Por pressão de concessionários, Ford trará o Territory da China
SUV médio terá preço de Jeep Compass e será feito na Argentina em 2022
Atração do Salão do Automóvel de São Paulo, em novembro, o Ford Territory viu sua situação no Brasil mudar por completo nos últimos meses.
A notícia de que o modelo não viria para o Brasil nesta geração e o anúncio do fechamento da fábrica de São Bernardo do Campo (SP) até o final do ano deram outro peso ao SUV médio.
Sem perspectiva de novos modelos de volume para os próximos anos, os revendedores pressionaram a Ford para trazer o Territory para o Brasil o quanto antes.
Para eles, o modelo seria o único Ford capaz de ameaçar os SUV da moda, como os grandinhos Hyundai Creta, Honda HR-V e Volkswagen T-Cross, e os SUVs médios mais acessíveis, como Jeep Compass, o Hyundai ix35 e o Caoa Chery Tiggo 7. E entrar em um segmento tão forte hoje seria bom para a imagem da marca.
A pressão parece ter surtido efeito.
QUATRO RODAS apurou que, logo após conversa com distribuidores, a Ford do Brasil enviou executivos para a China com o objetivo de negociar a vinda do Territory, agora como importado. É uma estratégia intermediária entre as duas cogitadas pela marca.
A ideia original da Ford era fazer o Territory na Argentina, no lugar do Focus – que deixará de ser produzido em maio. A produção do modelo atual começaria em 2020 e, dois anos depois, seria a vez de sua nova geração ter produção.
Essa mudança em tão pouco tempo teria um custo elevado e repetiria a estratégia do Focus atual, que chegou tarde, em outubro de 2013, com visual antigo e em junho de 2015 foi reestilizado para ficar igual ao resto do mundo.
Se após isso ficou decidido por iniciar as vendas do SUV no Brasil apenas em 2022, já com novo visual e produção argentina, agora a Ford trará o modelo atual da China por pelo menos dois anos.
O que é o Ford Territory?
Apesar dos logotipos, o Territory não é um Ford em sua essência.
O modelo nasceu do Yusheng S330, feito pela Jiangling Motors Corporation (JMC), uma das duas parceiras da Ford na China. Para se transformar no Territory, mudaram grade dianteira, para-choques, faróis e lanternas.
O interior, por sua vez, é completamente diferente. Além do design mais moderno, recebeu materiais com que dão aspecto de melhor qualidade. Em vez dos plásticos duros do S330, o Ford tem toque macio em parte do painel e nas portas.
Na china, a lista de equipamentos do Territory inclui central multimídia com comando de voz e o sofisticado sistema Co-Pilot360, que une frenagem de emergência, monitoramento de pontos cegos, acendimento automático dos faróis e piloto automático adaptativo.
As dimensões são avantajadas. Tem tem 4,58 m de comprimento, 1,94 m de largura, 1,67 m de altura e 2,71 m de entre-eixos. É sensivelmente maior que um Jeep Compass, que tem 4,42 m de comprimento, 1,82 m de largura, 1,64 m de altura e 2,64 m de entre-eixos. Também é maior que o Hyundai ix35, que tem 4,41 m de comprimento, 1,82 m de largura, 1,66 m de altura e 2,64 m de entre-eixos.
O motor é um 1.5 turbo. Mas não pense que é um EcoBoost: ele é derivado de um antigo projeto da Mitsubishi e foi amansado para o Ford. Gera 143 cv, 20 cv a menos que no Yusheng S330. Em compensação, o consumo teria melhorado: 14,9 km/l de média, contra 13,8 km/l de acordo com a imprensa chinesa.
Fontes ouvidas por QUATRO RODAS afirmam que a intenção da Ford é posicionar o Territory na mesma faixa de preço do Jeep Compass, que hoje custa entre R$ 113.990 e R$ 146.990 quando com motor 2.0 flex.
Para cumprir o prazo, agora a marca trabalha a toque de caixa nos ajustes do Territory para o mercado brasileiro. Os testes de rodagem já começaram com uma unidade, como revelam os flagras de nossos leitores.
Procurada, a Ford disse que não comenta especulações
Como fica a linha da Ford?
A Ford chegará ao final deste ano com uma gama de modelos bem mais enxuta. Sem Focus e Fiesta, a linha se resumirá a Ka, Ka Sedan, EcoSport, Ranger (Argentina), Fusion (México), Edge ST (Canadá) e Mustang (EUA).
Novas gerações ainda devem demorar. O Ka só deverá mudar de geração dentro de três anos e a Ranger, que terá atualização na virada deste ano, terá mudanças profundas na mesma época.
Já o EcoSport, carro mais rentável da marca, passou por uma atualização profunda em 2017. Contudo, desde então vive ofuscado pelos concorrentes.