Para atingir as metas de descaboniação, a União Europeia criou um plano de proibir a venda de carros 0km com motor a combustão a partir de 2035. Esta decisão foi muito controversa quando anunciada e, com a situação atual do mercado europeu, está criando ainda mais discussões, com a Itália defendendo uma revisão ou a indústria automotiva europeia pode entrar em colapso.
O ministro de energia italiano Gilberto Pichetto Fratin foi bem claro sobre o posicionamento do governo ao falar com jornalistas durante um fórum em Cernobbio (Itália): “A proibição tem que ser mudada.” Segundo o site Automotive News Europe, Fratin chamou a decisão de absurda e que o plano tem que ser revisto.
Fratin cita o momento atual da indústria automotiva europeia, após um resultado fraco em julho, quando somente 1,03 milhões de unidades foram emplacadas, um aumento de apenas 0,4%.
Na visão do governo italiano, a Comissão Europeia deve permitir que os países escolham a tecnologia que querem para atender as metas de descarbonização. Os membros do governo dizem que não são contra os carros elétricos, mas que a mudança deve ser mais gradual e que deve ser parte de uma mistura maior de motorizações.
Os italianos não estão sozinhos. CEO do Grupo Volkswagen, Oliver Blume também defende uma revisão do plano por conta da situação atual da indústria. Em uma entrevista para o jornal Bild am Sonntag, Blume afirmou que “o bolo ficou menor e temos mais gente na mesa”, uma referência a chegada dos carros chineses, “menos carros são vendidos na Europa. Ao mesmo tempo, novos competidores da Ásia estão forçando sua entrada no mercado.”
A situação na Volkswagen chegou a um ponto crítico e a empresa estuda fechar fábricas na Alemanha pela primeira vez em sua história, em uma tentativa de reduzir seus custos operacionais em 10 bilhões de euros (R$ 62,2 bilhões).
Outra montadora que também se posicionou recentemente foi a Renault. Na visão do CEO da empresa, Luca de Meo, as fabricantes europeias podem pagar até 15 bilhões de euros (R$ 93,3 bilhões) em multas por não atingir as metas de emissões para 2025. O executivo afirma que, se as vendas de carros elétricos continuarem no nível atual, todas serão penalizadas ou terão que cortar a produção em mais de 2,5 milhões de veículos.
A Itália é um dos países que tem defendido a adoção dos combustíveis sintéticos como uma alternativa para a eletrificação, o que não eliminaria os motores a combustão. O interesse é grande por conta das fabricantes de esportivos como Ferrari e Lamborghini, que ainda estão adotando modelos híbridos e não terão elétricos tão cedo.