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Os automatizados e automáticos mais baratos

Com o VW Up! à frente, cresce a oferta de carros que dispensam a embreagem

Por Paulo Campo Grande | Fotos Marco de Bari
Atualizado em 9 nov 2016, 13h48 - Publicado em 26 jun 2014, 20h04
geral

O câmbio manual sempre fez sucesso no Brasil. Mas o trânsito cada vez mais congestionado das cidades está provocando mudanças no mercado. As fábricas estão aumentando a oferta de modelos equipados com câmbio automático ou automatizado no principal segmento do país: o dos hatches compactos.

Segundo a VW, até 2005, todos os hatches compactos à venda no país tinham somente transmissões manuais. Mas em 2010, dos 19 carros do segmento, 9 (47%) contavam com a possibilidade de uso automático. Neste ano, dos 28 modelos, 17 (60%) dispõem desses recursos. Este mês, a VW lança o Up! automatizado. O sistema vem somente a partir da versão intermediária Move Up! de duas portas, vendida por R$ 30 990 (com o câmbio), mas mostra uma tendência da indústria de deixar a tecnologia ao alcance de todas as faixas do mercado.

Aqui, reunimos automáticos e automatizados de 11 fabricantes, contemplando as opções mais baratas de cada marca. Por ser estreante, o Up! puxa a fila, enquanto o Renault Sandero, que passará por reestilização no mês que vem, fica de fora. Além dos hatches, há ainda opções em conta em outras categorias, como o SUV Chery Tiggo, a minivan Nissan Livina e o micro Smart ForTwo.

A PARTIR DE R$ 30 990 
VW Move Up! I-Motion

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Para quem pensa em comprar um carro com câmbio automático ou automatizado com o menor investimento possível, o VW Up! é a opção mais acessível entre os carros novos.Vendido por R$ 30 990, o compacto é o automatizado mais barato do mercado. Ele custa R$ 12 739 a menos que o Fiat Palio, que é o segundo mais em conta. Essa diferença se justifica. O Up! é equipado com motor 1.0 de 82 cv e tem carroceria de duas portas, enquanto o Palio vem com motor 1.6 16V de 117 cv e quatro portas. Optando pelo Up! quatro portas, a economia ainda é de R$ 10 739 reais (o Move Up! I-Motion de quatro portas custa R$ 32 990). Só tem a questão do motor.

Quem já dirigiu um carro 1.0 sabe que em algumas condições, como em subidas íngremes, é preciso pisar fundo no acelerador e, muitas vezes, sacrificar a embreagem, nas arrancadas. Com a automatização, porém, o motorista deixa de ter controle sobre a embreagem. E isso pode fazer falta. Em nosso test-drive, nas subidas com trânsito pesado, toda vez que parávamos, precisávamos segurar o carro pisando no freio e depois acelerar fundo para arrancar, com medo de o carro voltar de ré ou, em razão da aceleração exagerada, bater no veículo da frente (que no anda e para do trânsito se deslocava pouco).

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No uso normal, o sistema dá mais trancos que o do Gol 1.6. E, na pista, o Up! I-Motion foi mais lento que a versão manual, mas manteve o nível de consumo.

VEREDICTO

O preço é atraente, mas o motorista precisa ser hábil em aclives com trânsito

A PARTIR DE R$ 43 729 
Fiat Palio Dualogic

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Para adquirir um Palio 1.6 Essence, o consumidor só é obrigado a levar piloto automático, no mesmo pacote. O sistema Dualogic Plus custa R$ 2 529 e o cruise-control, R$ 190. Total: R$ 2 719. Se quiser adicionar as borboletas no volante, entretanto, será obrigado a comprar mais dois opcionais, um que inclui volante multifuncional de couro e outro que corresponde a um dos kits de acessórios (Evolution I ou II). O resultado é uma conta de R$ 4 606 ou R$ 5 146, dependendo do kit. O câmbio do Palio tem opção de trocas manuais na alavanca, com tecla Sport (muda o mapeamento visando respostas mais esportivas). Na segunda geração, Plus, o sistema é mais rápido e dá trancos mais discretos, mas nada que se compare aos sistemas automatizados de dupla embreagem. Comparando com a versão manual, o Dualogic piorou no desempenho, mas conservou as médias de consumo.

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VEREDICTO

Com tecla Sport e trocas manuais, a transmissão automatizada do Palio é completa.

A PARTIR DE R$ 44 900 
Kia Picanto 1.0 Flex aut.

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Ao contrário das outras marcas, que estão disponibilizando câmbio automático ou automatizado nas configurações mais baratas, a Kia passará a oferecer o Picanto apenas na versão automática para posicioná-lo como opção premium no segmento. A razão para a adoção dessa estratégia é que, ao pagar imposto de importação, a versão mais simples manual perde competitividade diante dos rivais. O Picanto 1.0 automático custa R$ 44900. Assim como o Up!, ele tem motor de três cilindros e 12 válvulas, mas, como diferencial, traz comando de válvulas variável no escape (além de na admissão). Na pista, o Picanto se saiu bem em consumo, mas deixou a desejar no desempenho. Seu câmbio de quatro marchas faz trocas suaves e sem trancos. E, para ajudar na economia de consumo, há uma luz-espia (ECO) que avisa quando o motor trabalha no regime de maior eficiência.

VEREDICTO

Picanto tem desempenho fraco, mas compensa com bom rendimento no consumo.

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A PARTIR DE R$ 46 675
 HB20 Comfort Plus

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Com exceção do Onix, todos automáticos deste dossiê têm quatro marchas apenas. Nesse universo, o Hyundai HB20 e o Kia Picanto são os donos dos equipamentos mais simples. Os dois têm como único recurso a indicação de marcha no painel. O Kia conta com uma luz-espia, com a palavra ECO, que avisa quando o motorista dirige em um regime de maior eficiência. Mas só isso. Falta modo de operação manual e soluções como teclas Sport ou Overdrive (que reduz a rotação do motor para diminuir o consumo), presentes em outros sistemas que equipam os concorrentes. O câmbio da Hyundai está disponível só nas versões 1.6, a partir do pacote Comfort Plus. O custo do equipamento é de R$ 3300, considerando que a versão Comfort Plus manual custa R$ 43375 e a automática, R$ 46 675. O HB20 automático não consome mais, mas tem desempenho ligeiramente pior que o do manual.

VEREDICTO

O HB20 tem quatro marchas, sem overdrive, mas saiu- se bem nos testes de consumo.

A PARTIR DE R$ 46 790 Chevrolet Onix aut.

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O Chevrolet Onix 1.4 tem o mesmo câmbio automático do sedã Chevrolet Cruze, o que é um luxo para um hatch compacto. Além de seis marchas, com trocas suaves, como em todo sistema automático, ele se adapta ao estilo de direção do motorista, permite o uso do freio-motor e mudanças manuais, por meio de um botão na alavanca. A pena é que ele só está disponível no pacote de equipamentos mais completo. Na versão mais barata LT, que custa R$ 39 090, o câmbio integra o pacote R7X ao preço de R$ 7 700, totalizando R$ 46 790. Pelo menos, o Onix não deve se tornar um fardo maior para o bolso no dia a dia: a transmissão automática testada manteve os níveis de consumo encontrados na versão manual. O desempenho piorou um pouco. Nas medições de 0 a 100 km/h, o tempo subiu de 12 para 13,5 segundos, mas esse é o preço que o câmbio automático cobra pelo conforto.

VEREDICTO

Hatch compacto com câmbio automático adaptativo de seis marchas é um luxo.

A PARTIR DE R$ 49 990 Citroën C3 Tendance AT

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Citroën C3 e Peugeot 208 são iguais não apenas no equipamento, mas também na estratégia de comercialização. Até agora, ambas ofereciam a opção do câmbio automático somente nas versões mais completas de seus carros, mas a partir deste mês, as duas passam a disponibilizar esse equipamento em versões mais acessíveis. A Citroën saiu na frente e já definiu a segunda opção automática da linha. Além da versão top Exclusive, que custa R$ 55490, a marca está lançando a Tendance 1.6 automática, por R$ 49 990. A Tendance é menos equipada. Ela não tem ar digital, piloto automático, sensores de chuva e crepuscular nem couro no volante, como a Exclusive. Mas ainda traz de série computador de bordo, vidros elétricos, ar-condicionado e rodas de liga leve. Até o fechamento desta edição, a Peugeot não havia definido se sua nova versão automática seria a Active ou a Allure.

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VEREDICTO

A versão Tendance torna o C3 mais acessível para quem quer um hatch automático.

A PARTIR DE R$ 50 580 Nissan Livina 1.8 S AT

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Para os que procuram um carro automático para a família, a um custo relativamente baixo, a minivan Nissan Livina é uma boa opção. Ao contrário dos outros modelos deste dossiê, em que os câmbios com opção automática normalmente são oferecidos nos pacotes mais completos, na Livina a transmissão acompanha uma versão diferente de motor. A minivan tem duas opções de motor, 1.6 (108 cv) e 1.8 (126 cv), mas somente a 1.8 pode trazer a transmissão automática. A diferença de preços entre a versão 1.8 S automática e sua correspondente 1.6 S manual é menor do que se poderia imaginar, no entanto. Enquanto a 1.6 manual sai por R$ 47 790, a 1.8 automática custa R$ 50 580. Ou seja: pelo câmbio e o motor maior, o comprador deve desembolsar R$ 2 790. A transmissão de quatro marchas possui overdrive. Mas, na pista, a minivan não obteve boas médias de consumo.

VEREDICTO

Pelas médias de consumo obtidas, o overdrive não cumpre o que promete.

A PARTIR DE R$ 51 900 
Smart ForTwo mhd

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Assim como o Up!, o Smart ForTwo mhd tem motor 1.0 e câmbio automatizado. Mas o Smart sofre menos nos aclives porque tem um câmbio que reage melhor nessas condições críticas, não permitindo que o carro volte de ré. Ele tem até menos potência e torque que o Up!, embora, em compensação, seja mais leve. Mas o que faz a diferença é mesmo a transmissão. Na pista de testes, o ForTwo foi superior ao Up!, conseguindo melhores acelerações e menores níveis de consumo. Seu câmbio tem cinco marchas, com trocas no modo manual na alavanca, e indicação no painel. O compacto possui tração traseira e não dispõe de versão manual, mas conta com duas opções de motor. Na versão mhd, o Smart custa R$ 51 900. Nas configurações mais caras, o motor é turboalimentado, com 84 cv. E, no modo manual, o câmbio tem borboletas no volante, o que ajuda a evitar os trancos das trocas.

VEREDICTO

Carro de imagem (e mais caro), o ForTwo merecia desempenho mais vistoso.

A PARTIR DE R$ 53 490 
Fiesta SE Power Shift

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Quando lançou o Fiesta, a Ford comunicou que o hatch era equipado com câmbio automático de dupla embreagem, usando uma licença técnica, uma vez que câmbios de dupla embreagem são automatizados. O objetivo era valorizar o equipamento, acreditando que o consumidor classificaria os automatizados como inferiores aos automáticos. Essa percepção pode ser verdadeira mas, na prática, a história não é bem assim. De modo geral, os automatizados são os que conseguem o melhor compromisso entre desempenho e consumo. A prova disso é que, em um comparativo feito na chegada do Fiesta, no qual os rivais eram automáticos e ele, automatizado, o Ford foi o que se saiu melhor. Assim como a maioria dos competidores, o Fiesta também só recebe o câmbio automatizado nos pacotes mais completos. No caso dele, o sistema entra em um pacote que custa R$ 5 590.

VEREDICTO

Dos carros deste dossiê, o Fiesta éoquemaisbem concilia consumo e desempenho.

A PARTIR DE R$ 57 990 Chery Tiggo automático

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Até as marcas chinesas estão surfando na onda dos automáticos. Primeiro chinês do mercado com esse câmbio, o CheryTiggo estreou no mês passado com o título de SUV mais barato do Brasil. Embora sua versão automática custe R$ 57 990, R$ 6 000 a mais que a manual, ela é mais acessível que as nacionais de Renault Duster ou Ford EcoSport. No pacote com o câmbio, o Tiggo automático incorpora também o cruise-control. O SUV tem quatro marchas, com a opção das trocas do modo manual na alavanca, e conta com recurso antipatinagem, para uso na lama. No modo automático, as mudanças são suaves e silenciosas, mas um pouco lentas. No manual, assim como as outras caixas automáticas ou automatizadas, o Tiggo tem proteção contra erros que ameacem sua integridade. O sistema pode ignorar um comando de troca se a mudança for provocar sobregiro do motor, por exemplo.

VEREDICTO

Mudanças suaves, mas lentas, comprometem o desempenho do Tiggo.

A PARTIR DE R$ 57 990 Peugeot 208 Griffe aut.

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Sob o ponto de vista da tecnologia, os franceses Peugeot 208 e Citroën C3 são os donos dos câmbios automáticos mais sofisticados. Ambos contam com trocas manuais na alavanca e no volante, teclas Sport e Snow (arranca em segunda marcha para evitar giro em falso das rodas em pisos de baixa aderência, como lama ou neve). A caixa de marchas é a mesma para os dois carros, assim como o motor. Por isso, em nossos testes, os dois conseguiram exatamente os mesmos números de desempenho e consumo. Porém, comparando o rendimento com os rivais, eles ficam devendo melhores marcas. A única diferença entre 208 e C3 no que diz respeito à transmissão está no painel. Enquanto o 208 mostra a marcha que está engatada, mesmo com o câmbio em D, o C3 indica apenas que as posições P, N, R e D. O 208 Griffe custa R$ 57 990, mas a fábrica deve lançar este mês uma versão mais em conta.

VEREDICTO

A melhor relação custo-benefício estará com a versão que ainda vai ser lançada.

COMO ELES FUNCIONAM

O câmbio é um dos elementos da transmissão. Ele fica entre o motor e as rodas, conectando-se ao primeiro via embreagem ou conversor de torque e às rodas por meio de eixos e do diferencial. Sua função é permitir que o carro trafegue em diversas condições, como em subidas ou diferentes velocidades. Há quatro tipos básicos de câmbio: manual, automatizado, automático e automático CVT. O manual funciona sob o comando do motorista e os outros trabalham de forma autônoma, embora tenham construções completamente diferentes. Veja abaixo as características de cada um deles – com exceção do CVT, que não está disponível em nenhum dos hatches deste dossiê.

MANUAL

Este equipamento é composto de vários conjuntos de engrenagens que definem as relações de marcha. Nele as mudanças são feitas pelo motorista, pisando no pedal da embreagem e movimentando a alavanca de marchas.

AUTOMATIZADO

É uma caixa manual, que se diferencia pela adição de um sistema elétrico ou eletro-hidráulico no comando. O acionamento da embreagem e a seleção das marchas são realizados por atuadores, sem a intervenção do motorista. Nos anos 90 havia sistemas que controlavam apenas a embreagem, deixando para o motorista o manuseio da alavanca de marchas.

AUTOMATIZADO COM EMBREAGEM DUPLA

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Como o nome diz, este tem duas embreagens: uma responde pelas marchas ímpares, outra pelas pares. Dessa forma, ele consegue trocar as marchas sem nunca interromper a transmissão da força gerada pelo motor, como acontece no câmbio manual e no automatizado convencional.

AUTOMÁTICO

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Faz as trocas de forma autônoma usando como parâmetros a carga, posição do acelerador e velocidade do veículo. Ele difere do câmbio manual nas engrenagens (planetárias) e também no modo de acoplamento com o motor. No lugar da embreagem, o automático usa um conversor de torque, um dispositivo hidráulico que transmite a força do motor para o câmbio de acordo com a pressão em seu interior.

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