Oito reestilizações que deixaram os carros mais feios
Grande desafio dos designers, os facelifts modernizam um projeto antigo ou desajeitado, mas nem sempre o resultado fica bom
Atualizar o desenho de um projeto cansado sem mexer no recheio é uma prática bastante comum na indústria automobilística. Às vezes os designers atingem seu objetivo, mas em alguns casos o tiro sai pela culatra e o resultado fica pior do que antes.
Em uma matéria anterior, citamos casos escabrosos ocorridos no Brasil, como a do Fiesta de 4ª geração e a do Gol ocorrida em 2005. Veja a seguir mais oito exemplos de reestilizações que poderiam nem ter saído do papel.
Mitsubishi Lancer (China – 2016)
Mesmo tendo sido lançada em 2007, a atual geração do Lancer é considerada uma das mais bonitas da história do modelo. Com personalidade distinta dos concorrentes, as linhas esportivas caem bem tanto nas versões convencionais como na nervosa Evo X, infelizmente a derradeira versão do sedã esportivo nascido das provas de rali.
Enquanto aguardamos pela chegada de uma nova geração, os chineses decidiram dar um “tapa” no visual do carro, utilizando como fonte de inspiração o Outlander. O resultado, porém, não ficou tão bonito de se ver.
Fiat Uno/ Mille (Brasil – 2004)
Projeto assinado pelo renomado designer Giorgetto Giugiaro, o Uno surpreendeu o mundo quando foi lançado nos anos 80. As formas quadradas pouco comuns à época priorizavam o aproveitamento do espaço interno, mas acabaram rendendo apelidos pouco elogiosos – um dos mais famosos era “Botinha Ortopédica”.
Em 2004, porém, a Fiat resolveu mudar o visual do Uno (rebatizado de Mille desde os anos 90). A dianteira ganhou faróis menores e mais retangulares, combinando com uma grade com filetes cromados. A traseira ganhou lanternas com lentes nas cores vermelha e branca. Duramente criticado (houve até quem até o comparasse com os antigos Ladas), o design foi alterado novamente anos depois, permanecendo intocado até o fim de 2013, quando a obrigatoriedade de airbag duplo e freios ABS para todos os veículos novos feitos no país fez o popular sair de cena.
Hyundai Tiburon (Coreia do Sul – 1999)
Com nome de sonoridade engraçada (que vem da palavra em espanhol para “tubarão”), o Tiburon era um cupê lançado pela Hyundai em meados dos anos 90 – época na qual a marca sul-coreana ainda não tinha a boa fama conquistada apenas anos depois. O modelo, que chegou a ser importado para o Brasil como Coupé, até empolgava com um motor 2.0 de aproximadamente 140 cv.
Tudo ia relativamente bem até a reestilização realizada pelos coreanos em 1999, com direito a dois pares de faróis redondos de gosto duvidoso, em que os pares internos são maiores que os externos, gerando uma desarmonia que acabou realçada pelo pequeno tamanho da grade.
VW Golf (Brasil – 2007)
A quarta geração do Golf foi a primeira fabricada no Brasil – e por muito tempo a única também. Produzido na planta de São José dos Pinhais (PR) a partir de 1999, o hatch foi um sucesso de público e crítica, mas a chegada de rivais mais modernos e bem-equipados (como Fiat Stilo e Ford Focus) envelheceu o projeto de 1997. Enquanto na Europa o modelo já estava em vias de chegar à sexta geração, por aqui ainda convivíamos com o mesmo Golf do fim da década de 90.
A história só mudou em 2007, mas não do jeito que gostaríamos: alegando que a produção local do Golf europeu inviabilizaria sua venda por aqui, a VW resolveu reestilizar o cansado Golf IV. Na frente, o estilo limpo e atemporal foi substituído por um desenho mais rebuscado e pesado, com um para-choques ao estilo tuning. Atrás, um esquisito par de lanternas com refletores redondos invadiam a tampa do porta-malas. Apelidado de “Golf 4,5”, ele resistiu até 2014, quando, enfim, foi substituído pela sétima geração do Golf, a mesma que você encontra em qualquer concessionária VW atualmente.
Nissan Livina (Indonésia – 2014)
Longe de ser um exemplo de beleza, a Livina conquistava clientes mais pelos atributos racionais (principalmente o espaço interno) do que pelos emocionais. Alguns anos após seu lançamento, realizado em 2009, a Nissan realizou uma reestilização bastante sutil na dianteira.
A Livina deixou de ser produzida no Brasil em 2015, mas ainda sobrevive na Indonésia, onde ganhou uma controversa reestilização. A frente não sofreu tantas alterações, mas a traseira ganhou lanternas que não parecem pertencer ao carro – teriam elas sido emprestadas do Fiat Grand Siena, talvez?
Toyota Corolla (1998)
Eis um bom exemplo de como um novo design pode quase arruinar a reputação de um modelo. Já desfrutando da reputação de robustez e confiabilidade, o Corolla chegou à oitava geração em 1995. Embora fosse mais uma pesada reestilização de seu antecessor do que uma geração propriamente inédita, o sedã foi um sucesso de vendas. A partir de 1998 foi iniciada a produção nacional do Corolla, trazendo um design bastante conservador que deveria durar apenas um ano. Isso porque, em 1998, a Toyota lançou uma das reestilizações mais polêmicas (para não dizer feias) da história do carro.
Feito originalmente para os mercados da Europa e Oceania, o facelift acabou sendo Importado para o Brasi, onde deveria conviver com o Corolla nacional. No entanto, os faróis redondos e a grade com vários furos no mesmo formato pareciam ter vindo de outro modelo, destoando do restante da carroceria. O estilo foi tão criticado que a Toyota rapidamente decidiu aposentá-lo. A marca, então, agiu rápido e manteve apenas o Corolla nacional em linha até 2003, quando a nona geração chegou ao mercado brasileiro.
Ford Escort (Europa – 1992)
Lançada em 1990 na Europa (e em 1992 no Brasil), a quinta geração do Escort europeu representou uma grande evolução estilística em relação às duas anteriores, melhorando a aerodinâmica e ampliando o porte e o refinamento do modelo. Os críticos do velho continente, porém, não gostaram, o que fez a Ford improvisar um leve facelift em 1992.
Na dianteira, as mudanças se limitaram a uma nova grade ovalada que parecia uma simples improvisação de tão destoante. O modelo chegou a ser vendido no Brasil em 1996, mas por muito pouco tempo, pois logo seria substituido pela sexta geração, que ficaria famosa por vir equipada com os motores Zetec.
Hyundai Tucson (China – 2013)
Sonho de consumo das classes A e B do Brasil em meados dos anos 2000, o Tucson foi substituído pelo ix35 em vários mercados. Mas, por aqui, ele não só continua em linha como convive em harmonia ao lado de seu sucessor. Sem alterações visuais desde seu lançamento, o SUV aposta na boa relação custo-benefício, combinando preço baixo (R$ 69.990) com qualidades como o amplo espaço interno.
Na China, onde o modelo é fabricado pela joint-venture Beijing Hyundai Group, o Tucson sofreu uma leve reestilização em 2013. Mudaram grade frontal, para-choque e as lentes das lanternas. A intenção pode até ter sido boa, mas o resultado ficou bastante estranho – graças aos estranhos acessórios tão adorados pelos chineses, como os apliques cromados, e a desproporção entre vincos, aberturas e grade que deixaram o carro com visual de Photoshop amador.