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Piloto automático urbano da Tesla bate 285.000 usuários. Isso é perigoso?

Confiança excessiva e marketing ambíguo vêm causando preocupações de autoridades nos EUA, por mais que sistema impressione

Por Eduardo Passos
11 jan 2023, 19h02
Sistema da Tesla consegue dirigir sozinho na cidade, mas de modo limitado e com supervisão obrigatória do motorista
Sistema da Tesla consegue dirigir sozinho na cidade, mas de modo limitado e com supervisão obrigatória do motorista (Kim Paquette/Twitter)
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Já existem mais de 285.000 motoristas que, nos Estados Unidos, utilizam o nível máximo de automação veicular da Tesla, informou a marca via Twitter. Mas, ao mesmo tempo que a fabricante tem motivos para se orgulhar, a quantidade de usuários do seu “piloto automático” gera preocupação em diferentes setores da sociedade norte-americana.

Esse novo sistema de pilotagem automatizada, o Full Self-Driving (FSD, direção totalmente autônoma, na tradução livre) é capaz de realizar funções muito mais avançadas que o que vemos no Brasil, como assistentes de permanência em faixa e controle de cruzeiro adaptativo.

Os elétricos da Tesla conseguem trocar de faixa, tomar alças de acesso e, agora, se movimentar em vias urbanas, fazendo curvas, respeitando semáforos e desviando de obstáculos que inexistem em rodovias, como pedestres e ciclistas. É um sistema impressionante, mas que, apontam evidências, acaba tendo suas falhas maquiadas pelo marketing pesado de Elon Musk — que, desde 2014, vem prometendo carros completamente autônomos “no ano que vem”.

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Uma evidência que reforça a distância do FSD para sistemas realmente autônomos é a métrica de quilômetros por desacoplamento: ou seja, em média quantos quilômetros o carro percorre comandado pelo computador até que uma intervenção humana seja necessária.

A ação do motorista pode acontecer por incapacidade do software em prosseguir no comando dado algum bug, cenário inesperado, más condições climáticas etc. A Tesla se recusa a fornecer dados oficiais sobre isso, mas um grupo de proprietários participa de uma contagem colaborativa que até agora constatou média estimada de 111 km/desacoplamento do sistema.

Em comparação, a Cruise (uma das líderes no desenvolvimento de automação veicular) reporta taxa de 66.750 km/desacoplamento, enquanto os números da Zoox, subsidiária da Amazon, superam impressionantes 80.000 km/desacoplamento. Tais resultados se devem, entre outros motivos, a veículos que trazem muito mais equipamentos de monitoramento do ambiente que um carro de série, obviamente tornando-os extremamente caros.

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Equipamentos robustos dão confiança suficiente para que os carros da Cruise funcionem como táxis autônomos em alguns locais dos EUA
Equipamentos robustos dão confiança suficiente para que os carros da Cruise funcionem como táxis autônomos em alguns locais dos EUA (Divulgação/Cruise)

As autoridades da Califórnia estão irritadas com Musk e, a partir de 2023, a Tesla está proibida de anunciar o Full Self-Driving com esse nome no estado. Os legisladores concluíram se tratar de um termo enganoso, que pode levar os consumidores a negligenciar a atenção ao trânsito.

Dito e feito: há poucos dias, na região de São Francisco, um veículo da marca sob comando do FSD realizou um desacoplamento abrupto em plena via expressa. Com o condutor provavelmente desatento por confiar demais no sistema, o Tesla parado causou um engavetamento com outros sete carros.

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A evolução dos algoritmos e redes neurais que comandam as decisões do computador da Tesla também é crucial para a melhoria do FSD. Com quase 300.000 usuários “educando” o sistema e fornecendo dados à montadora constantemente, a tendência é que o Full Self-Driving apresente melhoras significativas com o passar do tempo, ainda que os carros que atualmente saem das fábricas da Tesla tendam a jamais ser autônomos de verdade.

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