Peugeot aprova fusão com a Fiat. O que acontecerá agora?
Sem imprevistos, o quarto maior conglomerado automotivo do planeta deve ser formado até março deste ano
Que os conglomerados liderados por Fiat e Peugeot estão se unindo, não é novidade. Mas os primeiros passos definitivos rumo à fusão foram dados hoje, com a ‘benção’ ao casamento por parte da PSA, encabeçada por Peugeot e Citroën.
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A votação dos acionistas ocorreu na manhã desta segunda-feira na Europa (madrugada no Brasil), e consolidou o interesse da parte francesa na união. Num primeiro momento, houve a votação positiva dos acionistas principais — família Peugeot, governo francês e a chinesa Dongfeng —, seguidos pelos secundários.
Ao todo, foram 99,85% dos votos a favor da criação da holding Stellantis, nova proprietária de 14 marcas: Fiat, Peugeot, Citroën, Jeep, Chrysler, Alfa Romeo, Dodge, Opel, Ram, Maserati, Vauxhall, Lancia, Abarth e DS. Mas algumas delas, como Chrysler e Lancia, podem não durar por muito tempo após a fusão.
Risco de monopólio
Um dos maiores obstáculos à fusão dos grupos era provar aos governos que a Stellantis não representaria um novo monopólio, capaz de prejudicar o mercado automotivo.
Na Europa, o principal argumento para justificar a união foi a necessidade de otimizar e cortar custos — reforçado pela crise da covid-19. Por fim, a União Europeia deu OK ao processo sob algumas condições.
Uma delas é que a Fiat-Chrysler (FCA) reforçasse o acordo com a Toyota, pelo qual produz veículos comerciais leves para a montadora japonesa no Velho Continente. Desse modo, as fábricas que vêm do lado francês da Stellantis devem ser usadas para ampliar a capacidade de fabricação de modelos como a Hilux e a minivan Proace.
Outra determinação é que a extensa rede autorizada dos grupos FCA e PSA não ofereça vantagens às 14 marcas. Assim, está proibido que oficinas tenham até mesmo recepções e salas de espera diferenciadas aos proprietários de carros da Stellantis e para os outros. Além disso, o grupo não pode impedir que ferramentas e equipamentos sejam usados na manutenção de modelos da concorrência.
No Brasil, houve análise semelhante e o Cade (Conselho Administrativo de Defesa Econômica) aprovou a união sem restrições para o mercado brasileiro.
O que falta agora?
Com a aprovação por parte da PSA, os acionistas da Fiat devem fazer sua parte, dando OK na tarde desta segunda-feira (4). Além da aceitação às regras, espera-se também a confirmação de Carlos Tavares, atual CEO da PSA, como futuro líder da Stellantis.
Sem imprevistos, a fusão de mais de R$ 250 bilhões deverá ser concluída até o fim de março. O novo grupo será o quarto maior conglomerado automotivo do planeta, atrás apenas da Volkswagen, Toyota e da Aliança Renault-Nissan-Mitsubishi. A sede da Stellantis não será na França, EUA ou Itália, mas na ‘neutra’ Holanda.
Os desafios à nova empresa incluem, além da recuperação econômica e da criação de carros elétricos, uma melhor penetração no concorrido mercado chinês. Além disso, espera-se mudanças nas diferentes linhas de veículos, eliminando modelos que hoje concorrem diretamente entre si.
As fábricas brasileiras, como as de Porto Real e Betim, não correm risco, já que a Stellantis não fechará nenhuma planta a curto prazo — mesmo que isso resulte em uma capacidade excedente de produção de até seis milhões de carros no período.
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