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Chevrolet Ipanema era versão perua do Kadett, mas não teve a mesma sorte

A perua do Kadett tentou surfar no sucesso do irmão mais velho, mas nunca alcançou boas vendas

Por Felipe Bitu
22 jun 2024, 14h00
Chevrolet Ipanema
Design traseiro foi alvo de críticas pelo público (Christian Castanho/Quatro Rodas)

Antes das minivans, as famílias brasileiras viajavam em peruas, versáteis automóveis quase sempre dotados de bagageiro no teto e tampa traseira, chamada às vezes de quinta porta. Ou melhor, terceira porta, pois Fiat Elba, Ford Belina e VW Parati atendiam à idiossincrasia nacional de carros de duas portas.

Foi nesse cenário que surgiu em 1989 a Ipanema, nas versões SL e SL/E. A frente arredondada em cunha do Kadett e os vidros rentes à carroceria eram inovações que mostravam preocupação com a aerodinâmica, deixando de lado a harmonia. O desenho da traseira (um corte abrupto para reduzir o arrasto pela turbulência) destoava do restante e foi muito criticado.

Chevrolet Ipanema
Nem depois das quatro portas a Ipanema emplacou no mercado (Christian Castanho/Quatro Rodas)

 

Se por fora deixava a desejar, o mesmo não acontecia no interior. Aconchegante como no Kadett, o acabamento seguia a tradição GM: plásticos de boa qualidade e estofamento confortável, mesmo na SL.

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De ruim, só o espaço traseiro, pois foi mantido o entre-eixos do Kadett (2,52 metros). O porta-malas comportava bons 424 litros, mas a falta de cobertura deixava a bagagem exposta aos amigos do alheio.

Comparada ao Kadett, seu comportamento era mais equilibrado, graças ao acréscimo de peso na traseira. Mas ainda ficava devendo agilidade quando confrontada com a líder de mercado Parati. O câmbio de relações longas era voltado para baixo consumo e ruído, mas sacrificava as acelerações.

Chevrolet Ipanema
O acabamento interno seguia o bom padrão comum aos modelos da Chevrolet (Christian Castanho/Quatro Rodas)

Se o desempenho não era seu forte, o mesmo não pode ser dito do conforto: direção hidráulica e câmbio automático eram opcionais exclusivos, bem como a regulagem pneumática de altura da suspensão traseira. Para a Ipanema SL/E também estavam disponíveis ar-condicionado, check control, computador de bordo e trio elétrico.

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Um pouco mais de fôlego chegou na linha 1992: enquanto a concorrência perdia desempenho com o uso de catalisadores, a GM apostava numa injeção monoponto simples.

Entre 1992 e 1993, uma SL/E 1.8 EFI a álcool fez parte de nossa frota de Longa Duração. Ela mostrou-se confiável ao longo dos 60 000 km e surpreendeu no desmonte, com desgaste mínimo no motor e cabeçote com vedação perfeita.

Chevrolet Ipanema
A perua herdava o mesmo entre-eixos do Kadett, prejudicando o espaço interno (Christian Castanho/Quatro Rodas)
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A injeção (primeira no mundo a usar etanol) manteve-se em perfeito estado. Mas tinha suas limitações. “As críticas mais frequentes (…) eram relacionadas com a dificuldade de partida a frio (…) e com o alto consumo de álcool”, dizia o texto de novembro de 1993 – a média de todo o teste foi de 8,69 km/l.

Mesmo com qualidades, a Ipanema não vendia bem. Decidida a virar a mesa, em 1993 a Chevrolet lançou (sem sucesso) a versão com quatro portas, vantagem até então exclusiva de Fiat Elba e VW Quantum. Para acabar com as críticas ao desempenho, ela ganhou a opção do motor 2.0 do Monza.

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Chevrolet Ipanema
O porta-malas era grande: 424 litros de bagagem (Christian Castanho/Quatro Rodas)

Em 1994, as versões SL e SL/E eram rebatizadas de GL e GLS e recebiam um tanque maior, de 60 litros. É dessa época a Ipanema GL 1995 do engenheiro André Antônio Dantas.

 

“Por ser um carro que foi da frota de executivos da GM, ela tem detalhes diferenciados, como a padronagem de estofamento da SL/E, ar-condicionado e um relógio analógico no painel que só saiu nos Kadett alemães”, diz André. “Sua manutenção é muito simples, pois não há catalisador, cânister ou sonda lambda.

Chevrolet Ipanema Sol
Ipanema Sol 1993 (Propagandas Antigas/Reprodução)
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A Ipanema ficou no mercado por mais dois anos: em 1996 recebeu apenas alterações cosméticas, com para-choques redesenhados e da cor do veículo, nova grade e logotipo, além de lanternas fumês. O motor recebeu injeção multiponto em 1997, marcando o último e derradeiro ano de fabricação da incompreendida versão perua do Kadett.

Teste – Chevrolet Ipanema SL/E 1.8

JUNHO DE 1991
aceleração de 0 a 100 km/h 13,37 s
velocidade máxima 158,4 km/h
frenagem de 80 km/h a 0 30,8 m
consumo 8,91 km/l (cidade), 13,32 km/l (estrada carregada)
preço (maio de 1991) Cr$ 3,54 milhões
preço atualizado (IGP-M) R$ 148.267

Ficha Técnica – Chevrolet Ipanema GL 2.0 EFI 1995

motor transversal, 4 cilindros em linha, 1.998 cm3, injeção eletrônica monoponto; potência: 116 cv a 5.400 rpm; torque: 18 mkgf a 3.200 rpm
câmbio manual de 5 marchas, tração dianteira
dimensões comprimento, 434 cm; largura, 161 cm; altura, 146 cm; entre-eixos, 252 cm; peso, 1.088 kg
suspensão dianteira: independente, braços transversais e barra estabilizadora; traseira: eixo de torção
freios disco ventilado na frente e tambor atrás
pneus 175/70 R13

 

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