em pesquisar tecnologias sustentáveis sem mudar a dinâmica do mercado.

    GM EV1
    Como parte da campanha negativa, as empresas de combustíveis atacavam o EV1 e outros elétricos dizendo que sua autonomia seria limitada a apenas 160 km (Reprodução/Internet)
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    Contada a história, voltamos para agosto de 2021 onde um dos modelos EV1 foi encontrado na universidade de Howard, na capital dos EUA, Washington. Por sorte, cerca de 40 veículos sobreviveram e foram doados a museus — onde é mais comum encontrá-los — e universidades, como é o caso deste exemplar.

    Por que esse GM EV1 transformado em híbrido e abandonado tem tanto valor?
    (LeaderoftheNew/Twitter)

    O carro encontrado por um usuário do Twitter utilizando imagens do Google Street View, foi doado sem bateria à universidade e convertido para um híbrido pelos estudantes. Tudo isso, como parte da competição EcoCar, que ocorreu em por volta de 2008, onde os alunos precisaram inventar um veículo com baixo consumo de combustível. Porém, devido ao corte de verba, o projeto foi descontinuado e a raridade ficou parada no estacionamento atrás do prédio de engenharia da faculdade.

    Interior EV1 Abandonado
    Segundo funcionários do campus, o carro ainda funciona, só precisa de gasolina para ligar e carregar as baterias (LeaderoftheNew/Twitter)
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    Quem contou a história foi o professor da Colorado School of Mines, Jason C. Ganley, ao portal Dcist. Ele foi o responsável por encabeçar e descreveu o EV1 como “seu bebê”. Mais recentemente, em 2018, um grupo de quatro veteranos da Universidade até tentou convertê-lo novamente em um elétrico. Porém não obtiveram sucesso, já que não conseguiram acesso ao carro por meio semestre e a GM não disponibilizou projetos detalhados do veículo.

    EV1 abandonado em washington
    Segundo o professor Ganley, o EV1 chegou a faculdade no ano de 2002 e foi ignorado até 2008 (cmoney_htx/Twitter)

    Graças a decisão da montadora, o EV1 se tornou um tesouro a ser caçado por entusiastas, que vasculham a internet atrás de exemplares abandonados. O recall também pode ter sido o motivo pelo atraso da empresa em relação aos veículos elétricos. O CEO da GM na época, Jack Smith, declarou uma vez que um dos maiores erros de sua carreira foi “matar” o carro elétrico.

    Como se isso não bastasse, o fim do EV1 também levou a criação de uma das maiores empresas do ramo. Se você pensou na Tesla, acertou. O próprio Ellon Musk divulgou em seu Twitter que foi essa história, que o levou a construir seus carros elétricos. Ah, se arrependimento matasse…

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    tweet de Elon Musk sobre o recall da gm
    “Poucas pessoas sabem que começamos a Tesla quando a GM obrigou o recall de todos os carros elétricos dos clientes em 2003 e depois os esmagou em um ferro-velho” (Reprodução/Twitter)

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