Nissan renova parceria para ter carros elétricos “recarregados” com etanol
Montadora e o instituto brasileiro desenvolvem juntos uma célula de combustível que utiliza etanol para produzir energia elétrica
A Nissan e o Instituto de Energia e Pesquisas Energéticas e Nucleares (IPEN) anunciaram a renovação de sua parceria. Juntos, eles buscam desenvolver uma nova tecnologia que usa etanol para gerar energia elétrica para mover os veículos.
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Nissan e IPEN começaram a trabalhar juntos no projeto da SOFC (sigla em inglês para Célula de Combustível de Óxido Sólido) em 2019. Agora, nesta nova etapa, um dos principais objetivos é diminuir o tamanho do sistema e aprimorar o seu funcionamento.
Essa parceria está inserida no conceito da Nissan Intelligent Mobility, visão da marca para transformar a maneira como os carros são conduzidos, impulsionados e integrados na sociedade.
O SOFC utiliza etanol 100% (puro) ou diluído em concentração de até 45%. Através de uma reação química entre o combustível, que é transformado em hidrogênio na célula, e o íon oxigênio, o sistema consegue gerar eletricidade para carregar as baterias que alimentam o motor elétrico.
Ao final do processo, o veículo elimina água e uma pequena quantidade de CO2. Segundo a empresa, o gás carbônico produzido faz parte de um sistema neutro, já que o mesmo seria absorvido pela cana-de-açúcar utilizada na produção do etanol.
A Nissan escolheu o Brasil para testar essa tecnologia justamente pela alta produção de etanol do país e pela infraestrutura de postos que oferecem o combustível.
“Seguimos avançando com as pesquisas e esse novo acordo representa um novo passo do projeto global de Célula de Combustível de Óxido Sólido da Nissan, que também é muito interessante para o Brasil, por se encaixar perfeitamente na nossa matriz energética”, disse Airton Cousseau, presidente da Nissan Mercosul e diretor geral da Nissan do Brasil.
“Pelo conhecimento técnico das instituições brasileiras, como o IPEN, as parcerias locais são fundamentais para contribuir com a iniciativa global da marca”, completou o executivo.
Mesmo com a tendência de alguns países, como a Noruega, de substituir os postos convencionais de combustíveis por pontos de carregamento de energia elétrica, a montadora se mantém confiante que sua nova tecnologia não ficará ultrapassada em pouco tempo.
“A gente sabe que a eletrificação está muito forte. Dependendo do país, ela vai direto para a inclusão das baterias, mas outros ainda vão manter o ‘combustível líquido’, como a gasolina para tecnologia híbrida, a mais tradicional célula de hidrogênio e agora o SOFC. Então, no mundo, terão várias alternativas para suprir essa necessidade e acreditamos que o SOFC seja uma delas”, explica Ricardo Abe, gerente de engenharia de produtos da Nissan.
Mesmo antes da parceria com o IPEN, a montadora japonesa já estava com o projeto da sua célula de combustível bem avançado. Entre 2016 e 2017, dois veículos e-NV200 equipados com o sistema SOFC foram testados pela equipe de Pesquisa e Desenvolvimento da Nissan do Brasil.
Segundo os testes, a empresa garante que o Nissan SOFC tem uma autonomia de 600 km para 30 litros de combustível. Além disso, o veículo também será silencioso e com bom desempenho, assim como os elétricos convencionais que utilizam baterias.
Atualmente, a Nissan já tem um carro com emissão zero entre os modelos elétricos, o Nissan LEAF, que já superou a marca de mais de 500 mil unidades comercializadas globalmente. No Brasil, o LEAF atualmente é o quarto veículo totalmente elétrico com maior frota, totalizando 205 veículos, segundo dados coletados pela NeoCharge.