“Ninguém mais quer câmbio manual”, diz diretor técnico da Hyundai
Marca sul-coreana confirma que transmissão manual já não compensa e aposta em novas soluções tecnológicas para agradar os apaixonados

De acordo com o diretor técnico da Hyundai, na Europa, não há mais demanda suficiente para justificar a produção de modelos com esse tipo de transmissão. Em entrevista à revista britânica Car Magazine, ele foi direto: “Ninguém mais quer câmbio manual”.
A frase tem um sentido, em um cenário de eletrificação acelerada, exigências cada vez mais rígidas de emissões e uma indústria focada em conveniência e eficiência. A transmissão manual, é mais um obstáculo do que um diferencial, e mesmo nos poucos casos e mercados em que o câmbio mecânico ainda sobrevive, ele se tornou uma escolha de nicho.

Apesar de ainda ser valorizado por entusiastas que buscam uma condução mais envolvente, o câmbio manual vem perdendo espaço para as transmissões automáticas há anos. Segundo a marca, manter as duas opções, além de aumentar os custos, também cria complexidade na linha de montagem.
Além disso, os câmbios automáticos modernos se tornaram mais eficientes que os manuais. A tecnologia evoluiu a ponto de superar, inclusive, o consumo de combustível em diversas situações. Sem contar na compatibilidade com os novos sistemas de condução, como frenagem automática, controle de cruzeiro adaptativo e sensores de permanência em faixa, que funcionam com mais eficiência em transmissões automáticas.
Outra justificativa para essa troca, é a nova tendência dos carros elétricos — eles não exigem trocas de marcha, a existência de uma transmissão manual se torna tecnicamente desnecessária. Nesses casos, a experiência na direção muda, e o foco passa a respostas instantâneas e a integração de tecnologias embarcadas.

Ainda assim, a Hyundai sabe que há espaço para agradar o público mais tradicionalista, só que de outra maneira. O Ioniq 5 N, na sua versão esportiva, aposta em uma solução curiosa: ele simula trocas de marcha por meio de um sistema chamado N e-shift. Ainda é possível sentir vibrações no volante, corte eletrônico de giro e até sons artificiais de motor a combustão, a intenção é fornecer uma sensação parecida com a de um esportivo tradicional.
A estratégia reforça a visão da marca: o câmbio manual pode até desaparecer fisicamente, mas a sensação que ele proporciona ainda pode ser recriada com tecnologia.