Mitsubishi Lancer 1600 GSR: diamante na terra
Ao colocar a marca no Olimpo dos ralis, o Lancer iniciou uma tradição que sua versão Evolution continuou honrando
Depois de uma fase inicial de exportações nos anos 50 e 60, a indústria automotiva japonesa experimentou grande expansão na década de 70. Foi quando nasceram alguns modelos célebres, como os Honda Civic, o Datsun 240Z, o Mazda RX-7 e o Toyota Celica.
E foi em 1973 que a Mitsubishi resolveu mudar a imagem de seu pequeno sedã Colt Galant, renovando-o e trocando seu nome para Lancer. No entanto, foi muito mais que um novo batismo.
O Colt foi o carro que abriu o caminho das corridas, para subsidiar as evoluções tecnológicas e promover a Mitsubishi. Com estrutura monobloco rígida, o Lancer levou essa iniciativa ao auge. Seu desenho tinha ondulações sutis e a frente era mais pronunciada que a traseira.
Seus motores de quatro cilindros podiam ser 1.2 de 73 cv, 1.4 de 85 cv e 1.6 de 92 cv ou, na versão esportiva 1600 GSR, de 100 cv. Volante com regulagem de posição e coluna de direção deformável eram novidades do projeto.
Sua carreira esportiva foi meteórica. A versão de rali, Lancer A73 (baseada no 1600 GSR), chegou nos quatro primeiros lugares do 8° Southern Cross Rally, na Austrália, ainda em outubro de 1973. Isso animou a Mitsubishi a usá-lo no Mundial de 1974.
A estréia foi na prova mais difícil, o famoso Safari Rally, no Quênia, com seus 6.000 quilômetros. O carrinho deixou para trás o Porsche 911 e venceu logo na estréia. Em 1976, ficaria nas três primeiras colocações. Batendo o campeão Lancia Stratos, ele foi até chamado de “o rei dos carros”.
Em 1979 foi lançada a segunda geração. O espaço interno e o porta-malas aumentaram. Em 1982, o Colt, nome que desde 1978 identificava um hatch compacto, ganharia uma versão sedã, com diferenças mínimas do Lancer. A partir dali ambos dividiriam o mesmo projeto básico.
A geração de 1983 ganhava pára-choques envolventes e corte reto dos pára-lamas. Um destaque era o motor 1 500 MD a diesel com cilindrada eletronicamente modulada, por meio de sistema que desativava cilindros, para reduzir consumo.
O desenho mais arredondado da linha 1987 era marcado por piscas que se alongavam até as laterais. De estilo mais ovalado, a quarta geração, de 1991, ganhava disposição, até com motor 1.8 turbo de 195 cv. Porém um ano mais tarde é que nasceria o mítico Lancer Evolution, preparado para defender a Mitsubishi mais uma vez nos ralis.
Merecedor de revisões quase anuais, o Evo seria o ápice da linha Lancer, com seu motor de 2.0 16V de 247 cv. Daí em diante o Evolution foi ganhando novas versões, até chegar à décima, o chamado Evo X.
Em 2015, porém, veio a bomba: ela seria a última da gloriosa história do Lancer Evo, que teve sua produção encerrada sem grandes homenagens. Com o momento ruim vivido pela Mitsubishi no mundo (a Nissan-Renault recentemente assumiu o controle acionário da marca), as perspectivas de um novo samurai não parecem muito animadoras.
Ficha Técnica – Mitsubishi Lancer 1600 GSR
Motor: 4 cilindros em linha; 1.2, 1.4 ou 1.6 litros.
Potência: 73 cv (1.2), 85 cv (1.4) e 92 ou 100 cv (1.6).
Câmbio: manual de 4 marchas (automático opcional).
Dimensões: comprimento, 396 cm; largura, 152 cm; altura, 136 cm; entreeixos, 234 cm; peso, de 825 a 880 kg.
Carroceria: sedã de 2 ou 4 portas, perua de 5 portas.
Desempenho: velocidade máxima de 150 a 175 km/h.