Do alto de seus saltos de 7 cm, Laura Hashimoto circula apressada pela concessionária Caltabiano Pacaembu, em São Paulo. Aos 71 anos, 14 deles dedicados às vendas de Toyota, dona Laura é das que mais comercializam modelos da marca no Brasil.
Já conquistou cinco prêmios de melhor vendedora em toda a rede nacional. Até foi para o Japão conhecer a sede da fábrica e seu presidente. “Falei com ele em japonês”, diz ela, que começou na função aos 57 anos, após se aposentar e sem nenhuma experiência na área.
Mais velha da rede Caltabiano, ela vende 25 carros por mês, o que representa 21% do total da autorizada. Seu recorde foi de 45 unidades.
O segundo do ranking chega a 18.”Tenho uns 200 clientes fiéis e alguns vêm de longe para comprar comigo”, diz. É o caso de Fernanda Cocicov, de São Sebastião (SP): “Meu pai, que é de Petrópolis (RJ), vem para cá só para comprar com ela”.
Para os clientes, o segredo está em humanizar a venda. Costuma ligar para perguntar da família e se estão satisfeitos. E faz questão de entregar o carro pessoalmente.
Tem algum privilégio sobre os outros vendedores?
Até o ano passado tinha um estagiário que trabalhava só comigo, o que nenhum outro vendedor teve. Todos os anos ganho viagens nacionais e algumas internacionais por bater as metas de venda. Acabo de voltar da África do Sul.
Atende clientes famosos?
Sim. O autor de novelas da Rede Globo Walter Negrão e a apresentadora Ana Hickmann sempre compram comigo.
Qual foi a venda mais difícil que já fez?
Foi para uma senhora que estava muito indecisa. Passei a tarde inteira com ela mostrando cada modelo. Por fim, ela comprou um Corolla. Os clientes ansiosos são os mais difíceis, pois idealizam um carro e às vezes não posso atender suas expectativas.
Onde gasta seu dinheiro?
Minha paixão é minha cachorrinha Bebete, que trato como filha, pois tem uma babá só para ela. É a quem dedico boa parte dos meus recursos. Como sou viúva e não tenho filhos, não guardo dinheiro. Gasto também com ingressos de peças de teatro e de concertos e em viagens.
É apaixonada por carros? Qual modelo a senhora tem?
Por incrível que pareça, nunca tive paixão por automóveis.
Já tive um Corolla, mas hoje vou e volto andando da concessionária. Quando o trajeto é muito longo, utilizo três taxistas de confiança.
Teve que enfrentar preconceito de colegas de trabalho e de clientes por causa de sua idade?
Não, acho que minha idade me ajuda a vender. Digo até que tenho dez anos a mais do que a realidade
NOTA: Reprodução de reportagem publicada originalmente na edição de abril de 2011