Honda Civic se junta ao Onix e tem fabricação interrompida no Brasil
Crise de matéria-prima leva mais uma fábrica a paralisar sua produção, a fim de esperar pela regularização dos estoques de chips
A crise dos chips semicondutores segue causando problemas e agora também chegou ao interior de São Paulo, onde a Honda decidiu interromper a produção do seu Civic por escassez de matéria-prima.
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Desse modo, a partir desta segunda-feira (1), a fabricação do sedã médio entrará em pausa de dez dias, com férias coletivas concedidas aos trabalhadores da planta de Sumaré. A fabricante garante, entretanto, que a produção do HR-V, Fit e City em Itirapina (SP), não deverá ser afetada em um primeiro momento.
“A Honda Automóveis do Brasil confirma parada temporária em sua linha de produção do modelo Civic na fábrica de Sumaré (SP), em virtude dos impactos da pandemia da Covid-19 nas cadeias globais de suprimento, que ocasionaram um desequilíbrio entre oferta e demanda de semicondutores”, diz o comunicado da empresa.
O drama da Honda não é exceção, e por aqui também afeta a Chevrolet que paralizará a produção do modelo mais vendido do país, o Onix, durante o mês de março.
O hatch vinha sendo fabricado a pleno vapor, em turnos quase integrais, mas terá seu pique reduzido. Durante este mês grande parte dos operários de Gravataí (RS) entrarão em férias, a fim de dar tempo à recuperação dos estoques. A informação é do sindicato dos metalúrgicos de Gravataí e oficialmente a GM não confirma a paralização.
Como se não bastasse, o Brasil também enfrenta problemas únicos, potencializados pela desvalorização do real e pela demanda crescente por commodities como minério de ferro e petróleo. Desse modo, não só está cada vez mais caro adquirir o principal responsável pelo preço final do carro, como há concorrência ferrenha com importadores, que pagam em dólar.
Crise de abastecimento mundial
No mundo todo montadoras vêm diminuindo sua produção por conta das escassez de materiais semicondutores essenciais aos veículos, cada vez mais eletrônicos, produzidos.
Classificada pela japonesa como “um desequilíbrio entre oferta e demanda de semicondutores”, a situação teve início há um ano, quando as medidas de isolamento social entraram em vigor ao redor do mundo.
Na ocasião, houve grande aumento nas vendas de computadores e outros gadgets voltados ao trabalho remoto e entretenimento doméstico, como celulares, smart TVs e videogames. Além disso, as linhas, majoritariamente situadas em China e Taiwan, sofreram com interrupções durante os rígidos lockdowns asiáticos.
Ainda que os chips automotivos sejam mais simples do que os usados num console de última geração, por exemplo, a demanda foi tanta que, quando a indústria de carros retomou seu fôlego, simplesmente não havia oferta suficiente a todos os players do mercado. Piorando, a guerra fiscal entre Washington e Pequim provocou desarranjo e problemas de abastecimento na cadeia global das peças.
Na América do Norte a situação já levou à parada de fábricas de General Motors e Ford, que prevê até 20% de sua produção trimestral prejudicada pela crise. Ciente da gravidade, o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, vem preparando mudanças na cadeia de suprimentos do país, a fim de facilitar a produção e aquisição dos componentes eletrônicos. O líder, entretanto, ressaltou que a situação não terá fim em questão de dias ou semanas.
Estabilidade
Enquanto a estabilidade não chega, as montadoras lidam com incertezas: Fontes ouvidas por QUATRO RODAS dão conta que, na fábrica da Fiat em Betim (MG), por exemplo, há competição entre diferentes setores por escassas peças, com os planos agendados para 2021 ocorrendo em “câmera lenta”. Ao mesmo tempo o prazo para um Onix fabricado no Rio Grande do Sul pode chegar a cinco meses, detalhou um funcionário local.
Apesar do horizonte caótico, tanto Honda quanto a Chevrolet prevêem, já para o mês de abril, normalização de suas fábricas.
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