Montadoras querem adiar regras mais duras de emissões e segurança
Associação dos fabricantes pedirá adiamento das obrigatoriedades previstas para os próximos anos, devido ao rombo gerado pelo coronavírus
A Anfavea (Associação Nacional dos Fabricantes Automotores) vai pedir ao governo federal um adiamento de novas normas de segurança e eficiência energética que estão em iminência de entrar em vigor no Brasil.
A informação é do parceiro Autos Segredos, obtida junto ao presidente do órgão, Luiz Carlos Moraes, durante entrevista coletiva concedida a jornalistas nesta terça-feira (23).
Uma das iniciativas terá a ver com normas de segurança ainda não especificadas pela Anfavea.
O próximo item a ser tornado obrigatório será o controle eletrônico de estabilidade e tração (ESC), em todos os automóveis e comerciais leves vendidos no país a partir de 2022.
Vale observar que tal regra já vige de maneira parcial, visto que desde janeiro deste ano novos projetos enquadrados na legislação já precisam contar com o equipamento.
A outra é o Proconve 8, oitava fase do programa de melhoria de eficiência energética e controle das emissões de gases poluentes em veículos pesados de passageiro ou carga.
Esta segunda entraria em vigor em 2022 para novos projetos e em 2023 para qualquer novo veículo pesado, incluindo de passageiros com capacidade para mais de oito pessoas (ônibus) e de transporte de carga (caminhões).
Segundo Anfavea, o pedido será feito por conta do rombo financeiro sofrido pelo setor devido à crise do coronavírus, que levou as vendas de carros a caírem até 90% nos últimos três meses.
Por conta da pandemia, a entidade prevê uma queda de 40% nos emplacamentos ao fim deste ano em relação a 2019, e já há executivos calculando um prejuízo na casa de R$ 40 bilhões.
Segundo o Autos Segredos, Luiz Carlos Moraes afirmou na entrevista que a Anfavea “não é contra os marcos regulatórios”, mas o momento atual “exige que se estude alternativas para a sobrevivência da indústria automotiva”.
Além disso, na visão do executivo, consumidores terão o poder de compra comprometido por causa da crise, e não talvez não tenham condições de arcar com os custos de aquisição de veículos mais caros.
QUATRO RODAS também entende que a paralisação pelo coronavírus teria atrasado todo o cronograma de desenvolvimento e testes dos fabricantes, outro argumento que será usado para o pedido de adiamento.
O presidente da associação não apontou, porém, quais devem ser os novos prazos propostos para os dois marcos.
No caso específico do Proconve 8, este se equipara às normas do Euro 6, que já está sendo substituída pelo ciclo Euro 7 no Velho Continente.
Ela estabelece critérios mais rígidos de controle de emissões de poluentes gerados na queima do diesel, como materiais particulados, óxido de nitrogênio, monóxido de carbono e hidrocarbonetos.
Entre as novidades da nova fase do programa estão: medições realizadas em situações diversas de tráfego real; níveis máximos de emissão de ruídos; que o motor siga apresentando níveis similares de emissão por longo período de uso, variando de 160.000 ou cinco anos a 700.000 km ou sete anos de acordo com o peso bruto total do veículo; que 0,3% da produção ou ao menos três motores de cada família sejam testados semestralmente.
Esta seria apenas a primeira etapa do Proconve 8, que possui outros dois degraus de endurecimento dos parâmetros previstos para os ciclos de 2027/28 e 2032/33 (novos projetos/todos os veículos). Estes, certamente, teriam de ser também adiados caso a primeira etapa mude de data.
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